Chácara de Mairiporã

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Estava conversando com minha amiga Neta, e a filha dela Sam sobre o feriado prolongado, comentamos que seria bom uma chácara, porém talvez eu não pudesse ir, pois tinha muitos problemas a resolver nessa semana, no outro dia Sam me mandou mensagem dizendo que uma amiga de Neta indicou a chácara dela para alugarmos, era em Mairiporã, disse que tinha piscina, dois quartos médios, mas que se não coubesse todos não precisávamos dormir no porão pois a sala era grande, eu respondi que tentaria ir.
Já na quarta-feira foram Bel, Neta, seu marido Deley, Ruca, o filho mais novo deles e a namorada Marry. Quando foi de noite me ligaram contando que a chácara era linda, grande, arrumadinha, e a piscina era aquecida, e o resto do pessoal já estava a caminho, tudo para me convencer, eu queria muito ir, mas eram tantos problemas a resolver. Naquela noite eu sonhei com a tal chácara, sonhei que Neta e Sam me ligavam e pediam ajuda, diziam que tinha alguém estranho na chácara, que alguém tinha invadido, e elas precisavam de ajuda, mas tinha que ser alguém de fora, alguém tinha que ir de fora para dentro da chácara para ver quem era a pessoa que estava lá. Acordei assustada, o sonho era um tanto estranho, mas tentei esquece-lo. Durante o dia tudo correu tão bem que eu fiz tudo oque deveria fazer, todos os problemas resolvidos como num passe de magica, eu nem acreditei, cheguei em casa, já disse para meus dois filhos fazerem as malas pois iriamos para lá. Chegamos já era noite, estavam todos reunidos conversando, rindo, e assim que chegamos começaram a desmentir sobre a piscina aquecida, e inventar que a chácara era mal assombrada, eu ri e não acreditei, então eles começaram a me contar que
Assim que chegaram, Marry e Neta foram para dentro arrumar a mesa para comer, Ruca foi ascender a churrasqueira, e Deley, foi para o "trono", para ficar mais sossegado foi num banheiro que havia no porão, tudo corria bem até que Ruca viu um vulto no quintal, alguém correndo para atrás da torre da caixa d'água, Ruca então, sem fazer barulho foi ate atrás da torre olhar, quando chegou la, não tinha ninguém, procurou por todo o quintal a pessoa, ou o vulto tinha sumido, enquanto isso Deley estava la, tranquilo no banheiro pensando na vida, e de repente, o box do banheiro começou a tremer, começou a chacoalhar mesmo, fazendo um barulhão, Deley se levantou correndo com as calças no joelho gritando sua mulher "NETA, NETA", quando chegou, ela diz que Deley estava pálido, os olhos arregalados, ela perguntou oque tinha acontecido e ele explicou tudo.
Eu ainda assim não acreditei, Marry disse que o porão era assombrado, que sentiu um mal estar quando desceu lá, e eu duvidando disse que dormiria no tal porão, fomos para lá ver como era, descendo um lance de escadas tinha uma porta grossa de ferro, que só fechava por fora, havia dois guarda roupas bem velhos, os dois com espelhos manchados, uma janela com grades quebradas e um pequeno banheiro, onde Deley disse que o box balançou sozinho, eu ainda não acreditava mas confesso que senti algo estranho ao entrar ali, olhei em volta, Ruca e minha filha Thamires estavam com os olhos cheios de lagrimas, e meu filho mais velho Gui, disse que não dormiria ali de jeito nenhum, tentei explicar que não tinha nada, mas mesmo assim ele não quis, Sam e os filhos dela dormiram no porão também, a noite foi tranquila.
 No outro dia a tarde fui tomar banho no banheiro do porão mesmo, depois que terminei fui até o quarto de cima procurar um pente, Bel estava tomando banho, abriu a porta e me perguntou "Quem chegou ai?", fiz cara de desentendida e ela repetiu "escutei um neném chorando, quem esta ai?", disse que ninguém tinha chego, que não havia neném chorando, mas ela insistiu "claro que tem" eu repeti que não, ela fechou a porta e eu desci para o porão novamente, pentear os cabelos enfrente daquele espelho velho e manchado, de repente cortando o silêncio, um ruído forte dentro do guarda roupas, como se fossem unhas arranhando, então o espelho começou chacoalhar, fazendo um enorme barulho, corri para as escadas, mas parei, e o espelho também, pensei comigo mesma, "deve ser apenas um bicho, um rato", voltei e abri a porta do guarda-roupas, nada havia lá, tudo vazio, nesse momento eu acreditei, achava que todos estavam inventando uma história, mas depois disso tive certeza de que era real, realmente havia algo ali, subi e contei para todos o ocorrido. Mais tarde na hora da janta, apaguei a luz, sai do porão e quando cheguei na sala as meninas disseram: "vai largar a luz acesa mesmo?!"  e eu respondi "acabei de apagar" mas para minha surpresa quando olhei para trás, a luz estava acesa mesmo, naquele momento pensei comigo mesma que deveria tirar fotos do porão, pois dizem que se tem algo mesmo, acaba saindo em fotos. Quando todos estavam distraídos com o churrasco, rindo e conversando, peguei a camera e fui discretamente tirar fotos, não queria alvoroço porque quando tudo esta calmo as chances de algo aparecer são maiores. Comecei tirar fotos, de todos os cantos, do espelho, janela, fiz filmagens, depois subi e comecei a examinar bem as fotos, e uma foto que tirei do espelho do guarda roupas, vi entre as manchas uma menina, de vestido cumprido, um arrepio me subiu pelo corpo, mostrei para Bel, que disse não estar vendo direito, e outras pessoas perceberam e logo todo mundo queria ver as fotos, então colocamos no notebook, e fomos passando foto por foto, até que aquela foto chegou e todos juntos disseram que estavam vendo a menina, percebemos também que no reflexo havia uma cortina amarela, apesar do quarto não ter cortina, nem nada amarelo, e ao olhar perto vimos outra criança, um menino, bem vestido, como para uma festa ao lado da menina, parecia que estavam posando mesmo para a foto. Descemos e fomos examinar o quarto, os guarda-roupas estavam vazios, exceto por cartas de magia negra que haviam lá, e uma mala que virava maca. Nós os mais velhos decidimos que deveríamos orar para seja la oque tivesse ali, então expulsamos os menores, fechamos a porta de ferro, demos as mãos e começamos a orar juntos, no meio da oração eu que estava de mãos dadas com a Bel, senti alguém segurando nossas mãos e puxando, como se quisesse orar também, olhei mas não tinha ninguém, e Bel me olhou como se tivesse sentido aquilo também, logo em seguida o guarda-roupas tremeu, como havia acontecido antes, mas ninguém pareceu se espantar, terminamos a oração e subimos em silêncio, mas logo escutei uma discussão, Marry reclamava com Ruca que batemos a porta do porão com tudo, que assustou todos, mas quem estava la dentro, não ouviu nada. Chegou o dia de irmos embora e nada mais aconteceu, nunca mais tivemos noticias da chácara, e também ninguém queria mais saber.

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