Capítulo 13

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 Meus surtos diminuíam ao longo da semana. Perry e eu nos tornamos melhores amigos, mas nossa paixão aumentava à medida que nos víamos. As irmãs rosa fizeram vários planos divertidos, tentando me salvar daquele trauma, e mamãe conversou mais comigo. Eu estava feliz por vencer o trauma e por recuperar minha vida.

Chegamos à segunda-feira. Fui ao psicólogo de manhã e relatei as melhoras, ele assentiu e mandou que continuássemos com os cuidados. Saímos de lá e partimos para a aula de balé. Marcos estacionou e esperou enquanto entrávamos. A professora de balé, Júlia, era diferente da que tive há um ano atrás. Conversei com ela enquanto mamãe assinava os papeis.

- Quer começar hoje? – Ela perguntou e eu assenti rápido.

Mamãe pediu para ligar quando terminasse e foi para o estacionamento.

Acompanhei a professora e entrei na sala de aula. Nada nela havia mudado, o espelho na parede, os suportes para determinados movimentos. Observei as poucas alunas se exercitando e me posicionei ao lado para fazer o mesmo.

Conversei e fiz amizades sem dificuldades, as meninas pareciam gostar de mim. A professora Júlia anunciou o início da aula e nos posicionamos. Apresentando-me à turma, pediu que eu mostrasse o que já sabia de balé. Fiz alguns passos e elas aplaudiram.

- Incrível, Penélope. Movimentos rápidos. – A professora elogiou.

Ela ensinou a parte em que as meninas estavam aprendendo. Apesar de eu já saber aquela parte, era bom refazer aquilo. Quando ela pediu para fazermos um adagio, relembrei de quando fizera em uma batalha e senti a energia fluindo em meu corpo.

Após o sequestro, era impossível não pensar em minha vida de heroína, mas eu pensava em algo distante, que ficasse somente em lembranças. Na aula de balé, enquanto a energia pulsava e minhas pernas queriam dançar e lutar, relembrei dos melhores momentos de Salto.

A aula terminou e a professora nos liberou, mandando que fizéssemos alguns exercícios em casa. Disquei o número de Marcos e o avisei que a aula havia terminado.

Marcos chegou em poucos minutos.

- Chegou rápido.

- Estava por perto.

Meu coração dançava tango, meu corpo desejava saltar e minha mente trazia Salto à tona. Marcos estacionou e entrei em casa como uma bala. Desci ao porão e acendi a luz, vendo o saco de pancadas e me animando. Subi para o meu quarto e olhei para debaixo da cama, torcendo para que mamãe ainda não tivesse mexido. Vi-as ali e um sorriso se abriu. Tranquei a porta do quarto, fechei a janela e troquei de roupa. Olhei para o espelho, revendo aquele estilo. Minhas dores pararam e meus surtos eram mínimos, talvez a Salto devesse retornar.

Liguei para Léxi e anunciei minha ideia. Ela ficou preocupada e precisei insistir bastante para que aceitasse. Disse que, já que a Salto retornaria, tinha um presente para ela. Não me contou qual era e me despedi rápido ao ouvir mamãe chamando.

Troquei de roupa às pressas e escondi o disfarce debaixo da cama. Destranquei a porta e sorri para ela. Mamãe disse que resolvera o assunto da ginástica e que eu já estava inscrita. Marcos me levaria a partir de quarta-feira. Agradeci e abracei-a.

Mamãe saiu para resolver seus negócios e aproveitei para descer ao porão. Olhei para o saco de pancadas e meus olhos brilharam. Treinei muitos chutes e poucos socos. Após duas horas, a tarde findou e resolvi parar. Subi para o quarto e fiz as atividades da escola. Estudei algumas matérias, pois as provas começariam dali a duas semanas.

- Hora do jantar! – Mamãe chamou e desci.

A mesa estava farta e experimentei um pouco de cada coisa. Mamãe perguntou sobre a aula de balé e respondi que fora ótima. Contei-lhe alguns detalhes e voltei a comer.

Salto (Irmandade Rosa 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora