Capítulo 4 - Clarke's House

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Dois anos atrás

Clarke acabara de sair de Arkadia. Permaneceu no local durante um período de duas semanas. Após deixar Lexa, ficou agradecida por ela ter respeitado seu espaço mas precisou admitir a si mesma que também um pouco decepcionada. Gostaria que Lexa corresse atrás dela e implorasse que voltasse para casa. Se ela realmente a tivesse traído com Ontari, Clarke seria capaz de perdoar. A verdade era que a menina chegou a um ponto no qual era incapaz de combater o desejo que sentia pela esposa. A amava feito louca e lutou o máximo que pôde para que o relacionamento desse certo mas Lexa não se esforçou o suficiente. Ao contrário disso, passava a maior parte do dia a evitando ou resolvendo assuntos políticos e sempre que possível viajava até Azgeda ou pior... Convidava Ontari a passar um tempo em Polis. Este era o pior pesadelo de Clarke.

Ontari e Lexa estavam sempre tão unidas e conectadas que era quase como se Clarke fosse a amante do próprio relacionamento. Sempre que tentava argumentar e esclarecer o que estava acontecendo acabava indo para cama com Lexa. Por diversas vezes chorou quando chegaram ao fim do ato e sentiu-se suja por ter se deixado levar. Mais ainda por desejar aquele relacionamento angustiante. Parte dela gostava da loucura e incerteza dentro do que elas tinham, fazia a situação ser mais emocionante. Mas sua outra metade corria risco de perder a sanidade. No final, não reconheceu mais a si mesma. Se tornou alguém da qual não gostava e acreditou que esse fosse o motivo de Lexa não ama-la mais.

Viviam como celebridades do antigo mundo. Em frente à multidão eram uma só, o casal do século. Heda e Wanheda, governantes de toda a terra e os reinos que nela habitam. Vendiam a ideia de amor e compreensão, que até mesmo as duas comprariam se não fossem elas mesmas. Era impossível para ambas continuar acreditando que poderiam se resolver imediatamente pois de fato não aconteceria, não naquele momento. 

As brigas começaram brandas e sem muita importância mas após alguns meses se tornaram tempestades. Até mesmo a educação de Sirius entrou em pauta e as duas não conseguiam evitar a exaltação que acontecia a todo momento. Elas nem ao menos tinham certeza dos motivos iniciais das brigas. E quando Ontari se tornou uma presença constante na vida delas, as coisas foram por água à baixo.

A comandante e a rainha tinham uma química inegável, qualquer um era capaz de perceber o quanto se divertiam juntas. Mas a rainha de Azgeda nunca perdera a oportunidade de investir num relacionamento diferente com Lexa. Ela não se preocupava se Clarke estaria de acordo ou se isso interferiria na relação das namoradas (até então), queria seu posto em Polis - e claro, Lexa. Por mais que seu interesse tivesse grande relação com poder, ela realmente se sentia atraída pela comandante e a mesma demonstrava sentir o mesmo.

Mas Lexa jamais se deixou levar pelo desejo carnal que se instalou. Até porque tinha isso de sobra com a própria companheira, da qual desejava intensamente. Certas noites, ficavam perdidas em puro êxtase e logo após o orgasmo se viravam uma de costas para a outra, sendo incapazes de se olharem e debater o que estavam sentindo.

De um lado estava Wanheda, seu nome que sempre foi assimilado a morte e destruição se conectava a seu estado de espírito naqueles momentos. Se sentia sozinha, abandonada, fria e sem esperança. Era como se uma parte dela estivesse morta e a outra apenas sobrevivesse para alcançar a primeira e por mais que se esforçasse, nunca se completava. Sentia-se também fraca por ser incapaz de debater o relacionamento com Lexa de forma civilizada, sabia bem como tudo acabaria: Aos gritos ou na cama. Então apenas encolhia seu corpo em posição fetal, aguardando que a qualquer momento a namorada a abraçasse e dissesse que a amava, mas isso nunca acontecia.

Do outro, Heda. A comandante do mundo, seu nome seria lendário e disso não havia dúvidas. Seu relacionamento com Clarke derrubou as barreiras até então impenetráveis de seu povo, que aos poucos aceitava as novidades, era realmente grandioso. Mas mal sabiam que no silêncio da noite, ela estava vazia. Os poucos momentos que Lexa conseguia voltar a se sentir como ela mesma era ao lado de Ontari, amizade da qual jamais fora aprovada por Octavia, sua única outra amiga. A menina jamais deixava de esclarecer seu ponto de vista ou passar sermões nela. Por mais que se sentisse mais próxima dela do que a própria Clarke, tinha empatia pela antiga amiga. Era perceptível como as duas estavam destruindo a si mesmas com aquele relacionamento e Lexa ao invés de se esforçar a resolver as coisas, apenas adiava as conversas mais sérias. E após o momento carnal, ela ficava deitada esperando que os antigos comandantes a dessem uma luz de como enfrentar a vida pessoal. Mas eles não eram responsáveis pelos seus problemas de coração, apenas ela mesma. Prometeu a Clarke que reconquistaria sua confiança mas se perdeu no caminho.

The WanhedaWhere stories live. Discover now