CAPÍTULO 30

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Passam-se horas, que pra mim foi uma eternidade, arrumo meus materiais pra amanhã, vou tomar banho e me deito, com muita dificuldade durmo.

- Fani você vai se atrasar. - meu pai fala já entrando no quarto.

- Já estou pronta. - falo me virando e fitando-o com os olhos.

Me olho no espelho e não vejo nada demais, estou usando um jeans claro e uma blusa vermelha com um decote "V" e uma sapatilha.

- Então vamos?

- Pra onde?

- Pra escola.

- Você vai me levar?

- Sim.

- Não precisa, eu posso ir sozinha.

- Eu faço questão.

- Pai, eu não tenho 9 anos mais.

- Mas...

- Você já quer arrumar briga? - falo o interrompendo.

- Um mês atrás você me deixaria te levar.

- Um mês atrás eu era tola, agora eu cresci. Agora eu preciso ir. - falo já saindo do quarto o deixando com os olhos arregalados. Até eu estou um pouco assustada comigo mesma, como tive coragem de falar isso?

- O que foi isso Fani? - minha mãe fala sentada na mesa do café.

- Nada.

- Você não vai tomar café?

- Não. - falo batendo a porta de entrada.

Nossa eu enfrentando os meus pai, quem diria. Mas eles merecem mais, não explicação me mandar pra outro estado porque eu beijei um garoto, eu já tenho 15 anos! Fico pensando durante todo o percurso até a escola e acabo não tendo conclusão nenhuma.

- Faniiiiiiiii. - sou atacada por trás acho que já sei quem é.

- Manu - falo me virando.

- O que aconteceu?

- O Daniel não te falou?

- Não.

Depois de todos os fatos serem esclarecidos ela fica pasma com a atitude do meu pai, ela consegue ficar mais chocada que eu... Ela deve ter ficado uns 5 minutos paralisada.

- E o beijo, foi bom?

- Eu te conto isso tudo e a única coisa que você prestou atenção foi no beijo?

- Sim, você acha que eu ia ficar nesse estado só por uma viagem?

- Emanuelle não foi uma viagem, eu fui pra lá por causa do beijo.

- E daí, acho que meu pai me mandaria pro Japão.

- Nossa.

- É sério ele pegou meu celular durante um mês só por que eu mandei um emoji com beijo pro meu primo.

- Sério?

- Sim, por isso fiquei sumida do WhatsApp.

- Achei que tinha me abandonado.
- Nunca!

- Sei...

- Fani, você aqui? - me viro e é o Gustavo.

- Oi, Gustavo. Olho pra Manu e ela revira os olhos. - O que está acontecendo aqui? - pergunto curiosa.

- Vamos entrar, Fani?

- Sim, vamos Gus.

- Não, vou com o David. - ele fala apontando pra um menino atrás de si.

- Vamos! - a Manu fala me puxando.

- O que foi aquilo? Vocês terminaram?

- Sim, o cretino me traiu com a Anna Carolina.

- Sério?

- Sim, eu ia brincar com isso?

- Ele não faria isso, faria?

- Sim, eu vi! - fico chocada quando escuto aquilo, ele é tão certinho! Tão inocente, pelo visto as aparências enganam.

- Fani e você e o Daniel?

- Não nos conversamos desde o ocorrido com o meu pai.

- Nossa, ele ficou triste todo o tempo desde quando você sumiu e a única coisa que ele falou foi que você teve que ir pra outro estado mas não me disse qual.

- Entendo, estou morrendo de vontade de vê-lo novamente.

- Imagino.

- Onde será que ele está?

- Não faço a mínima ideia.

- Então vamos pra sala?

- Sim.

Chegando na sala, percebo que nada mudou, mas também eu queria que alguma coisa tivesse mudado em três semanas!

A aula começa e o Daniel não chega, ele falta justo hoje, estava morrendo de vontade de ver aqueles olhos castanho escuro.

O sinal do recreio bate. Vou pro pátio, compro uma coxinha na lanchonete e uma garrafinha de suco, sento com a Manu na mesa de pedra que tem em baixo de uma árvore e começamos a por o papo em dia.

Assim que o sinal bate, ficamos por mais um tempo e subimos pra sala, é tão bom estar em BH, aqui me sinto em casa, fico mais relaxada.

A aula acaba e eu vou direto pra casa, passo o dia inteiro olhando para o meu celular, fico na dúvida, ou medo, não sei os sentimentos que estou passando nesse exatoomento, a única coisa que sei é que eu amo o Daniel, perdi as contas das vezes que escrevi uma letra e depois apaguei de novo. Me toco quando meus pais chegam em casa, como pode ficar esse tempo todo aqui parada olhando pro celular!

- Fani, se arruma que vamos em uma churrascaria hoje. - fala minha mãe da cozinha.

- Ok.

Vou pro banho e fico pensando o tempo todo, como ele deve que sofreu esse tempo que eu estava em São Paulo, ou melhor ainda está sofrendo. E tudo por culpa do meu pai! Termino o banho e coloco um vestido azul escuro todo de renda que valoriza bem o meu corpo, pego um saltinho preto e vou pra sala enquanto minha mãe termina de se arrumar.

Assim que ela sai do quarto, meu queixo "cai". Ela estava deslumbrante, com um vestido longo com um corte até a coxa e um salto enorme branco com pedrinhas brilhantes. O meu pai está como sempre esteve, camisa social, uma calça jeans e um blazer aberto.

- É uma churrascaria ou vocês vão se casar novamente? - não resisto, tive que falar isso.

Todos rimos e vamos pro carro...

- Fani, lá vai tem um provável sócio meu, eu não posso "perdê-lo" então por favor se comporte, tenhobque passar a melhor das impressões.

- Ok. Prometo que não faço a toalha da mesa de guardanapo.

- Ok. - ele fala rindo, provavelmente lembrando de quando ele teve que usar a toalha como guardanapo por motivos de não ter guardanapo e não podia beijar a minha mãe com a boca suja.

- Início de namoro deve ser horrível. - falo assim que todos nós paramos de rir.

- Mas é sério Fani.

- Também estou falando sério.

- Vou confiar em você.

Assim que chegamos, me arrumo e vamos pro hal de entrada, na porta tinha dois homens de terno completo, meu pai fala como ele é ele nos segue até a mesa que tem um homem de cabelos grisalhos de roupa social, poderia até arriscar uma palpite que ele se parecia com o Daniel, olho para o lado... Ai.Meu.Deus.

ERA UMA VEZ MINHA PRIMEIRA VEZOù les histoires vivent. Découvrez maintenant