Minha namorada é uma droga

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Minha namorada é uma droga.

Sem metáforas, falo literalmente. Uma droga. E das pesadas, tipo crack ou cocaína. Quem já foi ou é viciado em alguma coisa sabe dos efeitos colaterais da abstinência. Insônia, ansiedade, taquicardia, falta de ar. As drogas supracitadas têm esse efeito colateral, do mesmo modo tem uma pessoa apaixonada; do mesmo modo tenho eu. Por culpa dela.

Dopamina. Esse é o nome da substância ativada no cérebro quando recebemos a recompensa oferecida por nossas drogas: Uma cheirada de coca, um trago de crack, uma injeção de heroína, beijar os lábios dela.

Ou tocar sua pele.

Ou sentir seu cheiro.

Ou simplesmente encarar seus olhos claros.

Vício. A ciência que diz, não eu. Ela é meu vício. E quando não a tenho por muito tempo vêm as crises de abstinência. Meu cérebro querendo dopamina, meu coração querendo matar a saudade. Tá, o coração não tem nada a ver com isso; ele só bate mais forte quando algum neurotransmissor invade a corrente sanguínea: o que acontece quando a encontro, quando a abraço.

É a paixão que ela oferece que desliga meu córtex pré-frontal, onde somos capazes de raciocinar com clareza e criar julgamentos lógicos, o que faz com que eu às vezes vacile, aja como um idiota e tantas outras cositas que são a base de várias "DR"s.
Mas não é só paixão. O amor surge quando a paixão acaba; mas o que parece soar cliché é que essa droga chamada paixão é desintoxicada de toda a dopamina quando os laços ficam mais fortes graças à ocitocina produzida por ela e a vasopressina produzida por mim. Esses ansiolíticos transformam a tempestade que você me traz em uma calmaria comum a todos os casais unidos a longo prazo, quando os corpos preparam-se para constituir família (a mulher produz a ocitocina em grandes quantidades quando amamenta, por isso cria laços tão poderosos com o bebê). Isso explica por que não conversamos mais tantas horas ao telefone ou perdemos parte de todo aquele entusiasmo inicial. Mas isso quer dizer que estamos mais unidos, saudavelmente ligados.

Mas dane-se a calmaria. Paixão vicia; quero estar ligado de maneira pacífica, mas meu ser clama por tempestades de dopamina. E mesmo a abstinência que me faz sentir o cheiro dela quando não está por perto ou algo que faça lembrar-me dela e trazer aquele aperto no coração, vontade de estar perto, às vezes, insuportável. Quero permanecer viciado. Quero me reapaixonar toda vez que a rotina tomar conta. 

Minha namorada é uma droga.

Eu sou meu próprio traficante.


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Quem É Mais Sentimental Que Eu?Where stories live. Discover now