MOTOQUEIRO MISTERIOSO

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- Nossa, e depois diz que não é fã de super-heróis - Não sou fã desse gênero, mas amo cinema.
- Sério? Eu também!
- Minha paixão pelo cinema começou com o Johnny Depp. Aquele cara é demais. Os filmes
dele são demais. Tudo nele é ... demais.
- Calma, não precisa babar. Então você curte um coroa, é?
- Como assim? Tá louco da cabeça?
- O Johnny Depp tem mais de 50 anos.
- Ele não pode ter 50 anos.
- Tanto pode como tem. Você é boa de matemática?
- Ahã.
- Johnny Depp tinha 21 anos quando atuou no filme A Hora do Pesadelo, a estreia do grande
Freddy Kruegger. Este filme é de 1984. Faça as contas.
- O meu Johnny não atuou em filmes do Freddy Kruegger. Você está viajando, rapaz.
- Que raio de fã é você? Sim, ele atuou no primeiro e no sexto filme. Manjo tudo de filmes de
terror dos anos 80.
- OK então, se você diz. Cinquentão ou não, eu pegava. Adoro Eduardo Mãos de Tesoura, Don
Juan DeMarco, Chocolate e A Lenda do ...
- Cavaleiro sem Cabeça - completaram juntos.
Silêncio. Ane ficou inquieta novamente, ela olhava para a estrada como quem olha para uma
tela de cinema num filme de suspense. Parecia estar esperando que algo de ruim acontecesse.
- Você está passando mal? - perguntou Kadu, um pouco assustado. - Quer que eu pare o
carro?
- Não!!! - ela gritou. - Pelo amor de Deus, não pare este carro por nada neste mundo.
- Calma, eu prometo que aquele motoqueiro filho da mãe não irá lhe incomodar dessa vez. É
um covarde desgraçado, só foi atrás de você porque viu que estava sozinha no carro.
As palavras de Kadu não surtiram o menor efeito. Ela estava uma pilha de nervos.
- Você vai me prometer que não vai rir de mim.
- OK. Eu prometo - respondeu Kadu, sério.
- Ainda me pergunto se o que eu vi foi real ou se eu imaginei tudo aquilo. Foi muito rápido, e
eu estava apavorada. Posso ter me enganado. Mas eu vi. E estava tão perto, tão perto!
- Assim você me mata. O que você viu?
Ela olhou bem nos olhos dele e disse:
- O desgraçado colou a moto do meu lado e ficou me encarando, de capacete. Entrei em
pânico. Nunca senti tanto medo em toda a minha vida.
Kadu colocou sua mão direita sobre a mão esquerda dela. Foi puro instinto. Se tivesse pensado
muito não teria tido coragem.
- Quando ele começou a bater no vidro eu quase morri do coração. Acelerei, mas ele continu-
ava colado em mim, me encarando pelo capacete.
- Filho da mãe.
- E ficou pior. De repente ele levantou a viseira do capacete. Aí eu entrei em parafuso.
- Você viu a cara do +lho da puta?
Ela exitou por um instante, e respondeu:
- Não. Eu não vi.
- Mas se ele levantou a viseira ...
- Kadu, eu juro por tudo o que é mais sagrado neste mundo, quando ele levantou a viseira ...
eu não sei como dizer ... Kadu, não tinha nada além do capacete dele. Nada!
- Como assim nada?
- Não tinha merda nenhuma naquele capacete!
- Espera um pouco, você está me dizendo que o motoqueiro não tinha cabeça?
Ele quase quebrou a promessa que fizera a ela. Queria rir.
- Não me julgue - prosseguiu ela - , não me chame de louca, eu sei que é uma história bem maluca e parece cena de filme

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