Capítulo 16 - Pietro Vargas

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A noite passou mais rápida do que consegui descansar, ver Robson tão perto de Magda mexia realmente comigo, mas assim que a manhã chegou, ele saiu do quarto e então pude ficar obsevando ela dormindo. Acabei pegando no sono, despertei algumas horas depois, o médico já tinha nos dado alta e ela estava arrumada com outra roupa e muito mais bonita.

- Bom dia – sussurrei, bocejando.

- Bom dia – ela sorriu, enquanto prendia o cabelo.

- Nada como uma noite em uma cama, novamente.

- Pensei que você gostasse daquela pedra – ela gargalhou.

- Só se você estivesse lá – comentei quase sussurrando, não sabia onde Robson estava.

- Nem te digo nada, é melhor você tomar banho – ela apontou o banheiro e se virou para o outro lado do quarto – Robson trouxe nossas malas, então aproveita – ela sorriu.

Me espreguicei, e caminhei para dentro do banheiro. Tomei um banho demorado, era daquela água quente que precisava. Troquei de roupa e sai do quarto, terminando de arrumar os dreads que naquele momento já estava precisando ser apertado, ainda mais por ficar molhando na floresta e não ter como secá-lo como deveria.

Sai do quarto e Magda não estava mais, quase corri para fora do quarto, mas peguei minha mochila e caminhei em direção a sala de espera do hospital, percebi alguns flashes e pessoas amontoadas que correram em minha direção também, olhei para o lado e Magda estava do mesmo jeito.

 - Senhor Pietro Vargas, o que realmente aconteceu para quer vocês ficassem perdidos? - uma jornalista bradava.

 - Como foram esses dias na floresta da Tijuca? - outro repórter perguntou.

Eu não sabia que a nossa aventura tinha se tornado tudo aquilo, vários jornalistas nos encheram de perguntas, depois que os flashes terminaram, passei a ouvir cada pergunta e responder pausadamente. Não queria tudo aquilo, mas já que estava vindo, chegou a hora de Pietro ficar famoso.

Expliquei várias vezes às mesmas coisas, e as perguntas pareciam iguais. Robson fez um sinal com a mão, pedindo pressa, saímos juntos e os jornalistas pediram uma foto nossa, me aproximei de Magda que sorriu e tiramos a tal foto. Robson nos esperava num táxi e mandou que entrássemos rápido.

- Não podemos perder o voo - ele comentou.

- Não imagina que tínhamos ficado tão conhecidos - Meg falou, me olhando.

- Nem eu imaginava isso tudo - falei rapidamente.

- As notícias correm - o motorista comentou, pedindo silêncio e apontando para o rádio.

No rádio falavam exatamente sobre nós perdidos e avisavam que tínhamos saído do hospital. Que futilidade, pensei. Tanta coisa merecendo atenção e a mídia estava se importando com dois adultos que se perderam na floresta.

- Deve ser falta de pauta – Robson esbravejou, como se acompanhasse meu raciocínio.

Pela primeira vez desde que tinha conhecido aquele verme, eu tinha que concordar que ele tinha planejado tudo, passagens aéreas, táxis e tudo mais. Não se esquecendo de colocar na lista que ele me deu a noiva dele de bandeja por uns dias, e que ela é uma delícia. Pensava em tudo isso, querendo gargalhar quando encarava-o.

A viagem foi rápida, mas queria ter passado mais tempo com Magda, mas sem aquele lá por perto. No aeroporto, nos separamos e foi estranho. Ficamos um tempo abraçado e Magda sussurrava pedidos de obrigado e falando sobre os dias. Abracei-a forte e dei-lhe um beijo na testa, mesmo desejando que fosse na boca. Antes que me soltasse dela, pensei em falar algumas palavras, mas as engoli, não era o momento.

E com minha mala em mãos, deixei que ela fosse embora com meu rival. Aquilo não era muito legal, mas estar de volta a Salvador me faria bem... mas ficar sem Magda ainda era estranho. Cheguei em casa, totalmente cansado. Foi só colocar os pés em casa para o telefone começar a tocar, já sabia que era minha mãe.

- Como você fica perdido em uma floresta e não me diz nada – ela gritou.

- Boa tarde mãe – sussurrei para acalmar a fera.

- Não vem com suas ironias Pietro, eu quero saber como você me deixa sem notícias.

- Mãe – suspirei – você queria que eu estivesse numa floresta e te ligasse?

- Você foi encontrado, mas não me disse nada – ela gritava no telefone.

- Mãe, amanhã eu vou te ver, acabei de chegar – falei calmamente.

- Acho bom mesmo, se cuida meu filho – a fera amansou e desligou o telefone.

Fiquei assistindo televisão e vendo alguns comentários e reportagens sobre nós, até tinha ficado bonito durante a gravação no hospital e os sites noticiosos estampavam a foto em que aparecia com Magda, aquilo era bom, chegaram a nos definir como o casal perdido. Imaginava a cara do babaca do Robson quando lesse aquilo.

A noite chegou quente demais, tomei um banho frio, vesti uma cueca azul e fiquei em pé na varanda com um copo de uísque, o vento baixava um pouco do calor que estava naquele quarto. Fiquei ali, me lembrando de tudo que tinha acontecido nos últimos dias, e queria Magda por mais uma noite, só que agora em minha casa, na minha cama, nada de pedra, rios ou qualquer outra coisa.

Sai da varanda e me joguei na cama, mas ela estava tão vazia, não sabia o que faltava, mas não era assim que deveria estar. Que loucura, sempre dormi assim, estava ficando louco mesmo. Queria ligar para Magda e desejar uma boa noite, como fazíamos na caverna, mas sabia que Robson estaria lá. Então, aproveitei para deitar e dormir. Descansaria aquela noite porque nas próximas não terminaria daquele jeito.

SO-ZI-NHO

Rendidos de Amor 1Onde histórias criam vida. Descubra agora