Fiquei com seu número

Tirando o atraso

Sequestrar aquela mulher não foi nada fácil. Tive que fazer coisas das quais me envergonho. E se você está me julgando por tê-la sequestrado, pense nisso tudo como um ato de salvação, não conta como crime se eu estou sequestrando alguém que estava sequestrado por outra pessoa.

- Eu não sei, Clarke. Isso não me parece uma boa ideia. - Olhos escuros me fuzilavam.

- Por favor, Lincoln. Não custa nada vigiá-la por algumas horas. - Pedir ajuda a Lincoln não estava nos meus planos, mas...

O rapaz trabalhava em um posto de gasolina, local onde estávamos agora. Em uma pequena salinha nos fundos da loja de conveniência. No passado, havíamos trocado beijos e saliências algumas vezes, e talvez ele ainda nutrisse sentimentos platônicos por mim.

Tive que nocautear Costia, e arrastá-la até a porta que dava para a saída do jardim. Escondi-a atrás de uma churrasqueira, e disquei o número do garoto, ele atendeu no segundo toque, e dez minutos depois, estávamos transportando uma mulher desacordada até seu carro.

- E se ela acordar? - Foi uma questão de segundos até que Costia começasse a se remexer na cadeira. - Vamos pelo menos desamarrá-la.

- NÃO. ELA NÃO PODE FICAR SOLTA. É PERIGOSO. - Gritei, despertando Costia. PORRA!

- Ela me parece inofensiva. - Lincoln rebateu, olhando-a com certa agitação. Costia me encarou com ódio, se não tivesse amarrada, eu jurava que ela iria me trucidar ali mesmo.

- Eu vou matar você. - Ela disse friamente, não vou mentir, senti um medo absurdo.

COSTIA ERA LOUCA, ISSO EU TINHA CERTEZA. Eu havia acompanhado TODOS os seus emails.

- Calma. Amiga, amiga. Calma. - Me aproximei dela em passos lentos, com cautela, eu estava pisando em ovos aqui.

- Eu não sou uma cadela, você pode falar comigo direito.

- Uau, ela é bem rude, Clarke. - Lincoln soltou um riso abafado, entretido com toda aquela situação.

- Costia, não é mesmo? - Disse com certo receio, os olhos dela não eram nada amigáveis, e eu podia jurar que ela estava rosnando. - Meu nome é Clarke. E nós temos uma coisa em comum... - Sorri amarelo, completamente sem graça.

- Você é mais uma das vítimas dela? Bem-vinda ao time queridinha. - Diz ironicamente.

- Ela te sequestrou. E você deve querer se vingar dela. - Costia inclinou a cabeça para o lado, desconfiada. Ela nem negou, nem afirmou a minha teoria.

- Acho que vai ajudar mais, se você desamarrá-la. - Lincoln comentou.

- Isso. Faça isso.

Estranha essa garota.

Desamarrei Costia, ainda temerosa.

- Vou deixá-las a sós. Meu turno começa em dez minutos. Por favor, não façam barulho ou qualquer movimento brusco. – Lincoln se retira, ainda desconfiado com tudo. Bem, não é pra tanto.

A única coisa que me movia nesse exato momento, era o desejo de dar o troco em Lexa, estranhamente, essa maluca aqui e eu parecíamos ter isso em comum.

- Antes de qualquer coisa, eu não vou ouvir sua voz irritante sem comida no meu estômago. - Que mulherzinha desagradável, me segurei para não lançar algo nela.

Depois de alimentá-la, conto toda a história. Resumo algumas partes. E excluo totalmente a parte dos sentimentos. Costia ria feito uma hiena. É claro que havia agido por impulso ao tirá-la da casa de Lexa.

- O que estava fazendo lá, afinal?

- Não é dá sua conta. - Ela sempre respondia da forma mais rude que conseguisse encontrar.