Uma amiga virtual

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Ellen

-Que saco, mãe! Me deixa em paz! -disse esbravejando.

-Olha como você fala! Eu um dia vou descobrir o que você tanto faz nesse quarto, Ellen!

-Você precisa respeitar a minha privacidade, mãe! Eu já tenho 15 anos! -disse indo direto para o meu quarto.

Minha mãe sempre se preocupa com o que faço ou deixo de fazer, e a maior preocupação dela agora é o que eu faço no meu computador. Se ela soubesse que estou conversando com pessoas que conheço na internet, ela simplesmente pira! Quanto mais ela ficar longe do meu quarto e da minha vida, melhor.
A questão é que eu converso com a minha amiga, o nome dela é Aline, nós sempre conversamos seja de manhã, de tarde ou de noite. Opa! Falando em Aline, olha quem está me chamando!

Aline: Oi, onde vc estava?

Eu: Acabei de discutir com a minha mãe, DSCP.

Aline: Sério? poxa que chato!

Eu: Que nada, ela que é muito chata.

Aline: Normal, a minha é super legal.

Eu: Sorte sua.

-Ellen! Hora da janta! -gritou minha mãe.

-Vou jantar no quarto, mãe! -gritei de volta.

-Ou você janta aqui ou fica sem jantar!

Eu: Desculpa Aline, vou jantar.

OFFLINE.

Desci as escadas e logo encarei minha mãe, que me fuzilou com os olhos, e isso já foi o suficiente para o início de uma boa briga.

-Jantar no quarto? Você por acaso ficou louca? Eu estou com cara de empregada de hotel? Você já foi muito diferente, Ellen! -ela bateu na mesa.

-Vai começar o drama de Leonor! -disse batucando na mesa.

-Você acha isso engraçado, não é?

-Você quer realmente saber o que eu acho?

-Não! Eu quero que se dane o que você acha ou deixa de achar. Sabe de uma coisa? Hoje você vai dormir no meu quarto!

-O quê?! Por que isso?! Eu não vou dormir coisíssima nenhuma no seu quarto, Leonor!

Então vi minha mãe acuada no canto do fogão, chorando. Percebi então, que o motivo era eu e sabe lá quantas noites esse choro foi por minha causa.
Ela deu uma pausa no seu choro, secou suas lágrimas e me encarou.

-O que foi? -eu disse.

Então ela saiu da cozinha, quando voltou trouxe um monte de dinheiro enrolado em um elástico.

-Toma. -ela jogou o dinheiro em mim.

-Como assim? -franzi o cenho.

-Aí tem quinhentos reais, você pode ir embora e se ver livre das minhas regras, já que você passa por cima de todas elas mesmo. -ela disse calmamente.

-Eu não quero ir. -meus olhos encheram-se de lágrimas.

-Ou você vai, ou joga aquela porcaria fora. Você pode escolher, ou sua mãe ou aquela porcaria. -ela subiu direto para o seu quarto.

Nunca tivemos uma briga que terminasse dessa forma, minha mãe nunca jogou dinheiro na minha cara e me mandou ir embora, mas imagino que para ela estar fazendo isso, é porque está farta.
Cheguei no meu quarto, não pensei duas vezes antes de comunicar com Aline que não poderia mais falar com ela.

Psicopata em ação (completo) Onde histórias criam vida. Descubra agora