Capítulo 13

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"Não podemos mudar o que nos aconteceu no passado, mas podemos evitar o que irá nos acontecer no futuro."



Respirei fundo e encarei Alfonso, eu nunca tinha contado aquilo pra ninguém e ele seria o primeiro.

- Pra começar você tem que saber que ele é meu padrasto e meu primo de segundo grau.

- Primo? - Alfonso piscou, com certeza por essa ele não esperava.

- Sim! - assenti. - Ele é primo do meu pai, ambos filhos únicos de duas irmãs, minha avó e minha tia avó. Meu bisavô já era viúvo quando sofreu um acidente com suas duas filhas. Então o Lucca e o meu pai ficaram órfãos e sendo os únicos que sobraram herdaram a fortuna do avô deles. Só que o meu pai já trabalhava com meu bisavô e por isso ficou com a maior parte da herança, Lucca nunca aceitou isso. E as coisas pioraram quando os dois conheceram e se apaixonaram pela minha mãe.

- Sua mãe preferiu seu pai.

- Sim! - assenti. - Eles se casaram, me tiveram e o Lucca passou anos alimentando um ódio do meu pai. Até que esse ódio o fez começar a roubar o próprio primo. Os dois trabalhavam na mesma empresa e meu pai desconfiou que alguma coisa tava errada, que as contas não batiam, ai ele investigou. E descobriu que o primo era quem estava roubando a empresa. Meu pai foi atrás dele, os dois discutiram. - suspirei. - E o Lucca pra não ir pra cadeia atirou no meu pai. Ele o matou, depois jogou o corpo dele num matagal e fez parecer que foi um assalto. Minha mãe não aguentou perder o marido e começou a beber. Lucca aproveitou a situação pra se fazer de bom moço, assumiu a empresa que era o que ele tanto queria e ficou com a esposa do primo. Eles se casaram pouco depois que eu completei 10 anos, cerca de um ano depois da morte do meu pai.

- Sinto muito.

- Eu acreditei que Lucca ajudaria minha mãe, que a ajudaria a sair dessa, mas ele só a fez se afundar ainda mais. Ele nunca a amou, tudo foi só uma competição, ele queria tirar minha mãe do meu pai, apenas pra esfregar na cara. Se casando com ela, Lucca assumiu a herança do meu pai que era pra ser de nós duas. Eu cresci vendo minha mãe piorando e se tornando mais infeliz a cada dia. No começo Lucca batia nela e quando tentei ajudá-la, ele começou a me bater também.

- Desgraçado! - Alfonso cerrou os punhos.

- Eu passei 07 anos cuidando de uma mãe bêbada, apanhando e vendo ela apanhar de um homem que um dia achei que nos ajudaria. - enxuguei o rosto. - Gradativamente Lucca foi se cansando da minha mãe, ela chegou a pedir o divórcio, mas pra não perder a herança, ele não deu. Num rompante de lucidez ela tentou assumir a parte da empresa que cabia ao primeiro marido dela. Lucca não deixou e começou a dopá-la, colocar remédios que a faziam dormir por horas. Eu tinha 14 anos quando ele começou a fazer isso. Numa noite quando ela estava apagada ele veio até o meu quarto.


[...] - Você está se tornando uma moça muito bonita Anahí.

Me virei assustada dando de cara com Lucca na porta.

- Sai do meu quarto!

- E fica mais linda ainda quando está brava. - Lucca sorriu e fechou a porta.

Quando tentou se aproximar subi na cama e agarrei o lustre.

- Sai daqui!

- O que seu pai diria se me visse tomando conta da família dele? Sabe sua mãe passa a maior parte do tempo dopada, mas até que ela dá pro gasto... Só que eu acho que ta na hora de diversificar.

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