Mil e quinhentas léguas é o que separa a costa sul-americana de uma ilha esquecida pelo resto do mundo. Último lar e mausoléu para os criminosos mais vis, há trinta anos foi a fundação para uma das maiores prisões intocadas pelo conhecimento popula...
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Sala de reunião da base de treinamento da G.E.N.E.S.I.
Group of Experts "Nightly Eyes" to Secret Investigations
(Equipe de Peritos "Olhos Noturnos" para Investigações Secretas)
Keaven seguia por um corredor iluminado somente por lâmpadas fluorescentes de baixa intensidade. O caminho era estreito, frio. Sara e Tomás vinham atrás, calados. Todos os três exibiam curativos nos ferimentos adquiridos na manhã anterior. Tomás mancava um pouco; os outros pareciam recuperados das injúrias. Sem diminuir o passo, Keaven empurrou uma porta dupla de metal no fim do corredor. Tomás o acompanhou. Sara aguardou por um instante, apertando os punhos e respirando fundo. Em seguida, com a expressão impassível, atravessou o umbral. A porta se fechou lentamente atrás dela.
Uma mesa de tampo de vidro se estendia em uma sala de teto baixo, sem outras mobílias. Não havia equipamentos, ou janelas, apenas uma porta camuflada nos fundos, a saída de emergência. Além do trio recém-chegado, seis pessoas aguardavam, todas na mesma faixa etária, entre 25 e trinta anos.
— Olhem quem chegou — disse um rapaz alto e magrelo, mas de corpo definido. Havia um tom de reverência fingida na voz. — Os Changeman.
— Bom te ver também, Grego — disse Tomás, sem olhar para Gregório.
— O Transformer deu muito trabalho? — perguntou, dirigindo-se a Keaven, um sorriso em meio à barba acobreada espessa. Este o ignorou.
— Você também parece ter apanhado um pouco — disse Tomás.
— Isso aqui? — Gregório exibiu o bíceps enfaixado. Alisou o curativo. — Mordida de cão raivoso. Dá pra acreditar na loucura de Michael? — Gargalhou de modo forçoso, os olhos esverdeados entregando a artificialidade do riso.
— Não sei como consegue achar engraçado — disse Felicia, uma garota de traços aristocráticos, e ao mesmo tempo lascivos. Mechas castanhas caiam-lhe à face. — Se um daqueles bichos me deixa uma cicatriz no rosto...
— Eu ainda te traçaria, gata, não se preocupa — disse Gregório, lançando-lhe uma piscadela. Ganhou o dedo médio erguido da garota como agradecimento.
— Não foi tão ruim com os nerds do que foi conosco — disse Rômulo, um negro de ombros largos e dreads amarrados em um coque no alto da cabeça. Uma cicatriz antiga riscava a pele da têmpora direita à parte de trás da orelha.
— Não é porque você não consegue nem ao menos se cadastrar em um site de pegação que somos nerds, meu querido — disse Anna, uma garota de cabelo (e pavio) curto. Encarou-o com os grandes olhos castanhos no rosto angelical.
— Não dê confiança pra ele, Anna — disse Rose, sentada ao seu lado. — Rômulo não é o melhor nadador entre nós à toa: ele também tem cérebro de peixe.
