35- Bernardo

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 Helô estava deitada, ou melhor, jogada no sofá agarrada a uma das almofadas, que segundo ela, era sua amiga.

 -Vai tomar um banho pelo menos, pra tirar o porre. –falei olhando-a.

 -Estou com preguiça. –falou tirando os sapatos pretos de salto com os próprios pés.

 Ô menininha mais preguiçosa! Preguiçosa e pra piorar, de porre.

 -Sem desculpas, Helô, eu te levo. Bora! –falei pegando-a no colo.

 Enquanto subia as escadas, a senti mexer no meu cabelo. –Acho que eu vou casar com você, Be. Você já está pronto para me levar para a noite de núpcias, que nem em filmes, já viu?

 -Vai casar comigo, é? Então tá bom. –disse rindo. –Você está falando isso só por que eu estou te carregando no colo. Nossa, imagina quando eu te pegar de jeito. –brinquei rindo.

 Ela aproximou o rosto do meu e sorriu. –E quando vai ser isso? –perguntou ao meu ouvido.

 -Agora! –respondi chutando a porta do quarto, colocando-a na cama e deitando sobre ela.

 Ela me olhou rindo. –Muito bobo você.

 -Também te amo. –falei saindo de cima dela e deitando ao seu lado rindo.

 Eu não iria dar em cima dela como eu costumava fazer. Primeiro porque por mais que eu fingisse que não estava ligando e tentasse fazer parecer que tudo estava bem, eu estava sentindo muito a falta da Mel. Segundo porque a Helô era muito legal e... eu não faria isso com ela.

 -Anda logo! Me empresta uma camisa sua antes que eu mude de ideia. –falou se sentando e dando alguns tapas na minha perna.

 Fui até o guarda roupa e peguei um casaco fino de moletom que era mais comprido que os outros. -Segura aí! –falei jogando o casaco para ela, que pegou-o imediatamente.

 -Pra não correr nenhum risco, não que iria ocorrer, eu tenho duas calcinhas novas aqui. Tinha comprado pra quando a… Bom, eu comprei e estão aqui. –falei pegando uma das peças. –Pode usar. –disse entregando-a.

 -Vou passar a dormir aqui todos os dias para renovar meu estoque de calcinhas. –falou rindo. –Vou tomar meu banho aqui no seu banheiro mesmo, você se importa? Não né? Eu sei. –falou indo em direção ao banheiro.

 Fiquei deitado esperando-a tomar seu banho, mexendo no meu celular. Fotos, mensagens, vídeos. Havia Mel em tudo. Acho que estava na hora de excluí-la da minha vida, assim como havia me excluído da sua.

 -Que cara de bobão é essa aí hein? –Helô perguntou saindo do banheiro e se jogando na cama ao meu lado. –Vocês eram bonitinhos juntos. –falou sorrindo após pegar o celular da minha mão e observar as fotos.

 Ficamos ali deitados durante alguns segundos. Ela querendo saber tudo sobre cada foto (quando foi tirada, onde, quem havia batido etc) e eu contando cada detalhe que ela perguntava.

 -Eu gosto dessa. –disse meio sonolenta apontando para uma das fotos. E antes mesmo que eu pudesse falar algo a respeito, ela caiu no sono.

 Levantei e fui tomar meu banho. Quando voltei, ela estava deitada exatamente no meio da cama. –Menininha mais espaçosa! –falei baixo rindo.

 Aproximei-me dela e a empurrei um pouco para o lado, deitando do lado em que ela ocupara menos espaço.

 Quando acordei pela manhã, se é que se pode chamar meio dia e meio de manhã, ela ainda estava dormindo. Levantei devagar tentando não acordá-la.

 -Que horas são hein? –perguntou ainda de olhos fechados.

 -É meio dia, Helô. –respondi olhando-a.

 Ela levantou assustada, se sentando. –Meio dia? Meu Deus! Eu dormi com você? –perguntou assustada me olhando.

 Ri diante de sua reação. –Exatamente isso. Você DORMIU comigo. –falei rindo.

 Ela riu e deu três tapinhas nas minhas costas. –Parabéns meu garoto, sou a primeira garota que dormiu com você e você não fez nada.

 -E quem disse que eu não fiz? –disse encarando-a e caindo na gargalhada em seguida.

 Ela me deu um tapa. –Cala boca! –disse rindo.

 Após escovarmos os dentes e ela pentear o cabelo, que segundo ela estava como uma juba de leão, nós descemos fomos tomar café.

 -Sério que você chama isso de café? –falou colocando a xícara sobre a mesa. -Eca! Parece uma água de bosta com gosto de nada. –disse, elogiando meu café.

 Bebi um pouco do café e realmente ela estava certa. Estava horrível. Não pelo gosto, porque não tinha gosto de nada. Era apenas uma água preta sem gosto, ou uma água de bosta com gosto de nada, como ela disse. –Nossa! Tá ruim mesmo. –disse, engolindo a força aquela água negra e rindo.

 -Me desculpe projeto de café, mas vou ser obrigada a tomar um achocolatado. –falou acariciando a xícara e preparando seu achocolatado em seguida.

 Conversamos durante todo o dia e quanto mais as horas iam passando, mais Helô falava bobeira. Já estava com a barriga doendo de tanto cair na gargalhada quando ela resolveu ir embora.

 -Infelizmente você terá que sobreviver sem a minha presença essa noite. –disse acariciando o meu rosto. –Sei que será uma noite triste e solitária, mas espero que sobreviva. –falou segurando o riso. –Mas agora, “vambora” porque você é a minha carona. –disse puxando-me em direção à porta.

 A deixei em sua casa e voltei para a minha. Sozinho. Apenas eu e meu carro e…

 -Mel? –perguntei assustado ao estacionar o carro.

Amigos por acasoWhere stories live. Discover now