Dandara Osahar

Capítulo 5

No dia seguinte...

Arrumei a minha mochila com algumas peças de roupas que daria para passar o final de semana, coloquei alguns produtos de higiene pessoal, me despedi da Natty, que ficou chorosa, mas entendia que eu também precisava ver a minha família.

Sai correndo e peguei o primeiro ônibus que passou, queria chegar o mais rápido possível a casa dos meus pais para abraçá-los e beijá-los, eu estava com muita saudade.

Observo da janela do ônibus as ruas ficando cada vez mais estreitas e as pessoas já não tinham tanto glamoure não vestiam roupas de grifes famosas, elas eram mais simples assim como eu . Dei o sinal para o ônibus parar no proximo ponto e assim que ele parou, desci e esperei o segundo que iria para o bairro de Bronx. Conhecido por ser de maioria imigrantes e um dos bairros mais pobres e violentos de Nova York, mas, para mim o mais importante era que a minha família estava feliz e adorando o lugar.

- Êêêiii! Dandara!

Estava de cabeça baixa tão distraída mexendo no celular que por um minuto pensei que estava ouvindo vozes do além.

Bíííííí. Ouço uma buzina de carro e quando levanto a cabeça devagar tentando entender o que estava acontecendo, advinha? Franklin Campbell parado em uma das faixas da avenida e a fila de carros se formando atrás dele. E todos buzinando e fazendo um barulho perturbador.

- Para onde você vai Dandara?

- Para a casa dos meus pais! – Gritei, porque naquele barulho se eu falasse baixo ele não ouviria.

- Entra aqui! Eu a levo na casa deles. – Ele também fala alto e todas as pessoas que estavam ao meu redor nos encaram sem entender nada.

- Mas nem é o seu caminho, muito obrigada! – Retruquei.

- Quem falou que não é o meu caminho? Venha rápido! – Franklin fala impaciente.E aquilo me soou uma ordem, dei um leve sorriso, corri e entrei no carro.

- Nossa! Você está sempre na defensiva Dandara, relaxa um pouco, eu não mordo. – Erguendo uma das sobrancelhas.

- Antes de qualquer coisa, quero pedir desculpas por ontem. – Falo sem graça.

- Esquece! Ontem foi ontem, hoje é um novo dia. Qual bairro você vai mesmo?

- Bronx. - Falo sem olhar para ele com medo da sua reação por ser um bairro pobre.

Ele abre um largo sorriso que no momento pensei que estava zombando de mim, mas engano meu, ele suspira fundo e começa a falar com um ar de orgulho do bairro e das pessoas que vivem nessas comunidades.

- Eu conheço esse bairro, ou melhor, quase todos os bairros das periferias de Nova York e de cidades vizinhas. Faço trabalhos voluntários há anos, essas pessoas são bem educadas e gentis, nunca me diminuíram ou questionaram pelo meu padrão de vida, pelo contrário me acolheu sempre que precisei e me tratava de igual para igual. Admiro muito como elas enfrentam a vida. Você sabia que esse povo são ums verdadeiros ensinamentos para mim? – Franklin fala sem tirar o olhar da direção do veículo, mas percebi que ele se emocionou em tocar nesse assunto.

Oi? O Franklin Campbell faz trabalhos voluntários e ainda gosta de pobres? Achei que fosse um filhinho de papai que não saia do escritório de jeito nenhum. – Pensei.

Parece até que ele ouviu os meus pensamentos, por mais que ele é generoso comigo, mas se preocupar com a sociedade é algo que jamais esperaria dele.

- Eu tenho esse jeito de Dom Juan, mas me preocupo muito com os outros e quando mais precisei de refúgio era para esses lugares que eu me escondia.