Capítulo 21

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"Você me faz sonhar com coisas boas mesmo quando eu estou acordado"


Quadros. Cinco quadros colocados um ao lado do outro, formando uma meia lua estavam na minha frente. Não eram os quadros tristes e amedrontados que vi da outra vez. Eram retratos meus. Alfonso havia me pintado em cada um daqueles quadros. Me aproximei ainda sem acreditar que ele tinha feito aquilo.

O primeiro era uma pintura apenas dos meus olhos. Alfonso havia escolhido um tom de azul bem intenso. O segundo era um retrato meu de corpo inteiro com o vestido que havia usado no evento que fui com ele.

Ao lado tinha um retrato de mim dormindo, meus cabelos espalhados pelo esboço de uma cama, os olhos fechados, o rosto sereno. O outro retrato era apenas do meu rosto, eu olhava pra frente com um olhar misterioso. Meus lábios estavam entreabertos, pintados de vermelho para ficarem destacados.

O último quadro não estava pronto. Mas pelo esboço dava pra ver como a pintura estava ficando. Eu estava de costas, olhando pra trás e sorrindo. Uma das minhas mãos segurava um vestido, pelo desenho que Alfonso estava fazendo parecia ser um vestido de época. A ondulação do vestido e do meu cabelo fazia parecer que um vento batia contra meu rosto. A outra mão estava estendida, como se estivesse chamando por uma pessoa, esperando que ela a acompanhasse. Pra mim essa pessoa com certeza era Alfonso.

Meus olhos marejaram ao me enxergar ali pelos olhos dele. Nas pinturas eu parecia muito mais bonita, feliz e serena do que realmente me achava. Lembrei que Santiago havia me dito que eu expressava muito bem meus sentimentos. Talvez Alfonso me enxergasse daquela forma porque era como eu me mostrava pra ele, mesmo que eu não percebesse isso.

"Você vai gostar de saber o que tem lá dentro!", as palavras de Santiago ecoaram dentro de mim.

A porta bateu me fazendo dar um pulo. Quando me virei Alfonso estava me encarando. Estava sério e nem um pouco feliz de me ver ali. Exatamente como aconteceu da primeira vez que me flagrou ali dentro.

- O que está fazendo aqui?

Engoli seco tentando pensar em uma mentira pra contar à ele. Não podia dizer que tinha conseguido a chave pra entrar ali graças ao amigo dele. Não queria que a bronca sobrasse pra Santiago também.



Acordei sentindo falta de Anahí na cama.

- Any?! - chamei me levantando, fui até o banheiro e percebi que ela não estava.

Sai e quando passei pelo meu quarto de pintura reparei que a luz estava acesa e a minha chave reserva estava na fechadura. A chave que eu guardava no meu armário.

- Merda!

Abri a porta com cuidado. Anahí estava de costas pra mim, cerrei os punhos ao ver que tinha deixado todas as pinturas expostas. Pinturas que eu havia feito dela. Merda de novo. Em hipótese alguma ela podia ter visto aquilo. Bati a porta com raiva, Anahí deu um pulo e se virou. Paralisou ao me ver.

- O que está fazendo aqui?

- Por que me pintou nesses quadros?

- Responda a minha pergunta! - exigi.

- Só se você responder a minha. - cruzou os braços.

Suspirei e me xinguei mentalmente. Se eu não queria que ela visse esses quadros deveria tê-los levado pra outro lugar. Manter uma porta trancada e ordenar que ninguém entrasse ali era pedir pra ser contrariado.

Segredos ✔Where stories live. Discover now