29. A corda tecida por Abel

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Tenho o pleno conhecimento de que nunca tinha ficado aérea em toda a minha vida como eu estou agora. Louis e Zoey não param de bater a boca enquanto enche elas com o café da manhã, mas eu só consigo pensar nos cenas perdidas e curtas da madrugada de ontem que se passam em minha cabeça


A chuva, o toque, as sensações, os sons. São coleções de momentos que flutuam sem controle sobre os meus pensamentos atordoados



Hoje de manhã, depois de por uma roupa decente e Harry sair do quarto com uma expressão limpa e incógnita no rosto, recebi uma ligação da minha mãe, onde ela dizia que suas amigas a raptaram para uma casa de férias de uma delas. Ela parecia triste e abatida, sua voz afetada, fazia tudo parecer tão estranho. Depois de me recomendar milhares de vezes para tomar todo o cuidado que fosse capaz de tomar, ela desligou, dizendo voltar para casa daqui a quinze dias. Ela parecia estranha ao telefone, mas quando a questionei ela apenas se referiu a saudade que sentia de meu pai

Também tinha ligações perdidas de Olívia. Queria tanto poder contar para ela tudo que estava acontecendo comigo, tudo o que sentia, o que eu aprendi e estava aprendendo. Queria poder falar de Harry, de como eu me sentia extravagantemente atraída por ele, de como ele parecia sentir o mesmo. Queria poder falar de Zoey e de Thalita, do quanto elas estavam me fazendo bem. Queria falar do quanto Niall estava quase surtando a todos nós enquanto ele tentava achar o 3 espírito protetor, e também do quanto Louis o tirava do serio com as suas piadas, e do quanto eles nos fazia rir com todas elas. Queria poder dizer que estava bem... mas eu não podia  fazer isso, nada disso, não podia fazer mais do que pedir segredo sobre o meu "desaparecimento"

Bebida, o desejo, os lábios, os toques, os arrepios na barriga, os sons. Os sons!


“Ele sempre foi tão chato assim?" Zoey ri observando a careta de Niall

“Não!" Louis desdenha “Acho que as décadas estão começando a deixá-lo rabugento.”


Niall dirige o olhar para ele, como se o pudesse queimar vivo, em um estralar de dedos. Ou será que ele podia mesmo?

Thalita tem suas mãos no rosto enquanto balança a cabeça em um ato reprovatório, ou talvez apenas seja a ressaca de ontem que estava lhe maltratando. Harry tem uma expressão congelada em seu rosto, seus olhos estavam me observando cautelosamente cuidadosos. Fazia alguns minutos que ele não falava nada, estava sereno, calmo, calado. Ele parecia estar em pensamentos profundos

Será que ele estava arrependido novamente? 

- Eu não sinto um pingo de arrependimento, Líope - a voz calma e machucada de Harry ecoa no fundo de minha cabeça

- Não foi isso que disse da outra vez - decido jogar em sua cara, aquilo que me vem me pertubando - Talvez sinta o mesmo agora

- Acredite. Tudo o que eu queria fazer é me sentir arrependido por aquilo que quero continuar fazendo a todo momento.- Harry mantem o fantasma de sua voz firme. Arregalo meus olhos, olhando em sua direção. Ele sorria pra mim. Não um sorriso, doce, gentil, amigável e carinhoso, não. Era um sorriso descarado, sem vergonha alguma

- Mas o q...

“Thalita e Callíope. Vamos." Niall levanta-se da messa, puxando delicadamente, Thalita pelo braço. Louis que estava rindo, desfaz seu sorriso, enquanto Zoey continua com seu ar risonho inatingível

“Vamos sair?" Louis faz uma careta

“Eu, Thalita e Callie? Sim, vamos sim."

“O quê? E a sua protegida? Aliás? E a gente com a nossa."

HEY ANGEL - H|S [PARADA]Where stories live. Discover now