PROJETO I.N - DESPERTAR

Capítulo 18 (Revisado)

– Não sei o que ele disse sobre eu e as cobaias infectadas, mas peço que não confie em Robert.

– Por quê? Vocês não eram amigos? E, me desculpe Edmund, mas por mais que eu não goste dele, ele salvou meus amigos.

– Amigos?

– Sim, amigos! E só não os salvou antes, porque ficou preso no exterior de Paraíso para tentar te salvar dos Acordadores. Por que se não, não teria deixado o L.V trancado, sozinho, pedindo ajuda.

– L.V? – sorriu Edmund sofridamente – Entendi tudo agora. Foi isso que ele contou para vocês? Sinto lhe dizer, mas ele mentiu.

– Mas... o que...

– Robert é assim... Existe apenas um lado da moeda para ele. Nunca se preocupou com os demais. Antigamente éramos sim amigos, mas, depois que ele tentou me matar... – pensou por um instante – O fato foi que, logo quando acordei, vi que lembrava vagamente deste lugar, com algumas modificações, claro. Estive no Ponto-X num total de três ou quatro vezes. Porém Robert, marujo de primeira viagem, nem notara a diferença. Já tocando neste assunto, assim que chegamos não nos conhecemos. Nada de nosso passado. Nada de nossas brigas. Queria poder ter mais tempo para contar a história toda, mas, infelizmente, minha vida está... – ofegou – Vendo-nos agora, você não acreditará, mas, aqui dentro, nos tornamos amigos novamente. Uma nova vida.

Depois de algum tempo dentro do Ponto-X, minha memória começou a voltar, no momento em que surgira o barracão com as câmaras de criogenia e umas construções simples. Só pude imaginar que falhas haviam ocorrido e o quanto os cálculos do dr. Kepler estavam errados. Adentrei o barracão enquanto Robert vasculhava o restante do recinto. Foi lá que encontrei os seis projetos. Todos hibernados. Resolvi despertá-los. Sabia que seriam úteis. Foi então que Robert entrou no barracão. A princípio, imaginei que ele ficaria desesperado, que imaginaria que fossem mais cobaias do sono eterno, mas não. Para o meu azar, percebi tarde demais o plano dele. Por algum motivo sua memória não fora apagada. Além de lembrar tudo do nosso passado e fingir desde o início, o desgraçado sabia todos os procedimentos do Ponto-X, em especial, seu erro de sistema. As cobaias que o dr. Kepler analisava e testava, também existiam no Ponto-X, porém evoluídas. Uma terra hostil.

Brigamos, lutamos, mas ele estava diferente. Muito diferente por sinal. Fui vencido. Ferido. Sem se importar, Robert foi até o portão do Ponto-X e o abriu, liberando aquelas criaturas demoníacas. "Será seu fim!" Ele gritava. Mesmo exausto, ainda consegui vencer algumas cobaias infectadas. Mas eram tantas. Não teve jeito. Corri para além do portão. Robert gargalhou e esbravejou : "Todos vão morrer!" Infelizmente eu nada pude fazer.

Com o término da história, I.N ficou sem palavras. Surpreso. Sentou-se próximo ao companheiro com todo cuidado segurando sua cabeça. À hora dele estava chegando. Seu fim estava próximo. Em contrapartida, não acreditava no que ouvira. Todo esse tempo e eles estavam sendo enganados.

– Mas... por que você nunca mais retornou? O portão se abre a cada sete dias, você poderia ter voltado. – E outra, existe uma porta próxima daqui, você sabe para qual propósito? – Arriscou I.N.

–Eu bem... – ofegou novamente – que tentei realizar essas duas façanhas.Primeiramente, Robert mudou a combinação do portão me deixando preso aqui fora e, em segundo, toda vez que o portão abria, eu sabia que ele estava vindo atrás da saída. Sim, a porta que você comentou é realmente a saída. Antigamente era apenas uma fenda brilhante, uma passagem livre. Ida e volta. O fim do Projeto Tempo.Era só atravessá-la que estávamos fora. Porém, depois que o barracão, vocês... –tentou movimentar os braços. Arqueou pela dor – Apareceram... é... não sei por quais motivos surgira àquela porta, apenas sei que impediu a minha fuga. Falando nela, encontrei Robert certa vez preenchendo-a com alguns números. Ele deve estar à procura da combinação para sair daqui. De alguma forma, ele também está preso. Ouça-me,preciso conta-lhe algo. – Com a voz fraca, Edmund ofegava precipitadamente entre uma frase e outra.