#24 - Passeio Noturno

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*Baseado no texto Passeio Noturno de Rubens Fonseca*


Passeio Noturno

Ela estava exausta, o dia foi longo demais. As contas estavam atrasadas, a luz foi cortada, a torneira do banheiro quebrada, servia mesas o dia todo para aqueles riquinhos esnobes, para no fim do dia, por comida na mesa das duas crianças, comida medíocre e sem muito gosto.

O aroma do pão quentinho exalava e o calor aquecia seu peito. Era a primeira vez em meses que tinham pão recém-saído do forno e não dormido do dia anterior. Pensou nas contas que ainda tinham que ser pagas, no medico que tinha que levar os meninos. Continuou andando na rua sem realmente querer chegar em casa e encarar a vida miserável que estava vivendo. Era duro demais, ninguém merecia isso.

Escutou o som de pneus batendo no meio fio. A dor excruciante percorreu seu corpo. Pensou em seus filhos e no pão quentinho que eles não teriam. Voou com o impacto do metal que quebrou seus ossos. Não houve dor por muito tempo. Mal sentiu o gosto do sangue que lhe subiu a garganta.

Lembrou dos filhos, do pão quentinho que não teriam.


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