CONFISSÃO

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...Por isso confesso.


Tenho apenas a lua como testemunha das claras noites em vão, das canções antigas que eu costumo ouvir quando estou triste, e de algumas notas que arrisco tirar no violão. Mesmo sem encontrar sentido, arrisco-me puxar algum assunto bobo, uma figurinha ou algum outro assunto tolo, mas sinto falta daquela sintonia que mesmo sem fazer sentido me fazia sentir, e eu sentia muito.

Arrisco alguns esforços para seguir no mesmo caminho, mas no meu céu já não há estrelas, já não é mais tão claro, já não há luar que me apaixone novamente...

O meu fraco ainda é o chocolate, e não sei quando irei me recuperar. Os sonhos que eu sonhava sozinho, as dores que eu sentia, os raros momentos de lucidez, estes sim me farão falta. Volto a lembrar do chocolate, da lua cheia próximo a escorpião, e dos infernos astrais que me assolam. Sei que eu não deveria confessar-me assim. Mas dentro das expectativas e dos meios termos que evito usar, vi o quanto a sinceridade é dolorosa.

As correntes me prenderam muito mais que eu imaginava. O vento, hoje em dia, me traz o perfume teu que eu nunca senti... sinto que talvez eu deveria ter errado mais, me arriscado mais, e me policiado menos. Sei o que pensas a meu respeito, mas já aceitei tais condições absurdas e fico quieto, sozinho aqui no meu canto e nas palavras vazias que hoje me tornaram menos confuso, menos sonhador e mais centrado em mim mesmo.

O agora pra mim, é um sempre que acaba daqui a dois minutos. O agora pra mim, é o orgasmo que dura só alguns segundos, e satisfaz uma boa noite sono; sem sonhos; sem culpas e sem perdão. O agora é simplesmente o agora, apático e anáfono. Sem fome e como o céu azul totalmente sem nuvens, desnudo o ardendo na pele.

Por isso confesso...

E assim meio confuso abro mão dos chocolates, das noites de lua cheia, das constelações do zodíaco e de uma parte generosa de mim mesmo.


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