15 - Papai (REVISADO)

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Vi Alexandre chorar feito criança ao abraçar os pais, não posso julgar ele, 7 anos separados até eu.
—Você deve ser o Math. Meu Deus como é lindo, e esses cabelos maravilhosos?! – disse Amanda minha sogra, ela é branca, com os cabelos negros iguais ao do filho e o mesmo olho verde, alta, e é sem dúvidas uma mulher linda.
—Obrigado – foi tudo que consegui dizer, estava extremamente sem graça.
O pai do Alexandre me chamou em um canto enquanto a Amanda e o Alê conversavam animadamente.
—Queria agradecer por tudo que tem feito pelo meu filho… – disse sorrindo e com os olhos cheios de lágrimas, Cassio era banco, alto, malhado, olhos castanhos escuros, e os cabelos totalmente grisalhos.
—Você não tem que me agradecer nada, na verdade é ele quem me faz feliz!
—Ele deu muita sorte de encontrar alguém como você. – disse olhando pra janela – O meu filho veio pra cá, destruído e sem esperanças, olhando ele hoje, não vejo um resquício do homem acabado e triste de 7 anos atrás…
—E eu não vejo um resquício do Math puta de tempos atrás – falei mentalmente.
Depois da alta do Alexandre, ele foi pra casa com os pais, eu segui pro shopping, gastei todo o meu limite com roupas, brinquedos e decorações pro quarto do Pedro.
Na saída estava cheio de sacolas e mal conseguia carregar tudo, e tive que implorar pro meu irmão ir me buscar, mas quando cheguei no estacionamento tive uma desagradável surpresa.
—Allan? Oque você está fazendo aqui? – perguntei secamente.
—Eu vim te buscar seu imbecil. – disse abrindo a porta.
—Eu não vou com você. – disse furioso – Achei que tivesse nojo de mim.
—Desculpa, tá bom? Eu fui um babaca, um imbecil, um…
—Preconceituoso de merda, uma bicha desgraçada, uma bicha má, literalmente. – disse furioso.
—Eu não cumpriria com meu papel de amigo se não me preocupasse com você!
Eu fiquei em silêncio por um tempo e depois deixei as sacolas caírem e o abracei com toda a força, em silêncio compartilhamos daquele momento que era só nosso.
—AINDA BEM! – disse Bruno aparecendo no banco de trás do carro – JÁ ESTAVA CHEIO DE FICAR AQUI DEITADO ASSISTINDO ESSA CENA!
—Não sei por que não estou surpreso! – como eu estava sentindo falta daqueles dois viados!
Fomos e contei todas as novidades e depois de muita discussão sobre eles quererem que eu mude o nome do meu filho pra Christopher e do Bruno criticar cada peça que eu comprei pro quarto do Pedro, seguimos todos pra casa do Alexandre.
Assim que chegamos no condomínio os dois, no caminho da portaria pro elevador, procurando flerte com todos os boys que passavam, quando entramos no apartamento o Alexandre estava deitado com a cabeça no colo da mãe conversando com o Cassio sentado no outro sofá, o Bruno já foi entrando e se jogando no sofá também
—Tira essas pernas daqui Alexandre, estou cansado. – e apenas deitou.
—Bruno, seu viado ridículo. – disse Allan – Não ta vendo os pais do Alexandre aí?
—Oi gente, prazer Bruno, a bunita – disse com a cara mais cínica do mundo.
—Meu Deus que vergonha, queria estar morta!
—Então se mata viado, não tem ninguém te segurando! – disse Bruno ainda de olhos fechados.
—Não fala assim com ele! – disse Alexandre e os pais do próprio apenas riam.
—Ninguém te chamou na conversa, americano, aqui é papo de brasileiro. – falou me fazendo rir.
—Chega vocês dois. – disse colocando as coisas no chão – O que os pais do Alexandre vão pensar de mim?
—Que você tem ótimos amigos – disse Allan.
—Eu odeio vocês!
—Cala a boca Math, tá atrapalhando o meu cochilo.
Bufando segui pro quarto do meu futuro filho, coloquei as coisas lá, depois tinha que falar com Alexandre sobre móveis, aquele quarto parecia um porão mal-assombrado.
—Math! – disse Amanda aparecendo.
—Oi Amanda, tava aqui pensando sobre o que fazer com esse quarto. – disse sentando na cama – E, desculpa pelos meus amigos.
—Eles são maravilhosos. – disse rindo – Eu vou ajudar você a decorar o quarto do meu netinho!
Ali nascia uma amizade eterna, a mãe do Alexandre era sem dúvidas uma pessoa maravilhosa.
A semana passou voando e finalmente tínhamos a guarda do Pedro, então fomos todos, eu, Alexandre, Bruno, Allan, meus pais, e os do Alê.
Quando a moça me entregou o Pedro eu senti uma emoção inesquecível, inexplicável, incomparável, infinita. Foi sem dúvidas um dos melhores momentos da minha vida, chorei, chorei muito e o Alexandre do meu lado chorava mais ainda, e entre risos e choros fomos para a nossa casa, com o nosso filho.
Sabe quando você se sente completo? Era exatamente assim que eu me sentia, apenas uma coisa me impedia de eu estar completamente feliz, apesar de estar com o homem que eu amava, eu nunca me vi tão preocupado na minha vida, os sangramentos nasais, as diarreias, gripes, faltas de ar, tudo estava acontecendo com bastante intensidade pra alguém que viveu com a doença por muitos anos. Eu tinha medo, medo por ele, agora eu me dividia em cuidar do Pedrinho que estava começando a andar, me preparar para a formatura, e ajudar o Alexandre com as crises, eu estava sem dúvidas sobrecarregado, mas não reclamei em momento algum, eu sentia prazer em cuidar dos homens da minha vida, era gratificante.

Estávamos nós três na sala e o Alexandre tentava a todo custo fazer o Pedrinho falar papai.
—Ele não vai falar isso. – disse me deitando no chão e o Pedro logo se jogou em cima de mim – a primeira palavra dele vai ser Lady Gaga, tem que aprender a desde pequeno louvar a Deus! – falei abraçando aquela coisa fofa.
—Que blasfêmia criatura!
—Então Pedrinho, qual excentricidade literária você vai querer seguir quando crescer? Harry Potter ou a Bíblia? – perguntei vendo o Pedrinho rir.
—Vem cá meu filho, – disse Alexandre pegando ele – não quero você perto do Leãozinho quando ele for atingido por um raio!
—É só um livro Alexandre, um livro escrito por maconheiros! – disse rindo – E ele não vai ter religião nenhuma até ter idade suficiente pra saber se vai querer ter alguma. – disse firme.
—Eu não vou nem escutar você!
Pedrinho nessa hora saiu andando com suas perninhas grossas, e vale grifar que ele era a coisa mais fofa, pegando um carrinho e trazendo pra mim.
—Vem cá, minha coisa fofa! – falei abraçando e beijando suas bochechas gordinhas.
—Então… O que você vai querer de presente de aniversário? – disse Alexandre me pegando de surpresa.
—Não quero nada, agora temos um filho, eu vou fazer uma festa pra ele. – disse – Uma festa de arromba!

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