Capítulo 2 - Ódio.

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•Narrado por Hinna•

Meus pais agiam de maneira estranha, a tarde toda na verdade me parecia estranha.
Me arrumei para deitar, peguei meu celular e respondi as várias mensagens de Ester falando do novo caso de sua mãe (o que me era comum demais). Fui pegando no sono, coloquei o no carregador e me deitei, olhando pela fresta da janela, a luz da lua me era cativante, e eu precisava olhar para ela antes de adormecer satisfeita.
Me levantei devagar, qualquer barulho me denunciaria à minha mãe, que repudiava o ato de sair da cama depois da meia noite.
Abri a janela que fez um barulho baixo como se quisesse um pouco de óleo para amaciar seus parafusos envelhecidos. Que raiva e que susto, eu podia ser pega no flagra.
Assim que me sentei na janela para observar a tremenda noite de lua cheia, era como se uma paz reinasse sobre meu coração. E por um breve momento parecia ser algo único, como se dali pra frente eu tivesse que enfrentar algo bem ruim.

Olhei para baixo suavemente no intuito de observar como ia o movimento da rua, e meio que me deparei com uma sombra do outro lado.
Ela me encarava de capuz, e eu não sabia ao certo como agir. Não senti medo, aliás, eu nunca tive medo de nada.
Um pequeno momento de olhar fixo, sua mão branca um pouco amostra acenou gentilmente para mim, eu interpretei como sendo alguém sonâmbulo. Acenando lentamente eu retribui o comprimento, me voltei para dentro e encostei a janela, deitei em minha cama pronta para dormir e nem vi quando o fiz.

"Estava frio eu estava só, um homem gentil de capuz me acompanhava por uma floresta não muito assombrosa. Ele não tinha um rosto, e nem um coração. Ele estava triste, cheio de ódio também, dizia por telepatia que o homem não era digno da vida, pois ela era uma virtude."

Acordei um pouco aflita, o suor que descia sobre meu rosto era resultado do clima quente de verão.
Tomei um banho e desci, a casa estava silenciosa. Observei um bilhete do papai em cima da mesa junto com a caixa de cereal.

"Fomos ao enterro de Karyna, não sabemos quando terminará. Compre o que precisar com o dinheiro do armário. Amor, Papai !"

Sempre ligeiramente atencioso. Eu me perguntava quem seria Karyna, e me assustou pensar que poderia ser a moça linda que se casaria brevemente. Esperaria por eles para fazer qualquer afirmação.

Comi serial com leite, era apenas um café da manhã, não que eu precisasse caprichar. Peguei um pouco do dinheiro para quando eu fosse sair.
Subi ao meu quarto a fim de prender o longo cabelo ruivo que eu nunca havia cortado, e passar um pó no rosto para tapar as sardas que eu tanto desprezava.

•Narrado por Nicolas•

O enterro foi muito difícil, Megan estava arrasada e eu mal podia olhar o quão escandaloso o noivo da moça estava. Era triste, quanto mais pás de terra o coveiro jogava, mais apertava o coração de quem estava lá.
Sai um pouco do ambiente mórbido pensei em ver as lápides que estavam por lá. Acabei encontrando a lápide da Júlia.

"Aqui Jas, uma filha, neta e amiga amada".

Observei com ódio, me curvei e peguei a única flor que presenteava a lapide da garota. A maldita rosa clichê do cara mais insano do mundo.

Olhei ao meu redor, era como se eu pudesse sentir a presença dele aplaudindo tanta crueldade.

Eu era contra tudo que fosse à favor de tirar uma vida, mas a vida dele eu não pensaria duas vezes ao tirar com minhas próprias mãos.

Amassei a rosa com gosto e atirei no meio da estrada de terra, se ele estivesse vendo, ele saberia que desta vez, ele não chegaria nem perto do que é meu. A minha família !

•Narrado por Megan•

Sofrendo as margens da dor, O marido de Karyna estava inconsolável. Assim que terminaram de preencher seu túmulo, achei que estava mais que na hora de partir.
Prestei as minhas condolências, era o mínimo que eu podia fazer no momento. Entramos no carro e nem quis muita conversa. Nicolas entendia, ele era a melhor escolha que eu já havia feito na minha vida.

Assim que estávamos deixando o cemitério, eu vi alguém perfeitamente, Capuz preto assim como toda a ausência de cor no resto da vestimenta. Ele sorriu freneticamente. E uma lágrima desceu no mesmo momento em meu rosto, eu quis surtar ali mesmo, mas meu corpo paralisado não me deu a opção.

Se eu pudesse teria saído do carro e teria pego qualquer coisa que eu encontrasse para martelar em seu maldito crânio, era em tudo que eu conseguia pensar, era John quem me parecia ser.
Nicolas devia estar imaginando que meu silêncio fosse apenas por minha perca, e eu pretendia manter assim, como se nada tivesse acontecido ...

PSICOPATA NAS SOMBRASWhere stories live. Discover now