O Fim

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"Você está quebrado."

Jason sabia disso.

Sentira a dor incomparável que possuíra seu pequeno corpo, quando as mandíbulas daquele urso assustador se fecharam contra sua cabeça.

A dor e o vermelho imperaram por alguns segundos, antes que Jason fosse jogado na escuridão.
A escuridão que nunca mais desapareceria.

Jurava ouvir a voz do amigo imaginário em sua mente entorpecida.

"Nós continuamos sendo seus amigos. Você ainda acredita nisto?"

Não. Ele não acreditava mais. Não acreditava em mais nada.

Era para ter sido o dia mais feliz de sua vida.

Achou que o amigo poderia tê-lo protegido. Golden Freddy nada fizera por ele. Durante um tempo interminável, sequer tinha se preocupado em surgir em meio ás sombras.
"Eu ainda estou aqui. Eu irei consertar você."

Queria chorar, mas estava perdido dentro do próprio corpo, amarrado e ardendo em chamas, sem poder se comunicar com nada nem ninguém.

Em algum momento – que não pôde discernir, já que sua contagem era impossível, no estado em que se encontrava - ouvira a voz do irmão, que atingira, fracamente, as profundezas onde Jason estava.

Você consegue me escutar? Eu não sei se você pode me ouvir... me perdoe.

Jason sentiu ódio da voz.

A única coisa que parecia mantê-lo lúcido, em meio ao umbral, era a angústia e a raiva que tinha de Terrence e dos demais garotos. Jamais poderia perdoar o que haviam feito com ele. Palavras não o fariam esquecer-se de tudo que o irmão havia lhe feito, durante todo aquele tempo.

Como podia perdoá-lo por tê-lo deixado ali, no escuro, sem poder ver a luz do dia outra vez?

Ouviu vagamente a porta do quarto se abrir, e voltou a se encolher dentro da própria mente. Deveria ser a enfermeira, mais uma vez checando, inutilmente, se o pequeno paciente estaria reagindo fisicamente ao tratamento.

Não gostava de suas visitas. Não por que não fosse gentil, mas por que falava com ele como se Jason tivesse alguma possibilidade de responder.

- Bom dia, querido.
Porém, para seu espanto mental, a voz da moça estava levemente embargada, como se tivesse chorado.

Sentiu-a aferindo seus sinais vitais, e verificando o reflexo dos olhos vegetativos do garoto.

- Ah – suspirou. Ouviu-a sentar ao lado da maca – bem, Jason... eu tenho uma notícia ruim para te dar, querido.

O garoto sentiu o sarcasmo manchar sua pouca lucidez. Nada poderia ser pior do que sua situação. Nada seria realmente ruim, se já estava vivendo o pior dos pesadelos.

A enfermeira afagou a testa do rapazinho inconsciente. Apanhou a folha de papel que haviam lhe entregado, quando a diretora da Casa Social viera lhe dar a terrível notícia.

- Seu irmão... – ela engasgou, balançando a cabeça. Lançou outro olhar ao bilhete, tensa – ele te mandou uma carta – omitiu, angustiada, o detalhe de como o bilhete havia sido encontrado – e pediu que eu a lesse para você.

No estado vegetativo em que estava, Jason jamais poderia tê-la impedido de fazer isso. Então, resignado e rancoroso, simplesmente teria de ouvir as palavras esfarrapadas de Terrence.

Five Night's At Freddy's: A OrigemWhere stories live. Discover now