4 - Apaixonado (REVISADO)

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Alexandre seria exatamente o tipo de cara por quem eu me apaixonaria fácil… mas, (já repararam como sempre tem um “mas”?) eu não poderia, não queria de jeito nenhum me apaixonar novamente. Relacionamento sério eu só tive um em toda minha vida, agradeço todos os dias por ter conhecido Allan e Bruno que me mostraram as maravilhas de uma vida de solteiro. Um dos melhores conselhos da minha vida recebi de Allan, na época eu tinha acabado de terminar o relacionamento e estava chorando as pitangas, fui traído, enganado e definitivamente essas coisas não fazem o meu tipo. Lembro que ele me disse: Porque você não faz que nem eu? Fica com vários ao mesmo tempo, sem nenhum sentimento? Talvez ele tenha sido um pouco escroto, mas foi o melhor conselho que recebi na minha vida. E Alexandre se mostrava pra mim um tipo muito complicado, ele era, sem dúvidas, mal resolvido sexualmente.
Voltando a história, era quarta-feira e eu tinha acabado de chegar da faculdade, ele não ficaria de Salva-vidas nesse dia e disse que me levaria no seu lugar preferido. Já imaginava vários lugares que sem dúvidas eu odiaria, mas sabe como são as coisas, né? Não devemos criar expectativas, e ele me surpreendeu, me levou em um lugar que até hoje eu visito às vezes, um lugar que me deixou com meu emocional abaladíssimo. Não é pra menos, um centro de cuida de crianças com HIV, lá ele parecia bem íntimos de todas as crianças que era um total de 35, ele me contou a história de todas elas, e quando saí estava destruído.
—Como você pôde fazer isso comigo? – perguntei enquanto andávamos pela rua – não podia ter me dito antes pra eu me preparar emocionalmente?
—Que graça teria? – respondeu rindo – mas, sem dúvidas, é emocionante e triste também… Todas essas crianças… Na primeira vez chorei muito – ele se sentou num banco de uma praça que tinha ali perto e me convidou a fazer o mesmo – Sabe, às vezes, achamos que temos todos os problemas do mundo, que a vida é uma droga, mas quando paramos pra olhar em volta vemos que nossos problemas são banais, comparados aos de outras pessoas.
—Fico feliz que tenha me trazido aqui. – falei acendendo um cigarro – Hoje você me mostrou que apesar de ser um babaca, narcisista e mal resolvido com a sexualidade… – ele riu e sua risada era gostosa e contagiante – Sabe ser humanitário, atencioso, generoso, você é uma ótima pessoa, Alê!
—Até pra elogiar você tem que ser escroto, não?
—Não seria eu se não fosse!
—Vem vamos tomar sorvete! – disse tomando meu cigarro e jogando no chão.
—Você vai pagar! – disse me levantando.
—Ok, seu mão de vaca! – disse me fazendo rir e logo em seguida sem eu esperar me colocou no ombro e saiu correndo atraindo olhares de várias pessoas na rua.
Cheguei em casa maravilhosamente feliz e obvio que meus pais perceberiam.
—Aposto que essa alegria toda é por causa daquele cara – disse meu pai.
—Não tenha dúvidas! – disse deitando e colocando a cabeça em seu colo.
—É bom que você comece a namorar. – disse minha mãe da cozinha – Assim larga essa vida de puta!
—A senhora não me arrase!
—Tenho que concordar com ela. – disse meu irmão Murilo descendo as escadas.
—Ninguém pediu sua opinião, enrustida. – falei me levantando e abraçando ele.
Subi para o meu quarto e não consegui dormir, fiquei pensando no Alexandre boa parte da noite, e foi nesse dia que eu percebi: Eu estava Apaixonado.

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