Capítulo 4 - Meu desespero

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Quando cheguei à sala de treinamento, minha mãe estava de pé olhando a estante de armas. Ela passava pelo grupo de armas, olhando atentamente.

-- Que bom que foi pontual, pois acredito que temos muita coisa a fazer por estes dias.

Ela falou ainda analisando a grande estante.

-- Mãe, ninguém vem a esta sala de treinamento por quê?

-- Porque esta sala de treinamento é minha sala particular. Eu mandei construir quando me casei com seu pai, pois sabia que dificilmente conseguiria treinar com o exército.

-- Entendo. A senhora não queria parar.

Minha mãe se virou para mim e sorriu.

-- Comandantes nunca podem parar, minha filha. Construí para que eu pudesse treinar nas minhas horas livres. Apesar de se localizar na área particular dos nossos aposentos, peço discrição, quando vier para cá. Existem pessoas que eu não gostaria que soubessem que está treinando.

-- A Arítes já havia me pedido isto.

-- Está gostando de treinar todo dia com ela?

-- Sim, sempre quis receber treinamento militar, mas nem sempre o mestre de armas tinha disposição. Ele é idoso. Pelo menos é um bom mestre. Nem sempre me levava a sério também.

-- Não é verdade. Ele levava, mas muitas vezes se sentiu pressionado por seu pai.

-- E por que papai nunca quis?

Minha mãe suspirou. Tentava achar palavras para responder a minha pergunta ou tentava procurar também a resposta.

-- Nem sempre foi assim. Lembra quando tinha cinco anos e seu pai lhe deu um takubi de madeira?

Eu lembrava, vagamente, quando ele me deu, mas depois de uns anos, me sentia feliz por ter sido ele a me dar. Só não entendia porque, ao longo dos anos, ele foi ficando tão avesso a ideia de eu entrar para o exército.

-- Ainda o tenho. Está guardado, mas agora é pequeno para treinar com ele. Mal cabe em minha mão.

-- Venha cá, minha filha.

Aproximei-me de minha mãe. Ela mantinha a sua postura militar, com os ombros bem alinhados e as mãos nas costas.

-- Nós vamos treina-la em luta corpo-a-corpo, exaustivamente, até semana que vem. Já conversamos sobre você tentar se encaixar no mais alto posto que conseguir. Você sabe quais são as normas?

-- Arítes me falou superficialmente, mas não conversamos especificamente sobre isso. Ela falou que esta semana me daria mais detalhes.

-- As regras do exame para entrar no exército são muito simples. Você fará a primeira luta corpo-a-corpo com um cadete. Ganha quem subjugar o outro primeiro. Depois disputará com espadas e por último, uma prova com o arco. Ao final, se você pontuar mais que o cadete ganhará o direito a disputa com um suboficial e assim sucederá. A cada dia lutará com uma ou mais pessoas à medida que passar pelo adversário anterior e sempre lutará com alguém de patente maior. Lutará com o próximo até que você perca. O grau de dificuldade da prova do arco, será de acordo com a patente de quem estará disputando com você.

-- Então, eu posso entrar no exército em uma patente de oficial?

-- Sim. Mas mesmo assim, entrará no menor grau daquela patente, pois um exército não se compõe apenas de pessoas que sabem lutar. Você entrará na escola militar, após os exames, para aprender táticas de comando e estratégia. Por isso, mesmo entrando em uma patente, estará subordinada aos mestres da escola, sejam eles de que patente for. Se tudo correr bem, espero que entre pelo menos como sargento.

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