2 - Seu olhar é inevitável

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Sim. Era o quarto dele.... Era ele....

Eu sabia que a casa dele era ao lado da minha, mas nossos quartos um de frente para o outro? Isso era palhaçada do universo ou algo assim?

Decidi fechar a janela logo, afinal ele estava deitado em sua cama e nem tinha me notado ali, então acho que é melhor eu me livrar de uma suposta futura vergonha.

Bom, mas é claro que os deuses lá de cima não deixariam com que eu me livrasse tão rápido disso, pois foi no exato momento que minha mão se preparou para fechar a cortina que ele se levantou de sua cama e olhou em direção a janela. Rapidamente fechei minha cortina como um flash, não queria que ele me visse. Nem sei, e nem quero saber se ele conseguiu ver que era eu. Bom, espero que não.

Passei talvez duas horas tentando pelo menos organizar as roupas no armário e tirar as coisas do chão, o máximo possível.

Depois disso deitei na cama e simplesmente cai no sono.


Sentia meu corpo ainda deitado, mas por mais que tentasse era difícil abrir os olhos. Um barulho chamou minha atenção e logo a sensação de alguém tocando minha mão fez com que meus pelos se arrepiassem e um frio subisse minha espinha. A ponta de seus dedos sobre minha pele deixava o lugar quente ao toque.

- Eu estou aqui Sophie, como prometi. Eu sempre vou estar. - Era uma voz grave, apesar de estar falando leve como um sussurro e distante como em um sonho.

Com muito esforço consegui abrir os olhos e pude ver outro par de olhos me analisando. Eram aqueles olhos. Os olhos que juro que já os vi antes, era aquele mesmo olhar intenso, sincero e simplesmente imperdível. Mas tudo que eu conseguia ver era seu olhar percorrendo todo meu rosto com afeição e cuidado, não conseguia ver o rosto da pessoa. Mas no fundo era como se eu soubesse quem era...

- Os olhos são um dos meios de ver as almas das pessoas sabia disso?

E antes mesmo de parar para pensar em uma resposta eu me ouvi dizendo:

- Bom, então sua alma é inevitável e simplesmente imperdível. - Era tão estranho, como se eu já o conhecesse, e também não me importava com quem era. Essa pessoa fazia eu me sentir bem e confiante. Como se eu pudesse dizer o quisesse mesmo sem saber quem era. Então essa foi a minha resposta a mais sincera que eu podia lhe oferecer.

Mesmo só conseguindo ver seu olhar, sabia que ele havia sorrido com essa resposta. Eu sentia isso, sentia, apenas com o toque da sua mão que ainda estava sobre a minha. Sentia, pois, seus olhos também sorriam.

Meu olhar de repente se desviou dos seus olhos querendo alcançar a visão de sua mão, e assim, pude ver quem era...


Isso era se quer possível? Abri os olhos assustada procurando ver se estava em alguma outra realidade ou ainda aqui na terra. Mas sim, eu ainda estava deitada na minha cama, no meio da madrugada sem certeza alguma do que havia acontecido. Eu nem sequer tinha certeza a quem pertenciam aqueles olhos, aquela mão que me tocavam, mas ao mesmo tempo sentia como se soubesse quem era e como se já o conhecia.

Qual é o meu problema?

Mas só porque está acontecendo na sua cabeça quer dizer que não é verdade? O universo sussurrou em minha mente.

- Foi um sonho, idiota. – Falei em voz alta para que a voz do universo na minha cabeça me deixasse em paz.

Olhei para o celular ao lado do travesseiro e logo seria de manhã e eu teria que me arrumar e ir até minha nova faculdade entregar alguns documentos de transferência. Enrolei na cama até o horário adequado e até ouvir os passos de meus pais pelos corredores denunciando que haviam acordado.

Tomei banho após me levantar, peguei uma blusa e deixei meu cabelo solto, escorrendo pelos meus ombros.

Desci as escadas e vi meu pai saindo apressado da cozinha em caminho a porta.

Abri a boca com o intuído de me pronunciar a ele, visto que ele disse que iria até a faculdade comigo, mas ele saiu rapidamente pela porta.

- Bom dia filha, dormiu bem no seu novo quarto? – Virei o rosto e vi minha mãe na cozinha preparando seu café.

- Bom dia – Respondi - Dormi sim mãe. - É claro tirando aquele sonho que não parava de passar na minha cabeça como um flashback. Mas é claro, eu não ia dizer isso para minha mãe. E também não podia ficar dizendo a mim mesma, era só esquecer, simples.

- Que bom. Ah, Sophie, seu pai teve que sair logo cedo e não pode ir junto com você – Começou a dizer – E bom, nem eu, sabe, é nosso primeiro dia de trabalho. Então, tudo bem você ir sozinha até lá? – Perguntou – Afinal, é só entregar alguns documentos. - Ela me olhou como se dissesse "sinto muito" com os olhos" - então... tudo bem?

- Claro mãe, no problems. - Sorri sem dentes, porém sincero.

- Ok. - Ela também sorriu. Era incrível como quando meu pai saía do ambiente ela se tornava automaticamente mais leve - Então eu já vou saindo. Nós voltamos de noite. Se cuida filha, toma cuidado.

- Pode deixar – Respondi sem animo – Tchau, te amo

- Também de amo.

Dizendo isso ela saiu pela porta e se foi. Só ouvi o barulho do carro saindo da garagem.

Após comer algumas torradas arrumei meus documentos e sai de casa trancando a porta.

A rua não estava muito movimentada e o dia estava consideravelmente agradável, o clima se encontrava equilibrado.

Saí de casa olhando para o aplicativo do celular que me diria como pegar um trem que me fizesse chegar na faculdade sem me perder pela cidade e acabar parando do outro lado do mundo.

Quando cheguei ao meu destino foi tudo bem rápido, entreguei as coisas, observei a moça da secretaria arrumar os documentos e esperei até que ela dissesse "tudo em ordem", e finalmente pude retornar pelo mesmo caminho que fiz, olhando ainda no celular porque era óbvio que eu não lembraria de cabeça.

Assim que me aproximei da rua casa já pude ver várias crianças brincando na rua, e algumas pessoas caminhando, finalmente fazendo com que o bairro perdesse aquele espírito mórbido.

E lá estava ele, sentado naquele mesmo lugar onde o vi ontem. Percebi no mesmo instante que ele me encarava, mas dessa vez não de um modo estranho e desagradável como ontem. Apenas me olhava como alguém normal olharia para outra pessoa.

E antes mesmo de dizer que finalmente não estava sentindo aquela sensação extremamente estranha de novo, meu sangue começou a borbulhar dentro de mim e eu podia jurar que meu corpo entraria em combustão simplesmente por tê-lo me olhando tão intensamente, mas ao mesmo tempo tão vagamente.

They Don't Know About Us ( Zayn Malik Fanfic )Where stories live. Discover now