capítulo 30

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Seus pés doíam pelo caminho que fizera, mas precisava pensar.


Alí, sentado no parapeito daquele edifício ele tinha suas melhores idéias, e melhores reflexões, era um bom lugar, tranquilo e longe de tudo.



Deveria ser louco por se sentir bem no lugar onde queria morrer.


Mas você é louco.


Sua terapeuta disse que isso era normal, que os jovens da sua idade costumavam fantasiar muito com a morte, mas isso não significava que eles queriam morrer.

Michael queria.


Michael quis, por muito tempo, até ele chegar.


Na verdade, ele já estava alí só que Clifford era cego demais pra perceber isso.


Mas agora tudo estava diferente.


Era estranho admitir para si mesmo, essa necessidade de ver o outro e de saber como ele estava, ou de simplesmente ouvir sua voz.


Nunca foi bom com sentimentos e aquilo o assustava, mas de certa forma o fazia bem.


Luke o fazia bem, e aquilo era a coisa mais ridícula que já tivera que admitir a si mesmo.

Como tudo pôde ter mudado, assim tão rápido? O que ele estava sentindo? Era amizade? Era amor?


Isso tudo era ridículo, e confuso.


Michael estava perdido nos próprios sentimentos e aquilo estava o enlouquecendo.


Precisava repôr o pouco de sanidade que tinha, avaliar as hipóteses e no pior resultado admitir que estava apaixonado.


Apaixonado por Luke Hemmings.

É como se fosse seu pior pesadelo.


Não era pra aquilo ter acontecido, não previa aquilo, não estava em seus planos.


'Mas o amor acontece de repente, pode ser com um simples bom dia, ou em uma despedida, de toda forma aquilo o magoaria.


Porque é como uma bebida, um rum, um elixir. Para aqueles que sabem se deliciar a imortalidade é agradável, para aqueles que se viciam o fundo da garrafa é o destino.


Há dois meios possíveis, você pode se deixar levar e sentir que tudo não passou de uma breve experiência, ou pode se embebedar sentindo o frescor e o choque de dois corpos quentes e formidáveis, sentindo assim um dos maiores prazeres já experimentado pelos homens.


Nem tudo no amor é ruim, mas nem tudo é um mar de rosas, você vai encontrar a tempestade, o fundo, você irá se asfixiar, mas talvez você chegue a praia e perceba que é grato pela tempestade e que tudo não passou de uma experiência necessária.


Antes das lágrimas de felicidade vieram as de sofrimento.


A cada dor sentida um sorriso de felicidade será expresso.


O amor é simples.... Simplesmente complicado.'



E alí estava Michael tentando entender esse sistema.

Deveria se entregar?


Deveria desistir?


Aquilo era o certo?

Nunca se preocupara com sua sexualidade, mas será que seus pais se preocupariam?


Deveria se preocupar com isso?


Se de fato o amasse com toda certeza o defenderia, até mesmo de seus pais.


Aquilo não era seu maior problema, poderia lidar depois.

Luke e amor.

Amor e Luke.


Luke.


Amor.


Amor para Luke.


Confuso.


"Você está louco?!"


Luke.


E em uma fração de segundos alí estava ele o abraçando pela cintura, com uma força que desejava se soltar.


"O que você está fazendo aqui, Luke?"


"Eu não vou te soltar, eu sei que você vai pular, eu não quero te perder, Mikey."


Luke Hemmings, ou seria melhor, amor?



Ficara horas alí para decidir algo tão óbvio, estava na sua cara, só precisava abrir os olhos para a realidade.


E Luke o ajudou com isso.


"Eu não vou pular, Luke. Eu vim aqui para pensar"


"Você vem pensar no parapeito de um edifício, você é louco? Posso saber sobre o que você veio pensar aqui?"


"Sobre algo que eu deveria ter feito a muito tempo com você."



"Tipo o quê? Me matar?"



"Não, tipo isso."



E Michael o beijou, como deveria ter feito a muito tempo.


Alí no alto daquele prédio com Luke em seus braços e sentindo o doce beijo ele teve certeza de que o amava.


E a história se repetia, o fogo e a pólvora nasceram para viverem unidos e nada poderia separá-los, nem mesmo a morte.

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Um capítulo narrativo pra alegrar vocês. :)

M.

Catastrophe - {muke}Where stories live. Discover now