Oceano

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Não acredito que deixei uma merda dessas acontecer na minha vida. Ela simplesmente se foi... Pelo menos sabia que estava segura, e tendo um trabalho digno, pelo menos isso. Ela pediu e conseguiu um trabalho no Granny's, além de servir as mesas, também prepararia os lanches. Eu sabia que ela iria se sentir bem, pois sempre amou cozinhar e não seria a perda de memoria que a impediria isso.

Eu fazia questão de todos os dias tomar meu café da manhã lá, eu ainda tinha esperança de reconquista-la. Mas como sempre sou uma tola, em vez de ir falar com ela, eu fico apenas sentada degustando o meu café com canela. A cada refeição, e servir de mesas nossos olhares se cruzavam, nossos sentimentos se conciliavam, mas como coisa boa dura pouco, logo essa ligação era quebrada por um novo cliente.

Solidão, essa era a nova descrição da minha vida. Sofrimento se fazia presente em meu peito. Falsidade, era o que sempre demonstrava para as pessoas, assim achariam que estava bem e feliz... Tudo ilusão dos olhos que se tornaram piedosos diante a rainha sem memoria. Agora, não mais se sentiam satisfeitos com sua derrota, agora demonstravam solidariedade perante uma pessoa que aos poucos foi se tornando gentil e digna de confiança. Nem quando ela era uma mulher da noite, tal gentileza era presente, agora tudo era diferente. Diferente com sua vida, com as pessoas, comigo...

– Oi... _ finalmente me aproximo.

– Oi Emma, o que você vai querer? _ pergunta tentando manter a calma.

– Regina, acho que precisamos conversar.

– Estou trabalhando, se é que você não percebeu...

– O que é que custa você ir falar comigo! Precisamos resolver sobre nós! _meu tom de voz saiu acidentalmente um pouco elevado, atraindo alguns olhares.

– Emma, por favor, aqui não! Vai embora, não existe nós... Pelo menos não mais _ essas palavras quebraram meu coração em pedaços.

– Eu achei que você só estava dando um tempo!

– Como disse há alguns dias, é você que diz isso _ estalou-se um silencio ensurdecedor na lanchonete, ates as pessoas se calara. Com certeza queriam ouvir a conversa _ Vai embora. Me deixa em paz.

– Não eu não vou te deixar em paz! Eu não vou desistir de você! Eu te amo entendeu! Eu te amo Regina _ minhas lagrimas se mostravam presentes, todos a nossa volta se mostravam espantados e com muita pena, e Regina, a minha Regina estava com a cabeça baixa deixando suas lagrimas caírem também.

– Eu não te amo mais...

Não digo mais nada, saio em disparada pela porta em vou chorar sozinha, na mansão... O nosso antigo lar, nas lembranças da nossa antiga vida. Isolada, sofro sozinha. A dor consumiu meu peito, não existe mais o calor da vida em meu corpo, pois me afoguei em um oceano sem fim. Não existe nada em lugar algum que possa substituir essa melancolia. Não posso voltar a andar nas calçadas da cidade sem ela em meus braços. Muito menos ver seus olhos de chocolate, onde não existe mais amor por mim. E enquanto estou aqui sozinha na escuridão dessa imensa e depressiva mansão, ela está lá... Vivendo a sua vida...

***

Quando ela se foi, ainda continuava a despejar minhas dolorosas lagrimas, fiquei paralisada, não conseguia me mover. Por sorte Ruby me tirou da frente dos olhares curiosos e me levou para a área reservada aos empregados. E outra vez, por sorte não tinha ninguém.

– Ei você está bem? _ ela pergunta e eu nego ainda deixando cair às desesperadas lagrimas que não queriam cessar _ Você a ama? _ pergunta mais uma vez, eu olho em seus olhos castanhos, e confirmo que sim, eu ainda a amo _ Por que você disse que não Regina? Por que você está se permitindo sofrer desse jeito?

– Eu não sei Ruby _ me pronuncio pela primeira vez com a voz rouca _ Eu não sei o que vou fazer agora. Não tenho mais motivos para nada! Eu nem sei quem eu sou!

– E não precisa _ a olho meio confusa _ Você não precisa lembrar do passado para viver sua vida. Você pode muito bem criar novos motivos para viver.

– Eu não sei se consigo...

– Claro que consegue! Regina, todos nos cometemos erros e muitos de nos queríamos apaga-los de nossas vidas, mas isso infeliz mente não é possível. Mas olha só para você! Você tem a oportunidade de começar de novo, sem precisar se importar com o que digam, você não sentira a dor de seus erros.

– Você está dizendo que o fato de ter perdido a memoria foi algo bom?

– Não, o que quero dizer é que o fato de você ter perdido a memoria, não significa em nada que você deve parar de viver a sua vida. Não se deixe parar no tempo por esse simples detalhe. Viva sem medo...

Aquelas palavras aqueceram meu coração, percebi que ela estava certa. Deveria viver! Eu precisava parar de temer. Eu não poderia deixar-me afogar em um oceano desconhecido, que era essa minha nova vida...

Para Sempre Meu AmorWhere stories live. Discover now