Capítulo 8

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Oi incríveis, adivinha quem veio narrar? <3

Alison

Lee era sem dúvidas o garoto mais simpático de toda a escola. Ele era tão bonito e charmoso com os seus olhos puxados, sua pele de tom amarelado e seus cabelos pretos tão lisos, além de ter um físico perfeito. Naquele momento eu me perguntava como um garoto daquele porte havia me convidado para ir ao cinema em pleno sábado à noite?

Eu não sou o tipo de garota que os rapazes chamam para sair. Eu não sou o tipo de garota por quem eles se apaixonam. Eu ouvi a minha vida inteira que eu era feia. Ouvi isso dos babacas da minha escola, ouvi isso das garotas que diziam serem minhas amigas, ouvi isso até da minha própria mãe. Não era nada fácil ser filha de uma ex-miss. Eu era o oposto do que a minha mãe havia sido, ela tinha os cabelos loiros esvoaçantes, era desejada pelos rapazes, vivia cercada de amigos e foi à rainha do baile. Para ela não ter uma filha bonita foi um choque que ela nunca superou.

Passei metade da minha vida indo a vários nutricionistas e a todos os tipos de médicos. Minha mãe e eu fazíamos dietas mirabolantes, ela me colocou no balé e todos os tipos de esportes que prometiam me emagrecer. É claro que tudo foi em vão. Eu não emagrecia e ela ficava irritada com isso, irritada por não ter uma filha magra.

Eu queria fazê-la feliz, por isso eu me esforçava para perder peso. Culpava-me e me controlava para não comer muito, desenvolvi hábitos alimentares péssimos, tive bulimia por um bom tempo, e mesmo assim eu não ficava magra o bastante para agradá-la. O ápice da raiva dela com o meu peso foi quando eu tinha quinze anos. Era baile da primavera, o primeiro grande baile que eu ia. Minha mãe comprou um vestido rosa, dois números menores que o meu tamanho. Ela me obrigou a colocar uma cinta para que o vestido servisse e estava toda animada, porque era o meu primeiro baile, entretanto nenhum garoto me convidou. Quando eu contei para ela que eu não havia sido convidada por ninguém, ela ficou furiosa, me colocou na frente de um enorme espelho me forçando a olhar o meu corpo e o meu rosto redondo. Ela falou coisas horríveis para mim, disse que se eu comesse menos e me esforçasse para emagrecer os garotos iriam me convidar para o baile, e que era óbvio que nenhum rapaz me chamaria para o baile, nem um deles ia querer ir com uma baleia. Aquilo doeu.

Depois daquilo, minha auto-estima só piorou. Entrei em depressão, me automutilava, fiz coisas horríveis com o meu corpo, até que o meu pai interviu. Meu pai era o único que me amava, ele é o único que me ama do jeito que eu sou.

Eu me lembro até hoje. Ele me levou em um musical da Broadway, chamado Hairspray. O musical era sobre uma garota que assim como eu era gordinha, Tracy Turnblad era o seu nome. Tracy queria ser cantora e para realizar o seu sonho teve que vencer o preconceito das pessoas e principalmente amar a si mesma. Tracy era gorda como eu, mas ela tinha autoconfiança, o que me inspirou. Eu também queria ser cantora e por mais que Julie e todas as garotas rissem de mim quando eu tocava no assunto, naquele momento eu me senti como a Tracy. Eu iria vencer o preconceito das pessoas e iria parar de tentar parecer alguém que eu não sou, eu ia me amar antes de tudo. Eu precisava gostar de mim.

Meu pai sabia que o musical iria ser bom para mim. Naquele dia ele olhou nos meus olhos, seus olhos castanhos como os meus, segurou meu rosto redondo em suas mãos e falou: "Nunca deixe ninguém te dizer que você não é bonita, você é bonita. Todas as pessoas são. Todos somos bonitos da nossa maneira." Ele sorriu para mim e me levou para comer hot dog.

Infelizmente, duas semanas depois o meu pai foi preso por tráfico de drogas. Minha mãe imediatamente cortou laços com ele e pediu o divórcio, ela só estava com ele por dinheiro e se viu obrigada a ir trabalhar na universidade da cidade. Aquilo partiu o meu coração, eu não ia ter mais ele para me animar e dizer o quanto sou bonita. Um ano depois quando eu já havia completado dezesseis anos, conheci alguém que quase substituiu o meu pai: Carter.

A GAROTA QUE VOCÊ NÃO QUISWhere stories live. Discover now