Batalhão 16: A Lista de Fogo (Romance & Mistério) - Livro 2

Capítulo 01 - O Começo de Tudo

– O quê? Fala mais alto, não estou te ouvindo direito. — Estávamos dentro do helicóptero, sobrevoando o oceano atlântico; um treinamento de resgate em alto mar.

– Estou dizendo que você devia pegar mais leve com eles, o seu filho está nesse esquadrão também. Vá mais devagar com esses aspirantes, Sargento. — Falava o Daniel Freitas, bem do meu lado dentro do helicóptero.

– Eu sei, Daniel, e eu te entendo, mas lembre-se do nosso treinamento; nós não tivemos regalias e nem pegaram leve conosco para chegarmos onde estamos hoje. Então temos que ter a mesma disciplina e rigor para com eles, assim como foi conosco, com a nossa turma na época. Temos que disciplinar esses moleques a se tornarem verdadeiros homens, verdadeiros soldados. — Eu falava de cara fechada, enquanto olhava para o mar com a porta do helicóptero já aberta.

— Te entendo perfeitamente, Sargento Braz. Então vamos nessa, vamos resgatar eles, pois já estão de molho demais nesse mar gelado. — Completou o Freitas, pegando o colete salva vidas e o colocando, pois o mesmo havia esquecido de o fazer antes.

– Você nunca muda, não é parceiro? — Falei rindo, olhando para ele enquanto ele já saltava primeiro para o mar.

Saltei em seguida, mas antes joguei a cadeirinha de salvamentos para fora do helicóptero; ela estava içada por um cabo de aço acoplado na parte de cima do mesmo, em uma enorme estrutura de ferro. O segundo helicóptero que acabara de chegar também já jogava a cadeira de resgate içada para dentro d'água, enquanto um soldado mergulhador pulava em seguida para transportar os aspirantes, seriam cinco em cada helicóptero.

Antes que eu me esqueça; éramos da equipe da guarda costeira, estávamos treinando os aspirantes que supostamente iriam continuar como mergulhadores de resgate, os que não passariam, tentariam combate à incêndio no 16° batalhão militar do corpo de bombeiros, onde eu era sargento e o Daniel Freitas era cabo oficial. Tudo aquilo era um treinamento de quase cinco horas em alto mar.

– Não estou sentindo as minhas pernas, Diego. — Era o Bryan falando, choramingando na verdade.

– Para de ser criança, cara. Nós só estamos na água há quatro horas. — Falou o Diego, querendo mostrar estar mais forte que ele naquela água completamente gelada.

Ao todo eram dez aspirantes dentro d'água, fazendo aquele penúltimo treinamento em busca de se tornarem mergulhadores profissionais da guarda costeira do Brasil. Dentre eles estava o meu filho; Diego Nardozzi Braz, de vinte e dois anos de idade; um rapaz de uma inteligência fora do comum, uma beleza que puxava a do pai, sem querer me gabar, e ele possuía o sonho de seguir os meus passos, o pai dele; Marcelo Nardozzi Braz. Ele queria ser um bombeiro militar.

Para ele não importava se fosse mergulhador, salva vidas ou se fosse combatente de incêndio e perito em explosões. Ele queria servir ao exercício militar de qualquer forma. Entre os dez aspirantes naquele treinamento, estava também o seu melhor amigo, o Bryan Anthony Derion; dois anos mais novo que ele, muito inteligente, mas também muito teimoso e ainda agia como uma criança.

Como eu sabia de tudo aquilo? Simples; os dois não se desgrudavam desde o ensino médio. Aquele jovem, o Bryan praticamente cresceu na minha família, na minha casa, ao lado do meu filho. Eles eram melhores amigos, e eu poderia dizer até que eles eram mais que isso na verdade, eu sempre notei aquilo desde cedo, embora eles não.

– Muito bem aspirantes, como estão todos nesse treinamento? Tranquilo e sossegado? — Eu queria torturar eles de verdade, fazendo tal pergunta.

– Tranquilo? Sossegado? O seu pai só pode estar ficando maluco, Diego. — O Bryan falava com a cara mais emburrada que existia.

– Não vi nada de difícil ou cansativo neste treinamento, Bryan, eu falo sério. — Respondeu o Diego.