Capítulo 20 - Tudo o que me importa

3K 150 164
                                    


°•°•Tudo o que me importa•°•°  


Por Peeta

No percurso de volta pra casa, depois de deixarmos a floresta, encontramos Haymitch.

— Pela cara de vocês, o dia de caça não foi proveitoso.

— Não mesmo. Só conseguimos um coelho para o almoço de amanhã — reclama Katniss. — Peeta espantou todos os animais com o barulho que faz quando caminha...

— Mas nem fiquei com você o tempo todo! — Eu a corto e ela nem se dá ao trabalho de rebater.

Katniss aperta o passo em direção à sua casa e sigo em seu encalço. Nem me despeço de Haymitch e só escuto sua última frase quando já estou a uma boa distância:

— Que a sorte esteja a seu favor, garoto!

Ela entra rapidamente em casa, mas eu a alcanço antes que feche a porta.

— Simplesmente não consigo andar de modo silencioso. Não sou o Gale — afirmo de modo impaciente.

Katniss vira-se imediatamente ao ouvir o que eu disse.

— Você toca no nome dele como se fosse a coisa mais natural do mundo.

— Porque é assim que deve ser. Natural. Gale é seu amigo.

— Já que faz tanta questão de se lembrar dele, ponha-se no meu lugar e imagine como se sentiria se eu convidasse o Gale para morar comigo.

— É difícil imaginar algo assim, pois você não quer nem mesmo ouvir falar dele. Acho que a própria Prim não gostaria de saber que você ainda o culpa pela morte dela.

— Não ouse falar de Primrose como se a conhecesse melhor do que eu. — Sua ira transborda através de sua voz.

— Apenas penso que essa seria a opinião dela — digo pausadamente, o que parece enfurecê-la ainda mais.

— Já disse tudo o que pensa? Agora faça o favor de me deixar em paz.

Katniss corre até o banheiro e tranca-se lá dentro. Consigo escutá-la soluçando e bato na porta suavemente.

— Quero ficar sozinha — implora ela.

— Não vou embora antes de se acalmar — aviso. — Mesmo que isso signifique ficar aqui fora até amanhã.

— Não vou sair enquanto você estiver aí. — Ouço seu murmúrio.

— Se a minha intenção ao falar de Prim fosse ofender você, atenderia seu pedido e deixaria a sua casa sem que precisasse mandar. No entanto, não foi o caso. Então, não vou largá-la sozinha com seus pesadelos.

— Você é teimoso demais.

— Estou aprendendo com você, que é a teimosia em pessoa. — Tenho a impressão de que ela ri por uma fração de segundos.

Após uns instantes de silêncio, dou mais algumas batidas na porta e digo:

— Não quero que fique trancada no banheiro por minha causa. Você deve estar com fome, pois não comeu nada desde cedo. Vou sair daqui, mas não pra ir embora. Estarei no quarto de hóspedes, se precisar de algo.

Não obtenho resposta. Subo as escadas e caminho até o último cômodo do corredor, do lado oposto ao quarto dela. Apesar de nunca haver dormido neste quarto, é aqui que guardo alguns objetos pessoais, já que é na casa dela que tenho passado as noites.

Jogos Vorazes: A Redenção do Tordo (Após a Rebelião)Where stories live. Discover now