capítulo 35

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Tic.



Tac.



Tic.




Estava suando e isso provocava uma seção de barulhos estranhos no sofá de couro que estava sentado.



Já fazia algum tempo que estava alí esperando o tempo passar.



Tac. Tic. Tac. Tic.




Minuto a minuto, girando e girando, sem parar.




"Então Michael, fiquei contente em ver que você fez o que combinamos"



Tac.



Tic.



Gira, gira.




"Bom saber que você se comprometeu mesmo com o tratamento, escrevendo no seu diário. Isso me..."




"Agenda, é uma agenda"



Tac.




"Ok, agenda. Então, será que poderemos falar sobre a sua agenda?"



Anotações e mais anotações.




Dados.



Tic.



Estudo clínico.



Tac.




"É, tanto faz"



Tic.



Tac.

Gira, gira.

Segundos, minutos.

"Como se sente, Michael?"

E o tempo para.

O ponteiro interrompe a volta, os pássaros param de migrar, o sol não se põe, a caneta da psiquiatra para de rabiscar.

E sua atenção muda, os pássaros do lado de fora da janela já não interessam mais, o relógio perde sua graça, e a sua mente se foca na resposta.

Tic.

Tac.

"Como se estivesse preso"

"Preso? Eles ainda te acorrentam?"

Tic.

Gira, gira.

Voa.

Tac.

"Eu não quis dizer do jeito literal"

"Me perdoe. Mas porque ou melhor, por quem se sente assim?"

Tic.

Tac.

"A ele, eu sempre serei preso a ele"

"Michael, nós já falamos sobre isso"

Tic.

Tac.

Livre.

Solto.

Tic.

Catastrophe - {muke}Onde histórias criam vida. Descubra agora