Deconstructing Harry - Woody Allen Sendo Woody Allen

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Dizem que na arte, nada se cria, tudo se copia, e este conceito é uma verdade imperativa. Afinal, não podemos negar que Caden Cotard de "Synecdoche, New York" é basicamente Woody Allen sendo interpretado por Phillip Seymour Hoffman (não me julgue, "Synecdoche" é o meu quarto filme favorito, é normal gostar de algo e ver falhas no mesmo), e assim, Woody Allen copiou de Woody Allen, que por sua vez copiou da French New Wave, que copiou de "Citzen Kane" na temática meta-linguística, que copiou de John Ford, que copiou dos Irmãos Lumiére (tente dizer o nome cinco vezes bem rápido) por fazer filmes, que copiaram de novelistas, que copiaram de artistas renascentistas, que copiaram de artistas romanos, que copiaram dos Gregos, que copiaram os lindos homens palitos dos infalíveis artistas pré-históricos, em suas obras de arte que falavam sobre a ascensão comunista no século XX e a conspiração de que Obama é um reptiliano.... Acho que me perdi em algum lugar... E é neste mundo insano, onde a ciência, comédia, filosofia e arte se vem como um, que se encontra a tese de uma hora e meia escrita, dirigida, estrelando e baseada na vida de: Woody Allen, conhecida pelos Homo Sapiens Sapiens como "Deconstructing Harry" e pelas Vicgunas Pacos  como "....". Em uma pequena observação, sei que não são todos os filmes em que Allen usa a mesma fórmula e "tropes", e os que os seguem, nunca me parecem preguiçosos, sempre aparentam ter um ar genuíno sobre eles. Mas, aprecio pesadamente quando ele decide ser mais versátil como em "Blue Jasmine", mas não podemos negar que esta persona é extremamente cativante, e vemos este já conhecido personagem ([insira algo que Woody Allen foi ou aspirou  ser] cômico, neurótico, ateu, com problemas emocionais e sexuais), passear pelos pensamentos e ideias  deste cultuado diretor, e sintetiza-los em um filme, melhor que homens palitos e presidentes reptilianos. Apesar deste personagem lembrar muito um alien, ainda mais nas circunstâncias surreais em que se encontra, afinal, se eu fosse um escritos de meia-idade chamado Harry Block, preso num filme de Woody Allen, não seria nada menos que um pesadelo, mas ainda sim, nestas circunstâncias, conseguesse passar um sentimento tão honesto que é difícil de por em palavras. E como falamos muito de aliens, não é uma surpresa que nosso personagem principal se sinta "alien"ado (até por que foi dirigido por Woddy "Alien"( sim, já fiz o teste e sim, fui rejeitado pela "Praça É Nossa")), mas não que isso tudo seja fora de sua culpa, afinal, Harry fez sucesso com seus vários livros por expor os podres das pessoas próximas a ele, se vendo sozinho quando necessita de ir a uma homenagem na sua antiga universidade. E é ai que a magia de Woody Allen começa à aparecer, pois, esta premissa nas mãos de outro diretor, poderia ser uma mensagem mau-feita sobre a importância das relações sociais e tudo mais, mas neste caso, vemos o mundo pelas lentes distorcidas de Harry Block, enquanto ele mistura realidade com ficção, e, ao mesmo tempo, sofre de bloqueio criativo, algo desconhecido para o personagem.

Tudo isto culmina em um "framing device", onde, temos a história principal de Harry procurando alguém para ir em sua homenagem, mas isto é misturado com esquetes sobre seus livros, a parte genial é que, ao mesmo tempo, estas contam o passado do personagem e mostram suas visões de mundo e relações com outros personagens, tudo enquanto rimos da estranheza destes contos e situações. Pois, a comédia, que é Woody Allenesca, não está ali apenas para te fazer rir, mas para servir à história principal do filme e desconstruir uma psique deveras interessante, mostrando as dores e tragédias que vêm com o fardo de sermos seres humanos, com limitações, deveres e nossa velha inerente estupidez e egoismo, que é a razão que somos tão espetaculares. E é pelo humor, as vezes crude e as vezes inteligente, que vemos as nossas falhas, nossas perversões, o bom e o mal de quem somos. Mas uma ideia muito bem exemplificada pelo filme, é o conceito de nosso "mundinho" e no geral, como podemos nos perder em nós mesmos. Podemos facilmente viver uma vida infeliz nos lamentando por nossas falhas e limitações, pensando em quem fomos, quem somos e quem seremos, no fim, tudo que perdemos, presos por nossa própria perspectiva. E pode ser nela, que falhamos a ver o cômico em tudo isso, a ver que passamos por milhões de anos de evolução para chegar a viver uma vida incerta de quem somos, sendo personagens em uma história sem começo, fim, ou meio, falhando a ver a ironia e comédia em tudo isso. Por mais que essas sejam discussões que valham a pena ser tidas, "Deconstructing Harry" as mostra em uma maneira em que possa deixar os mais assíduos estudantes um pouco insatisfeitos, pois se é uma lição que Woody Allen precisa aprender, é de sutileza. Parece que ele não confia na nossa habilidade de interpretar as coisas que aparecem e sente a necessidade de explica-las para nós. Um exemplo que, qualquer membro da audiência sem câncer cerebral ira notar, é a estranha forma em que o filme foi editado,onde os cortes aparecem em momentos inoportunos e estranhos, este elemento que, se deixado a nós para interpretar, seria algo extremamente interessante, no final é literalmente explicado palavra por palavra para ti, o que é profundamente frustrante. Pois todos sabemos que ele é mais inteligente que isso, será que Allen simplesmente assume que não somos inteligentes o suficiente para compreender o gênio por trás de sua direção? Que, diga-se de passagem, não foi das mais geniais para este não, entendo a razão por trás (até por Allen explicou no filme), mas poderia ter sido implementada com uma utilização melhor da cinematografia, deixando a câmera estática daria um efeito muito mais natural e agradável de se ver do que vê-la se mover vários centímetros para lá e para cá, o que me fez sentir falta da inspiração que a cinematografia parecia ter em "Annie Hall". Pois, a deste filme não foi muito especial, os ângulos eram básicos e não-inspirados, com poucas excessões onde o design de produção encheu-me os olhos com sua criatividade. Não me daria por surpreso se Woody Allen estivesse profundamente envolvido no design de certas cenas, que por si só criam piadas sem nenhuma palavra. Na verdade, não me surpreenderia se Allen esteve envolvido na maquiagem, pois como é sua marca, ele faz a maior parte em seus filmes, sendo até ator principal neste. Tudo isso, ainda não o faz roubar a cena dos outros atores, que fazem um ótimo trabalho sendo quem são, nenhum ganharia um Palme D'or ou nada, mas servem perfeitamente seus papéis, mostram ter um ótimo "timing" e tanto uma veia cômica como dramática, servindo perfeitamente seus papéis. E Woody Allen? Ele era Woody Allen. 

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⏰ Last updated: Apr 07, 2016 ⏰

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