A notícia

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— É sobre meus pais, não é? — Alissom perguntou, quando chegou mais perto do homem.

Nenhum som foi emitido, apenas um aceno de cabeça. Sim.
Alissom apertou mais forte a minha mão e pediu para que eu abrisse a porta.

Os dois se sentaram no sofá da sala, um de frente para o outro. A posição do homem de branco, que mais parecia um robô do que um homem, estava completamente ereta. Eu nunca conseguiria sentar daquela maneira, nem se eu quisesse.

— Como aconteceu? — Alissom perguntou. Suas mãos estavam trêmulas e suadas, ele as esfregava na camiseta.

— Houve um acidente, não sabemos a causa, mas a perícia já está investigando.  — o homem tirou seu quepe branco — Sinto muito, não conseguimos salvá-los.

Meu coração se apertou tanto que virou farelo. Como aquilo havia acontecido? Seria verdade? Ou era só mais um sonho maluco que eu costumava ter?

Agnes! Meu Deus, ela iria morrer. Como eu contaria isso para ela? O que eu deveria dizer para Alissom? O que eu deveria fazer?
Não estava ouvindo mais nada do que o homem estava dizendo, eu só estava pensando no que Agnes poderia fazer.

Alissom se levantou e acompanhou o homem até a saída, senti o peito doer e se quebrar em milhões de pedaços. A carta estava em suas mãos, o que seria aquilo?

Ele olhou para mim por longos segundos, e começou a socar a parede com força. Tentei o fazer parar, mas ele era muito forte e talvez me machucaria, foi então que Agnes abriu a porta e viu a cena de seu irmão terminando de quebrar a parede.

Tudo aconteceu em frações de segundos, ele logo lhe disse a notícia e ela desabou no chão frio da sala. Agnes desmaiou, os punho de Alissom sangravam e minha parede estava completamente quebrada.

— Não, isso não está acontecendo! — ele murmurou, desolado. Agnes continuava desacordada.

— Agnes, acorda! — tentei mais uma vez.

Ela acordou e virou seu rosto para o chão, lágrimas brotaram do seu rosto tão rápido quanto o sangue de Alissom se estendeu por sobre o piso.
Gabriel apareceu logo depois, pegou Agnes no colo e a abraçou tão forte, que temi que fosse quebrá-la.

Cheguei perto do rosto de Alissom, e o abracei, mas queria mesmo buscar sua boca e lhe fornecer algum alívio maior. Minha vontade, na verdade, era a de tirar a dor daquele coração, e a colocar dentro de uma cápsula, nas profundezas da terra, para nunca ser encontrado.

Ele estava completamente conectado comigo naquele abraço, e me arrependi mais de mil vezes de ter ido naquela viagem... Agnes obviamente se culparia, pois a viagem fora ideia dela.

— Abre a carta. — ele sussurrou em meu ouvido. Minha blusa estava cheia de sangue, sua mão estava cada vez mais machucada.

Peguei o envelope do chão e abri com cuidado. Havia um bilhete e depois uma carta com três páginas; preferi ler o bilhete primeiro.

Testamento

Sr. Moura e Srta. Moura

É com muito pesar que lhes entrego este documento. Fico à disposição para qualquer contato que precisarem a respeito das formas de retirada de seus bens. Meus sentimentos.

Atenciosamente, Dr. Matias.

Desenbrulhei o outro papel, me detive quando a primeira cláusula do contrato envolvia que a posse da casa deles só seria entregue mediante ao casamento de Alissom ou Agnes. Ou seja, pra ganhar a posse da casa, Alissom ou Agnes teriam que se casar.

O irmão da minha melhor amigaOnde histórias criam vida. Descubra agora