Capítulo 18- TRANSIÇÃO.

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playlist:
🎶 Heroes- Alesso;
🎶 Playing God- Paramore;
🎶 Runnin- Beyoncé.

O Lucas foi embora, então eu quis colocar algumas coisas na mala dele para que fossem levadas, uma delas era essa dependência que eu sentia em relação ao ele.
***

Eu estava sentado na pracinha do campus quando o Willan apareceu:

- Oi, Arthur.
- Ei, Willan.
- Quer um pedaço de crepe?
- Obrigado, não gosto da massa de crepe. Senta aí.
- Sabe aquele cara que eu te falei da Ciências Sociais?- Ele disse cruzando as pernas.
- O que eu jurei não acreditar que é gay?
- O próprio!
- Sim, o que tem ele?
- Peguei.
- Ah, não, mentira.
- Sério. Aqui mesmo, por isso demorei a chegar no ônibus depois da aula.
- Ele é muito hétero.
- Arthur, você já ficou com alguém?- Ele já sabia de tudo, não tinha como eu dizer: "Ei, não sou gay!" É aquela história de que todo gay reconhece outro. O engraçado é que eu não, eu não reconhecia.- Ficou?
- É... - Fiz que não com a cabeça.
- Não? Mas, assim, você tem interesse ou ainda está naquele fase de não se aceitar?

Estou? Será que eu ainda não consegui me aceitar? Mas em uma noite sonhei que beijava uma cara e... Gostei, gostei daquilo. Depois fui pesquisar na internet o que significava sonhar beijando uma pessoa do mesmo sexo, uma matéria dizia que poderia ser o sonho de alguém que já se aceitou totalmente, mas eu não tinha tanta certeza daquilo.

- Eu penso, Willan... Assim, o garoto que eu imagino é bonito, não vou negar, usa óculos, gosta de séries, de livros, tem um bom papo... É fofo.
- Um nerd, né?
- Basicamente isso, ah, e ainda por cima deve entender de tecnologia e saber uns sites legais de downloads pra baixar minhas séries.

O Willan riu.

- O que foi?
- Nada, Arthur, só acho que é muita exigência. Tem que ser exatamente assim?
- É o que eu sonho.

Quando cheguei no trabalho à tarde encontrei a Alice em seu computador:

- Boa tarde, Alice.
- Oi, Arthur. - Ela ficou clicando diversas vezes o botão esquerdo do mouse como se o pc estivesse travado.- É, quando a Lívia chegar eu quero preciso conversar com vocês.
- Conversar?
- Não tenho boas notícias, infelizmente.

O que poderia ser? Eu poderia dar um palpite, mas ia esperar que a Susie chegasse para que aquela dúvida fosse esclarecida:

- Susie e Arthur- Nós estávamos sentados bem na frente dela.- O que eu vou dizer aqui não é muito legal e foi uma decisão que chegou depois de meses de análise.
- Eita, com certeza não é coisa boa.
- Não, Susie, não é. - A Alice deixou bem claro.
- Vai, Alice, tira a gente dessa aflição.
- Nós vamos fechar.
- An? Fechar? - A Susie parecia não acreditar.
- De vez? Por que? Quando?
- É gente, não está dando muito certo, uma empresa visa o quê? Lucro, não é? Então, é justamente isso que não estamos tendo, alguns alunos não estão pagando as mensalidades, é isso.
- Nossa.
- E, Arthur- A Alice continuou- Só vai precisar você vir essa semana, a Susie fica até o fim do mês para fechar as contas que estão na planilha.

Quando era Sexta-feira batia sempre aquela felicidade do fim de semana, mas não daquela vez, me despedi normalmente, mesmo sabendo que não voltaria na Segunda, deu uma aflição deixar o emprego, querendo ou não aquilo passa a fazer parte da nossa vida, enquanto eu descia as escadas pensava em como, naquele momento, eu gostaria que que a Alice fosse uma chefe chata só pra eu comemorar por estar livre dela, mas não, ela era muito legal e um dia falou que gostava de mim e da Susie quase como amava seus irmãos, isso é bom; se sentir especial. Fiz o mesmo trajeto do trabalho pra casa dos últimos meses, só passei por algo parecido no fim do ensino médio, quando fiquei me perguntando: O que eu faço agora? Eu não gostaria de me sentir inútil outra vez, quando meu alarme tocar na Segunda poderei ativar a função soneca para mais duas horas.

Se aceita, vaiOnde histórias criam vida. Descubra agora