Acordar no dia seguinte sem a Melanie foi muito triste. Ainda pior era saber que não só ia gravar um episódio com Max e Nev sem ela e que, provavelmente, também iria gravar o seguinte, já só com o Nev e sem a Melanie também.
Antes de qualquer decisão tivemos a típica reunião matinal para decidir os próximos passos a dar. Como a próxima pessoa que íamos ajudar ficava a uma hora de carro do sítio onde estávamos decidiu-se que íamos mesmo de carro e não de avião.
Mais uma vez ocupei o lugar ao lado do de condutor que estava ocupado por Nev e Max foi para trás.
A música era calma, o silêncio profundo e dei por mim quase a adormecer não fosse o meu telemóvel tocar.
Olhei para o ecrã e sorri ao ver que era o meu amigo Mitchel.
"Estou?" - disse ao atender a chamada.
"Olá Petra, tudo bem?"
"Sim, estou a viajar neste momento. E contigo?"
"Estou na mesma. Os miúdos é que já estão com saudades. Eles dizem que eu não sei dançar Hip Hop e já não aguentam o contemporâneo."
"Eles estão com saudades ou tu estás com saudades?" - eu perguntei e ri.
Ouviu-o a rir do outro lado da linha e vi Nev a olhar cada vez mais para mim.
"Ambos." - respondeu ele.
"Também tenho saudades. Dos miúdos e tuas e de toda a gente. Mas já sabes como é."
"Eu sei. Estava só a ligar para ver como é que estavas."
"Fizeste bem."
"Depois quando voltares temos muito trabalho para fazer. Lembraste? A angariação de fundos?"
"Sim, sim, eu sei! Se quiseres podes ir começando a coreografia. Eu confio em ti."
"Ok. Tenho que ir. Tenho uma aula para dar. Beijos."
"Beijos Mitchel. Adeus."
Desliguei a chamada e continuei a olhar pela janela. Fechei os olhos a pensar que ia dormir um pouco mas Nev não o permitiu.
"Não sabia que tu e o Mitchel se davam tão bem." - disse Nev.
"Mas damos. Desde sempre. Algum problema?" - perguntei, cruzei os braços e olhei para ele pela primeira vez.
"O meu problema não é vocês se darem bem é ele estar interessado em ti."
Cheguei-me para a frente e levantei uma sobrancelha perguntando em choque - "O QUÊ?! Não há nada entre mim e o Mitchel!"
"Não digo que haja mas ele quer." - disse ele variando o olhar entre mim e a estrada.
"Achas mesmo?" - questionei incrédula.
"Sim." - respondeu Nev enquanto abana a cabeça em sinal de afirmação - "Quase que posso jurar."
Eu não falei nada. Apenas sorri e voltei a encostar as costas ao banco.
"O que é essa cara?"
"Qual cara?" - respondi.
"Estás a sorrir."
Eu ainda sorri mais o que o fez abrir os olhos.
"Porque é que estou com a ideia que não ficaste propriamente triste por saber que ele tem interesse em ti?!" - falou ele em choque.
"Talvez não esteja."
"O quê?!?! Estás a gozar!"
"Não. Ele é giro, é meu amigo há anos, grande bailarino. Porque não?" - questionei um pouco exaltada. A verdade é que gostava mesmo muito do Mitchel apesar de nunca o ter visto dessa maneira.
"Porque eu sou mais giro, sou mais teu amigo e só não danço melhor porque nunca me ensinaste." - respondeu ele e eu ri sarcasticamente.
O silêncio voltou e eu voltei a olhar para a janela. Pelo espelho lateral do carro vi Max no banco de trás. Estava a dormir e com o balanço do carro estava com o corpo caído para a frente.
"Nev, vai devagar por favor." - pedi enquanto tirava o cinto de segurança.
"Que estás a fazer?" - perguntou ele ao ver-me a passar para os lugares de trás.
"O Max está a cair. Vou ao lado dele para o segurar." - respondi.
Agarrei a cabeça de Max com cuidado e pousei-a no meu ombro. Nev ia vendo tudo pelo espelho retrovisor.
Apesar do sono fiz um esforço para me manter acordada para que Nev não fosse a conduzir sozinho o que podia ser perigoso.
Finalmente chegámos ao hotel onde íamos ficar e a sensação de pôr as minhas coisas num quarto de hotel só com uma cama era indescritível. Não é que não me dê com mais ninguém mas a Melanie era com quem passava todo o dia e noite.
Na manhã seguinte levantei-me mais cedo do que era preciso só porque estava cansada de estar num quarto tão silencioso.
Fui beber o meu Cappuccino e fiquei surpreendida ao ver que quem também já estava a tomar o pequeno almoço era Nev.
"Nev? Aqui tão cedo?" - perguntei enquanto me sentava à sua frente.
"Estou sempre. Eu é que te deveria perguntar isso."
"Insónias." - disse sem explanar o assunto.
"Estiveste a pensar em mim?"
"Isso querias tu. Devem ser saudades da Melanie. E tu? Porque é que acordas tão cedo?"
"Fui fazer uma corrida."
Olhei para ele com uma sobrancelha levantada mostrando como estava desconfiada daquela informação. Ele apontou para si próprio e eu reparei que ele estava de fato de treino e a suar. Tudo indicando que dizia a verdade.
"Não sabia que gostavas de correr de manhã." - disse acreditando nas suas palavras devido às evidências.
"Já não o fazia há algum tempo, mas gosto. Não és tu que costumas fazer isso?"
"Sim. Mais quando estou em casa como uma espécie de aquecimento para a dança." - respondi.
"Também podes fazer aqui. Podemos ir correr os dois." - disse ele já com os olhinhos a brilharem.
"Achas que me conseguias acompanhar?" - questionei com o meu ar superior.
"Não sei é se tu me consegues acompanhar."
"Desafio aceite! Hoje, depois da chamada no Skype, tu e eu aqui à porta. O último a chegar ao parque... Bem..." - parei para pensar porque não sabia como continuar.
"Fazemos assim. Se eu ganhar ensinas-me uns passos de dança." - propôs Nev.
"E seu eu ganhar tu nunca mais me dizes piropos ou me chateias com coisas dessas." - disse e estiquei logo a mão.
"Tu não queres isso." - disse Nev levantando uma sobrancelha.
"Aperta!" - insisti e ainda abri maias a minha mão.
Ele ainda pensou um tempo naquilo mas lá acabou por agarrar a minha mão. O que começou num aperto de mão firme rapidamente se tornou em algo mais suave. Nev sorriu e levantou a minha mão para perto da sua cara e quando o vi a levar a minha mão perto dos seus lábios tirei a mão rapidamente e levantei-me para ir embora.
"Que nojo." - disse a saí da mesa.
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Tira uma foto, dura mais tempo
Teen FictionOlá, eu sou a Petra. Sou jornalista de investigação e professora de dança. Sou uma mulher muito independente e não tenho problemas em dizer o que penso. O meu defeito? Paciência. Principalmente para o meu "aminimigo" Nev Schulman. Já lhe dei tanto c...