Capítulo 33

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Faziam exatas duas semanas desde que Callie aceitou o pedido de casamento e ela não podia estar mais feliz. Desde que era criança, se imaginava casando em uma praia ao por do sol com um vestido esvoaçante e caminhando até o altar, onde a pessoa que passaria o resto da vida ao lado estaria lhe esperando.

Faltavam apenas dez dias para a cerimônia e quase tudo já estava pronto; o local, os convidados, a decoração, o DJ, o padre, os vestidos e as alianças, faltando apenas a confirmação das comidas e bebidas. Tudo estaria certo e correndo muito bem, se não fosse por Callie ainda não ter contado para a sua família que estava de casamento marcado, com uma mulher. 

— Callie, você precisa ligar para eles. — a loira andava de um lado para o outro no quarto, para ter mais segurança com a prótese, não queria caminha até o altar com uma bengala. — Faltam menos de duas semanas para o casamento e você ainda nem contou para a sua família.

— Eu sei disso, Arizona.

— Eu entendo que está com medo da reação deles, sabendo que são religiosos e tudo mais, mas eles precisam ao menos saber que a filha vai se casar.

— Tudo bem, tudo bem! — Callie exclamou, passando as mãos pelo rosto. — Eu vou ligar.

Com o celular em mãos, Callie olhava para a loira em sua frente e depois para o aparelho, repetindo essa ação diversas vezes. Sabia que aquela ligação era o começo para a mudança de sua relação com a família, mas não importava mais; ela havia encontrado a mulher de sua vida e mesmo que seus pais não aceitassem, aquela era a sua família agora, Arizona e Sofia eram a sua família.

— Eu consigo fazer isso. — a latina sussurrou para si mesmo, enquanto esperava seu pai atender a ligação.

— Você consegue, Callie. — Arizona sentou na cama, próxima à latina, e segurou a mão da mesma entrelaçando seus dedos. — Eu estou aqui.

— Oi, pai. — disse, tentando soar o mais natural possível. — Tudo bem?

— Calliope— o homem exclamou, empolgado. — Achei que havia se esquecido de nós, mi hija.

— Eu só não tenho tido muito tempo livre ultimamente, com o trabalho e a Sofia. Desculpe-me.

— Sinto saudade de vocês, Calliope— já fazia um bom tempo que Callie não visitava seus pais, a última vez foi quando Sofia nasceu. — Me diz, como está a minha neta?

— Sofia está muito bem, pai. — a latina olhou para Arizona, que não tirou os olhos dela desde que a ligação foi iniciada. — Ela está mais linda e esperta à cada dia!

— Eu espero que vocês venham nos visitar logo, sua mãe também está morrendo de saudades.

— Eu vou assim que puder. — Callie respirou fundo, não podia mais adiar, já havia passado da hora de contar logo sobre o casamento. — Então, eu liguei para contar uma notícia. A mamãe e a Aria estão por aí ?

— Sim, eu vou chamá-las— Callie ouviu uma porta sendo aberta e imaginou que Carlos estava indo atrás de sua mãe e sua irmã. — Pronto, hija. Já estou com elas.

— Calliope, que saudade, minha filha!

— Oi, mãe. Também estou com saudades. — Arizona já se mostrava impaciente por conta da demora e suspirava sempre que a latina parecia adiar a notícia. — Oi, Aria!

— Oi, Callie! — Aria é três anos mais velha que Callie e por serem quase da mesma idade, sempre contaram tudo uma para a outra. Inclusive, ela era a única que sabia do relacionamento da latina com a Arizona, e prometeu não contar nada aos pais. — Vai, diz logo qual é a notícia. Já estou ficando impaciente.

— Então, eu queria ter contado antes, mas tudo aconteceu tão rápido e eu vou me casar.

— Calliope, isso é maravilhoso! — seus pais disseram juntos, não conseguiam conter a alegria. — Mas quem é o seu noivo?

— Então... Há, mais ou menos, um ano, eu conheci uma mulher e eu me apaixonei completamente por ela. — disse Callie, olhando para a loira que a encarava com um sorriso bobo nos lábios. — A Arizona me faz bem e me ama muito, eu espero que vocês entendam.

— O que? — Sr. e Sra. Torres pareciam não estar acreditar no que acabaram de ouvir e por um instante, Callie pôde até visualizar a cara de desgosto de sua mãe. — Uma mulher?

— Sim.

— Você só pode estar ficando maluca, Calliope— disse Lucia, praticamente gritando do outro lado da linha. — Casamento entre duas mulheres é errado!

— É errado amar, mãe ?

— Deus fez a mulher para ficar com o homem, Calliope!

— Quer que eu fique com um homem e seja infeliz? — Arizona chegou a se assustar com a elevação no tom de voz da latina. — Arizona é a pessoa que eu amo, e eu vou me casar com ela!

— Já chega! — Callie ouviu o barulho dos sapatos de sua mãe se afastando. — Eu me recuso a continuar ouvindo essa pouca vergonha!

— Lucia! — a voz de Carlos também ficou distante, indicando que estava indo atrás da esposa.

— Callie, eu vou tentar resolver as coisas aqui. — disse Aria, tentando ajudar a irmã. —Tudo bem?

— Obrigada, Aria!

— Eu te ligo mais tarde. — a moça nem esperou a resposta de Callie e finalizou a ligação.

Um silêncio total se fez no quarto, tornando possível ouvir até a respiração das duas. Arizona permanecia com seus dedos entrelaçados aos da latina, que por sua vez, apertava as mãos da mesma como se sua vida dependesse disso; e seus olhos mantinham uma conexão inquebrável, quase nem piscavam.

Uma lágrima solitária escorreu pela face da latina e vendo aquilo, Arizona sentiu como se tivesse recebido um soco certeiro no estômago ou algo ainda mais doloroso. Nenhuma dor física podia se comparar à dor que sentia ao ver Callie chorando, ainda mais quando ela podia notar que a mesma lutava para não se desmanchar em lágrimas. 

— Callie, se você quiser, podemos adiar o casamento. — disse Arizona, tentando disfarçar sua tristeza. - Ou até mesmo cancelar.

— Não, Arizona! — Callie exclamou.

— Mas Callio...

— Esse casamento só vai ser cancelado se uma das noivas quiser que seja. — disse, impedindo que Arizona terminasse de falar. — E eu não quero cancelar, você quer?

— Não! É claro que não.

— Então, nós vamos nos casar em dez dias, Lucia Torres aceitando ou não.

— Você tem certeza? — ela perguntou, olhando no fundo dos olhos de Callie.

— Arizona, eu nunca tive tanta certeza em toda a minha vida! 

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