não confie em ninguém além de você mesmo

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Campo XVI; Quinta-feira (onze anos antes); 13h36.

-Se você não deixar o espirro sair, sua cabeça vai acabar explodindo. -Milika repreendeu a filha pela milésima vez desde que chegaram do hospital, dando um leve tapa na nuca da menina.

-Eu tô bem assim. -Dinah respondeu fanha, apertando o nariz com força para inibir todos os espirros que teimavam em vir.

-Você ouviu a doutora, se você ficar prendendo, as veias da sua cabeça podem explodir e você pode acabar morrendo por causa de um espirrinho frouxo aí que você não quis soltar.

-Já falei que eu tô legal. -A garotinha respondeu, sentindo o peito inflar no mesmo instante com a vinda de mais um espirro, então ela apertou o nariz e sentiu o corpo dar aquele solavanco, soltando um grunhido exausto logo em seguida.

-Estou vendo, tá ótima. -A mulher debochou num revirar de olhos, passando a toalhinha para a filha que assentiu em gratidão.

Dinah assoou o nariz de forma tão violenta que a mulher fez cara de nojo, observando a menina limpar toda a coriza que ainda escorria.

-Que nojo, Dinah! Aí tem meleca o suficiente pra fazer outra de você... -Milika fez careta e a menina arregalou os olhos, porém ao perceber sua reação brusca, tratou de forçar um sorriso sem graça.- Se você soltasse o espirro...

-Não ia ter tanta meleca. -Dinah completou a frase da mãe num revirar de olhos.- Tá, eu já entendi, eu sei o que eu estou fazendo.
Milika soltou uma alta risada e encarou a menina com deboche.

-Claro que sabe, afinal de contas, todas as crianças de sete anos sabem absolutamente tudo o que estão fazendo, não é mesmo?

-Debochada. -Dinah murmurou num ranger de dentes e a mãe bagunçou-lhe os cabelos numa risada.

-Vai lá pegar um copo de água pra mamãe, atchim. -Milika pediu num bico e a garota deu-lhe um leve empurrão antes de se levantar do sofá.- Mas lava a mão primeiro, viu? Não quero nada melequento!

Dinah soltou um grunhido mal criado e fanho, arrastando os pés até a cozinha com a toalhinha de meleca apoiada em seu ombro para possíveis transtornos. A garotinha abriu a torneira da pia para lavar as mãos, ainda resmungando por ter de fazer tudo para a sua mãe mesmo estando doente, atê que aquela coceira aguda no nariz começou e ela arregalou os olhos.

A garota esfregou as mãos na água corrente para enxaguá-las, correndo atrás do pano de prato para se secar, mas o espirro saiu antes que ela pudesse contê-lo, ecoando pelo ambiente como se mais de uma pessoa tivesse espirrado ao mesmo tempo que ela.

Dinah fechou os olhos com força e acabou por choramingar antes de ter coragem de abrí-los novamente.

Bem na sua frente, com o semblante tão confuso e amedrontado quanto seu, estavam dois clones seus, a encarando como se não tivessem ideia do que deviam fazer.

De novo não.

Ela só podia estar ficando louca.

Dinah esticou os dois braços para tocá-las e rangeu os dentes ao perceber que elas eram tão reais quanto da última vez.

-Oi. -Um dos clones murmurou timidamente e a garota teve de tapar a própria boca para que não soltasse um grito, saindo correndo pela cozinha até tropeçar no pé da mesa de jantar e se estabacar no chão.

Quando levantou, outra clone estava na sua frente. Agora eram três.

-Dinah, tá tudo bem aí? -Sua mãe gritou e a garota crispou os olhos para cada uma das três clones, como numa ordem para que ficassem quietas.

As Galáxias de UranoWhere stories live. Discover now