26 - Amor

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Comecei a correr em sua direção, vendo ele fazer o mesmo.

— Eu vou acabar com você! — ameacei. E eu vi um leve sorriso no canto da sua boca.

Eu golpeava seu rosto com a mão fechada e ele se esquivava de todos os golpes se protegendo com os braços. Segurou no meu pescoço impulsionando toda a sua força para que eu caísse contra o chão; Cai, o puxando junto a mim e rolando para ficar em vantagem sobre ele. Saltei para trás, e o golpeei com os pés, fazendo ele cair novamente no chão. Subi sobre seu corpo, me preparando para golpeá-lo com a faca. Eu já sentia o gosto de chumbo em meus lábios,  quando ele me golpeou com os pés na minha costa, fazendo eu rolar para frente e depois de dar uma cambalhota forçada parei  em posição de ataque.

— EU VOU TE MATAR. — sibilei indo em sua direção enquanto ele corria em minha direção com um sorriso no rosto. Impulsionei a minha corrente no ar e joguei contra ele, vi a cobra se enrolar no seu pescoço e eu o puxei contra mim, golpeando seu rosto algumas vezes. A cobra o mordeu, fazendo ele urrar de dor. Golpeei-o com a faca em vários pontos do peito enquanto seu sangue caia de seu corpo sujando a minha roupa.

— VOCÊ VAI SOFRER TODAS AS MORTES QUE VOCÊ CAUSOU! — urrava.

Sentia a lamina sendo cravada em sua pele, em seus músculos, e órgãos. O seu sangue fresco sujava minha roupa, enquanto sua vida corria pelas minhas mãos. Era como se eu esperasse ficar mais aliviada com sua morte... feliz.

Joguei seu corpo contra o chão, vendo ele se contorcer de dor. Estava cansada e ofegante. Josh caminhava em minha direção sozinho enquanto alguns homens e mulheres corriam em direção a mata. Cai de joelhos procurando ar. Eu estava muito fraca.

— Por que eles fugiram? — indaguei sem entender.

— O líder deles foi morto... eles não tem mais pelo que lutar. — respondeu assustado. — Você tá bem? — perguntou também ofegante. Ele chorava olhando a nossa volta.

Meu corpo estava coberto de sangue e eu não sabia identificar somente uma pessoa. Ver aquela quantidade de corpos me fazia sentir pesada, culpada. Eu havia os trazido para morrer, em vão. Tudo foi minha culpa.

— Me ajudem. — a mãe do Josh gritou, ajoelhada a um corpo. Corremos até ela e nos deparamos com Elena que estava muito machucada.

— Obrigada, Sara. — ela sorriu. — Se não fosse você, eu estaria morta. — ela agradeceu respirando com dificuldades.

Seu lábio superior estava inchado e havia alguns cortes em sua face, assim como sangrava seu nariz.

— Leva ela ao hospital, Josh. — respondi cabisbaixa, lembrando que era humana e não se curaria sozinha. Eu não conseguia encarar seu rosto, afinal, eu poderia ter conseguido salva-la mas as outras mortes foram por minha culpa.

Josh assentiu.

— Olha, acabou. — disse, calmamente. Seus olhos estavam cheios de lágrimas. — Vai ficar tudo bem.

Não respondi. Olhar cada rosto morto ali estava me torturando. Ele desapareceu com Elena e sua mãe. Vi uma caixa de fósforo e um cigarro no chão e a peguei analisando tudo a minha volta: a casa de Elena, toda quebrada, vários corpos desfigurados e ensanguentados.  Mas... como eu iria adivinhar? Estava acreditando que tudo daria certo... Minha mente se enchia de perguntas e lembranças. Eu não conseguia raciocinar normalmente.

Eu caminhava, desviando dos mesmos, entre as lágrimas. Acendi o fogo ateei nos corpos. Ninguém iria até ali, porém, era muitos corpos. Eu sabia que deveria tentar encobrir aquilo. Vi o fogo crescer, criar forma e cada vez mais acolher novos corpos. Voltei a correr em direção a um lugar em especial, a minha casa.

Noites SombriasWhere stories live. Discover now