16- Gabriela

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 Estava em meu quarto, deitada, assistindo a um seriado na TV quando ouvi meu celular tocar. O peguei na mesinha de cabeceira e atendi, sem olhar quem era e atendi.

 -Alô. –falei.

 -Oi. –falou a pessoa do outro lado.

 Por mais que não quisesse eu reconhecia aquela voz.

 -Oi. –falei.

 -Tudo bem? A gente não se falou mais. –falou.

 -É... eu... eu estava meio enrolada com umas coisas. –menti.

 Ele fez um barulho estranho meio que um “uhum” irônico.

 -Ah entendo. –falou. –Mas está com mais tempo agora ou ainda está “enrolada com umas coisas”? –perguntou enfatizando o “enrolada com algumas coisas”.

 Sentei na cama, abaixando o volume da televisão. –Não. Eu estou com... tempo. –respondi.

 -Queria saber se você não está afim de pegar um cinema. Se você quiser, é claro. –falou. –Está passando um filme que a Mary disse que adorou.

 Fiquei em silêncio por um instante pensando. Eu não estava tendo coragem de falar com ele depois de... Depois do que havia acontecido.

 Se eu não o aceitasse, ele iria saber que eu estou morrendo de vergonha de encontrá-lo, e se aceitasse teria que não tentar ficar vermelha, roxa, azul de vergonha.

 -Você está aí? –perguntou após meu um minuto de silêncio.

 Balancei a cabeça, voltando ao planeta Terra. –Estou. Desculpa. –falei. –Hum... que horas é a sessão? –perguntei.

 -Isso é um sim? –perguntou.

 -É, isso é um sim. –respondi rindo.

 Ele falou a hora da sessão e combinamos dele vir me buscar meia hora antes da sessão.

 Fiquei deitada por um tempo me preparando para conseguir olhar para Matheus de novo.

 Quando estava se aproximando da hora combinada respirei fundo, levantei e fui me arrumar.

 Depois de pronta, sentei no sofá e fiquei esperando-o. Alguns minutos depois ouvi uma buzina e olhei pela janela. Era ele.

 Desliguei a TV, levantei e fui até o espelho, me olhando. Respirei fundo. –Vamos lá Gabriela. –falei, saindo de casa e indo até o carro.

 -Oi. –cumprimentei-o após entrar no carro, olhando para o lado fechando a porta.

 -Oi. –cumprimentou e sorriu.

 Fomos em silêncio até o cinema. Chegando lá fomos comprar os ingressos e as pipocas e refrigerantes.

 -Você pode comprar os ingressos enquanto eu compro as pipocas e os refrigerantes? –perguntou, entregando-me o dinheiro.

 -Claro. –falei, pegando o dinheiro e indo até o balcão comprar os ingressos.

 Comprei seu ingresso com o dinheiro que ele havia me dado e o meu com meu dinheiro. Ele já estava comprando as coisas que iríamos comer, seria um abuso comprar meu ingresso com seu dinheiro também.

 Voltei e fui até ele. –Pronto. –falei mostrando os ingressos e entregando-o o dinheiro.

 -Que dinheiro é esse? –perguntou me olhando.

 -O troco do seu ingresso. –respondi.

 -Não, não vou pegar esse dinheiro. –falou. –Eu o dei para comprar os dois.

 Depois de tentar convencê-lo a pegar o dinheiro por alguns segundos, desisti e coloquei o dinheiro no bolso do meu short. Depois daria um jeito de devolvê-lo.

 O ajudei a pegar as coisas e entramos.

 -Vamos sentar ali? –disse apontando para duas poltronas.

 -Claro. –falei indo até a poltrona e me sentando.

 O filme estava bom, Mary estava certa, era ótimo. Só que era meio romântico para ver com Matheus. Seria mais correto ir ver com Rafael, meu... namorado.

 Ele estava me olhando, o que estava me deixando constrangida. Fingi não ver que ele me encarava, mas estava difícil fingir.

 -Por que você anda me evitando? –perguntou ainda me olhando.

 -Eu não ando te evitando. –falei olhando para a tela.

 -Então olha para mim. –falou virando meu rosto.

 Engoli seco naquele momento e tentei desviar meu olhar.

 -Está vendo? Você nem me olha, está desviando o olhar. –falou.

 Após escutar aquilo tomei coragem e o olhei. –Eu estou te olhando. –falei.

 -Agora está. –falou. –Desde aquele dia que você dormiu lá em casa você tenta me evitar. Não me liga, não sai mais comigo.

 -Eu... eu estava enrolada com algumas coisas, como eu disse. –menti novamente. Mas dessa vez não consegui mentir o suficiente para ele acreditar.

 -Sério, você não sabe mentir. –falou. –Não tinham “algumas coisas”. Você estava fugindo de mim, e eu não sei o porquê disso.

 -Eu...

 Ele segurou o meu rosto, interrompendo-me e me beijando.

 Não sei o motivo, mas não conseguia me afastar quando ele me beijava.

 Ele parou o beijo e ficou me olhando.

 -Eu... a gente precisa conversar. Vamos sair daqui. –falei segurando a sua mão, puxando-o.

 Fomos até o carro e nos sentamos. Lá estava melhor para conversar, pois não iríamos atrapalhar ninguém.

 -Aquele dia que você dormiu lá em casa... eu não sei como explicar mas foi diferente das outras garotas. –falou me olhando.

 -Eu nem sei o que falar sobre aquela noite. Nós não podíamos ter feito aquilo, nós não devíamos ter nos beijado hoje. Estamos fazendo tudo errado! –falei encostando-me no banco e jogando minha cabeça para trás.

 Ele estava me olhando. –Eu sei que você vai falar que eu tenho namorada, e você também é comprometida. Mas eu não gosto da minha namorada e o seu namorado é um idiota. –falou.

 Como assim? Ele estava falando mal do meu namorado? Só eu podia falar mal dele. E sim, ele era um idiota.

 -Mas não é por isso que a gente vai fazer isso. Não é certo. –falei. –Aquela noite foi... nós tínhamos saído, meu namorado foi um idiota comigo e com isso aconteceu. Só isso. –falei, tentando me fazer acreditar no que havia falado.

 -Só isso? –perguntou. –Se pra você foi “só isso”, para mim não foi. –disse virando-se para mim. –Eu sei que eu sou um galinha e só quero pegar geral, mesmo precisando trair a minha namorada para fazer isso, mas com você não é assim.

e Eu estava olhando para ele, muda. Estava ouvindo aquilo e não fazia a mínima ideia do que dizer.

 Ele colocou a mão no meu rosto. –Você vai parar de fugir de mim? –perguntou me olhando.

 Não era a resposta que eu deveria, mas foi a que consegui dar.

 Afirmei com a cabeça e ele me beijou. Na verdade, nós nos beijamos.

Amigos por acasoWhere stories live. Discover now