Desculpas

453 12 4
                                    

Ele acordou cansado e sentiu que a culpada de toda aquela dor de cabeça tinha sido a bebida. Observou a varanda do quarto um momento e percebeu que já era dia, porque o sol entrava no cômodo sem pena. Sorriu ao lembrar do sono totalmente erótico que tinha tido e passou a mão pelo cabelo, satisfeito. Espreguiçou-se um pouco e sentiu sua perna bater em algo, ou alguém. Sentiu seu coração palpitar mais forte e respirou fundo algumas vezes. Virou o corpo para o outro lado e se deparou com uma mulher de cabelos loiros e grandes deitada de bruços completamente adormecida. Ela estava com um lençol cobrindo seu corpo apenas da cintura para baixo e tinha as costas expostas. Ele as observou com veneração e lembrou de todas as sensações da noite anterior, incluindo as carícias, os beijos, abraços e especialmente os gemidos de ambos.

Levantou-se e correu para o banheiro, fazendo o máximo de silêncio possível. Estava preocupado e ao mesmo tempo feliz, porque agora já conhecia ela por completo e isso o deixou mais que satisfeito. Ela era linda de todas as formas possíveis. Tinha um corpo extremamente sedutor e maravilhoso, capaz de fazer qualquer homem cair aos seus pés e ele gostava de ser um desses homens, mas esperava também ser o único.

Terminou o banho e se arrumou devagar, sem deixar de pensar no que ela iria falar e fazer quando acordasse. Vestiu uma calça jeans escura e um suéter vermelho que faziam conjunto com um par de sapatos sociais pretos e brilhantes.

Olhou-se no espelho e chegou a conclusão de que estava apresentável. Saiu do banheiro e sentiu um pouco de nervosismo ao não ver ninguém na cama. Procurou-a em todos os lugares e nada. Ela tinha acordado e com certeza estava arrependida da noite que tiveram. Cobriu o rosto com as mãos e respirou fundo para arrumar pelo menos um pouco de coragem que o fizesse sair da suíte e ir tomar o café da manhã.

– ANGELES CARRARA, HOTEL –

Ela apressou-se em levantar daquela enorme cama e vestir suas roupas que estavam jogadas por todos os lados. Por mais que tenha sido a melhor noite da sua vida, sabia que não poderia lidar com tudo e nem queria.

Não queria um homem como ele que só tinha atitudes quando estava bêbado. Saiu da suíte dele quase correndo e como era um ser humano de extrema sorte, encontrou com a sua sobrinha quando estava fechando a porta.

– ANGIE! Esta não é a suíte do papai?

– Que? Não, não.. É sim. É que eu sim, ah não, Violetta. Claro que não.

– Por que você está nervosa? – A jovem começou a rir.

– Eu não estou nervosa, Violetta. Eu estava chamando seu pai, porque... Está tarde. E eu fiquei de organizar uns papéis com ele. E também tem o café da manhã. Estamos atrasadas. – Ela suspirou aliviada pela mentira que tinha conseguido inventar.

– Ah claro. – Violetta cruzou os braços.

– Eu vou só tomar uma ducha rápida e desço.

Dito isso, ela saiu quase correndo e entrou no quarto esperando o nervosismo passar. Ficou alguns minutos no banho e pôs um vestido longo estampado com sapatos simples, até resolver descer depois de um tempo.

Chegou ao restaurante e estavam todos divididos em mesas, por casais ou grupos. Falou com alguns alunos e procurou a mesa em que poderia estar sua sobrinha e infelizmente, German. Aproximou-se e deu um beijo na bochecha de Violetta, seguido de um "bom dia" também direcionado apenas para ela. Sentou na cadeira ao lado da jovem e percebeu que não conseguia olhar nos olhos do homem sentado à sua frente.

– Bom dia, Angie. – Ele falou com a voz rouca.

Ela respirou fundo e sentiu todo seu corpo tremer. Rapidamente lembrou de todos os beijos e carícias da noite que tiveram juntos e levantou o olhar. Ele estava lindo, com uma expressão calma e feliz, mesmo que não estivesse sorrindo.

– Bom dia. – Ela respondeu sem perceber que estava respondendo, um ato quase involuntário.

– Dormiu bem? – Ele não pôde evitar sorrir.

– Não muito. – A resposta foi curta e quase fria, como se para ela não tivesse importância o que aconteceu.

