Capítulo 29

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 - Oi_falou uma garota ao lado enquanto tomávamos medicação na veia, era uma jovem como eu, a mesma que vi passar por mim no primeiro dia sobre uma cadeira de rodas

Isabella: oi

- começou essa semana?_não te vi muito por aqui

Isabella: pouco mais de uma semana

- eu me chamo Geovanna, qual o seu nome?

Isabella: Isabella

Geovanna: qual o seu ?_questionou olhando o acesso

Isabella: o meu o quê?_a questionei de volta, confusa e sem entender

Geovanna: o seu câncer

Isabella: ah, me desculpa. No estômago, adenocarcionoma, um tipo agressivo que nunca lembro o resto dos detalhes, e o seu?

Geovanna: Câncer de pulmão, um carcinoma de células grandes. Também é um tipo bem agressivo, quando tive o diagnóstico já tinha avançado muito, nos últimos meses descobrimos que entrou em fase de metástase, com sorte eu consigo passar de 2 ou 3 meses quem sabe.

Isabella: poxa, eu sinto muito, de verdade.

Geovanna: tudo bem, eu já me acostumei com a ideia da morte, não foi fácil acredite, mas o que posso fazer, somos só viajantes neste mundo vasto, fazendo nossa trajetória e deixando nossas marcas_disse enquanto uma enfermeira se aproximava para retirar o acesso dela, pois sua sessão tinha acabado

Isabella: tchau, até mais_não sabia o que dizer além de apenas me despedir triste por sua condição

Geovanna: te desejo sorte e vida garota, tchau tchau.

Isabella: amém, obrigada_respondi enquanto ela se retirava da ala na cadeira de rodas sendo levada pela enfermeira.

[...]

Achei que tudo seria tranquilo ou quase isso depois da primeira sessão de quimioterapia, mais a junção das medicações e dieta, porém depois de uma semana tenho percebido que quanto mais os dias passam mais cansada me sinto, mais sintomas diferentes tenho sentido o que provavelmente devem ser os efeitos colaterais surgindo e infelizmente tem vindo com força em mim.

Agora só vou à escola nos dias que é possível, quando me sinto em condições, pois devido às dores, enjoos, tonturas, fraqueza e um cansaço que nunca passa, há dias que é praticamente impossível eu sair para qualquer lugar, ou fazer qualquer coisa. Minha vida tem mudado tanto que chega a me assustar, não parece mais a minha vida, eu não faço mais as coisas que eu gosto e costumava fazer, estava menos feliz, sorrindo menos, e tinha todos os motivos do mundo pra isso. 

Era exatamente 15h58 da tarde quando precisei da ajuda de minha mãe para ir ao banheiro tomar banho depois de ter vomitado 3 vezes seguidas todo o chão da sala de estar e quase ter caído em seguida devido a queda de pressão ou sei lá o quê.
Nunca me senti tão frágil e tão debilitada antes em toda a minha vida, eu estava literalmente muito doente, e quando encosto a cabeça no travesseiro depois de um mal dia fico a me perguntar se esse tratamento está realmente me ajudando ou terminando de me matar. Minha mãe ligou o chuveiro e fiquei ali embaixo, desejando que a água levasse embora junto bem mais que só a sujeira do vômito, levasse também essa maldita doença. 

Marcele: me chama se precisar de ajuda, vou ficar aqui atrás da porta 

Isabella: tudo bem

Meu sentimento naquele exato momento era se possível fugir do meu próprio corpo, fugir de mim mesma, das minhas dores, da bagunça da minha vida, dos meus pensamentos negativos e ir pra bem longe de toda essa realidade cruel, mas nada do que queria no momento era possível. Não há como fugir dos problemas quando eles moram dentro de você. Por mais que tentasse de todas as formas me sentir melhor e ser positiva, o câncer achava um jeito de me desanimar. 

Quando Vem De Deus É Diferente [ Amor, Fé & Superação ]Where stories live. Discover now