O mesinha de cabeceira

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Era noite, em um dia qualquer da semana, eu tinha 14 anos na época e uma irmã mais velha de 16 anos chamada Sônia. Ela usava óculos de um grau muito alto, sem eles ela via apenas vultos, e por causa disso tinha uma mesinha de cabeceira ao lado da cama, para ter sempre tudo perto. Nesse dia eu comecei a me perguntar porque só ela tinha uma mesinha de cabeceira? porque eu não podia ter uma também? Decidi então que queria ficar com a mesinha de cabeceira dela. Fui então falar com minha irmã:

- Sônia, você sempre fica com a mesinha de cabeceira, quero que ela fique comigo! 

- Mas Vera você sabe que preciso das coisas perto de mim!

- Não é justo, você é a única que tem uma, e eu quero ter uma também! Quero ela pra mim! 

Fiquei muito brava por minha irmã não querer me emprestar ela nem um pouco, tivemos uma briga muito feia nessa noite, até que minha Mãe chegou e pediu que emprestasse a mesinha de cabeceira apenas por uma noite. Eu então fiquei muito feliz e satisfeita, porém não fazia ideia do que isso me causaria. Peguei todas minhas coisas, arrumei na mesinha de cabeceira, e deixei-a ao lado da minha cama.

Já era tarde e minha Mãe mandou todos irem dormir, como de costume eu apaguei todas as luzes, inclusive a luz do corredor onde tinha uma janela que dava para o meu quarto. E dormimos todos.

De madrugada acordei, sentindo um frio estranho, olhei para a janela e me subiu um arrepio até a nuca, o corredor estava claro, parecia que a luz estava ligada, porém eu me lembrava que havia apagado a luz daquele corredor, eu tinha certeza! Eu apaguei aquela luz! Isso era impossível pois, ninguém tinha o costume de levantar a noite, e mesmo que fosse, o que alguém iria fazer neste corredor? 

Fechei os olhos e esfreguei-os, quando eu olhei novamente para a janela, vi a imagem de uma pessoa, deformada por causa dos vidros ondulados, mas era uma pessoa estranha, não tinha rosto, eu estava quase entrando em pânico quando a pessoa abriu um sorriso malicioso, e então pude ver seus olhos vermelhos, parecia que pegavam fogo. Eu estava prestes a gritar, quando aquilo abriu as asas, duas enormes asas pretas, fiquei sem folego, não conseguia gritar ou sair do lugar, então me cobri toda fechei os olhos e comecei a rezar desesperadamente, o que será que é aquilo? Fiquei por uns dois minutos rezando, mas pareciam uma eternidade, então comecei a ficar mais calma, não podia ter nada ali, devia apenas ser coisa da minha cabeça, decidi então olhar novamente, aos poucos fui tirando a coberta da cabeça, e olhando em direção a janela, estava tudo escuro, como quando fui dormir, devia mesmo ser coisa da minha cabeça, fui olhar as horas em um relógio que deixei em cima da mesinha, porém quando me virei o que via não foi o relógio, foi aquela pessoa, pessoa não, aquele monstro sentado em cima da mesinha, bem ali do meu lado, sorrindo para mim. Gritei, gritei desesperadamente, chamando pela minha Mãe, pelo meu Pai, por qualquer um que pudesse me ajudar. Rapidamente ouvi o barulho da minha porta abrindo, olhei e era minha Mãe, ela entrou desesperada:

- VERA O QUE FOI? 

Me espantei por parecer que ela não tinha visto aquele monstro indescritível, mas quando eu me virei, realmente não havia mais nada no criado mudo, estava apenas com as minhas coisas. 

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