Violetta já não estava mais sentada na mesa e nem isso os dois perceberam enquanto apenas se encaravam e permaneciam calados.

– Angie... – Ele falou baixo, quase como um sussurro.

– Por favor, German. Essa noite foi um erro. Foi um erro como quase tudo que acontece com nós dois. Exatamente como você gosta de definir nossa relação, se é que temos uma. Um erro.

Aquilo foi como o fim de tudo para ele. Sentiu-se indefeso, sem saber o que falar ou responder. Olhou-a nos olhos e procurou algum sinal de que era tudo uma brincadeira ou piada, mas a única coisa que encontrou foram olhos vermelhos, como se ela estivesse prestes a chorar.

– Você me machucou demais, Senhor Castillo.

– Desculpe-me. Eu sei como errei com você, mas depois de ontem... É que eu já não estou em condições de te esquecer, Angie.

– E você acha que eu estou? – Ela suspirou e balançou a cabeça. – De verdade, eu não estou bem, porque simplesmente não consigo tirar você do meu pensamento e muito menos do coração. E eu não quero ficar com você, German. Peço desculpas por falar assim, mas eu não quero e nem posso acabar comigo dessa forma.

– Sinto muito. – Ele olhava as mãos
apoiadas na mesa.

– Não sinta. E pelo menos nós dois temos boas lembranças.

Ela saiu da mesa e foi atrás de sua sobrinha para conversar sobre qualquer assunto que não fizesse respeito àquele homem que atormentava sua mente dia e noite, como se gostasse de torturar com aquelas lembranças antigas ou até mesmo as mais atuais. Sem contar das vezes em que ela se encontrava imaginando um futuro ao lado dele, como esposa, talvez.

– Angie! Angie! – Violetta tentava chamar a atenção de sua tia e revirou os olhos quando viu que não estava conseguindo. – Quer conversar sobre o papai?

– Que? Seu pai? – Ela balançou a cabeça negativamente várias vezes. – Conversar sobre ele é a última coisa que eu quero fazer agora, meu coração.

– Não vai me contar o que aconteceu entre vocês dois? – Violetta pôs as mãos na cintura e olhou ao redor.

– Ainda não. Acho que não seria muito agradável lembrar de tudo que... Tudo que aconteceu. – Suspirou.

– NÃO! – Violetta cobriu a boca com a mão.

– Não o que? – Ela olhou ao redor quase assustada.

– Vocês dormiram juntos, Angie? – Violetta sorriu e começou a balançar as mãos.

– Que? Não... – Ela suspirou cansada e assentiu.

– EU NÃO ACREDITO! Como foi?

– Violetta, eu não posso. – Suspirou e passou a mão pela testa. – Eu sei que eu nem deveria contar isso, porque você não conhece esse lado do seu pai, mas a verdade é que foi maravilhoso e ele foi um cavalheiro mesmo estando bêbado.

– Bêbado? O meu pai? – Ela caiu na risada e brincou com o cabelo.

– Não toca nesse assunto com ele. E outra, foi só uma coisa momentânea, porque não vai, de forma alguma acontecer novamente. – Ela suspirou e beijou o rosto da sobrinha para ir embora.

Aproximou-se do elevador e começou a apertar o botão quase com desespero, porque precisava estar no quarto e chorar até aquela dor passar.

Se antes o amava, agora o sentimento tinha se tornado o dobro.
Esperou as portas do elevador abrirem e entrou sentindo umas mãos firmes segurarem sua cintura com certa propriedade. Sentiu as pernas tremerem e fechou os olhos, percebendo que as portas estavam se fechando e agora não tinha mais saída. Ela estava presa com ele e aquilo que deveria durar apenas alguns segundos, para ela, tornavam-se horas. Por burrice, ela havia tropeçado e sabia que se não fossem aqueles braços fortes, estaria com sei lá que parte do corpo quebrada.

Levantou o olhar e sentiu o coração bater mais forte ao ver como os dois estavam perto. As respirações se misturavam e ela sentia que estava cada vez mais nervosa. German apoiou as mãos com mais firmeza na cintura dela e a puxou um pouco mais para perto de si, quase colando seus corpos. Olhou-a nos olhos e encostou seus lábios nos dela, mas não a beijou.

One more tryOnde histórias criam vida. Descubra agora