A Ilha

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  Acordo com os raios de sol que invadem meus olhos. Não posso dizer que foi uma das noites mais confortáveis que tive, mas depois de tudo o que aconteceu ontem, o ombro de Alex parece a melhor coisa. Ele ainda está dormindo. Sentado e encostado no metal do avião ele dorme com a boca aberta. Ele parece uma gracinha assim. Me levanto lentamente tentando não fazer barulho e o acordar. Saio na areia e o dia não poderia estar mais bonito. O sol está nascendo e se reflete na água, agora clama, do oceano. Se fosse qualquer outra ocasião, eu adoraria o momento, mas depois de dormir poucas horas, no chão e estar com dor, meu humor por ter sido acordada seis horas da manhã não é muito bom.
Fico em silêncio por um tempo, simplesmente aproveitando o som e o calor do sol, mas rapidamente vou em direção da água. Ainda estou suja de areia, sangue e todo tipo de sujeira que se pode imaginar, sem falar que meu cabelo parece um ninho de pássaro. A água está fria.
Poderia ficar ali por muito tempo. Meus ferimentos ardem, mas isso é um bom sinal, certo? A temperatura é revigorante e imediatamente
acordo por completo. Tento limpar minhas roupas o máximo que pude, ou pelo menos o que sobrou dela.
_Acorrdou cedo.- Alex diz sonolento enquanto caminha em direção a água.
_Você devia entrar. Ajuda a acordar. Parece que está precisando.- eu digo assim que saio.
_Acho que nunca acorrdei ton cedo na minha vida.- ele se joga na água. Pego uma placa de metal qualquer, levo para a margem e me sento.
_O que devemos fazer agora?
_Porrque tem que me lembrrar.- ele resmunga- Há tanto parra se fazerr. Tenho uma lista. Pode escolherr o que fazerr primeirro.
_Comida conta como uma delas? Porque estou morrendo de fome.- digo e ele ri. Alex sai do mar e se senta ao meu lado. Ficamos assim por um tempo, esperando que o sol nos seque.
_O avion vem con un rrádio. Podemos tentarr falarr com alguém e depois prrocurramos comida.- ele sugere

_Porque demorou tanto para fazer isso?- pergunto animada e esperançosa. Se aquilo é um rádio, eu não sei mais o que é uma televisão. O aparelho parece um telefone, mais 20 vezes maior. Cheio de botões que não entendo, um fio que o conecta ao painel do avião e mais um monte de coisas elétricas que não entendo. Alex parece entender, porque clica em botões e levanta alavancas específicas. Até que uma hora eu começo a estranhar. Pode ser complicado, mas não se demora quase uma hora para ligar um rádio. Alex está irritado. Pelo jeito que se move e a tensão em seu braço, é perceptível que alguma coisa não deu certo.
_O que aconteceu? Porque não está funcionando?- eu pergunto com medo de sua resposta.
_Non está funcionando.- ele começa decepcionado- Non sei porrque. Tudo está em perrfeita orrdem.
_Já viu se tem bateria?- pergunto tentando ajudar.

_Pouca, mas tem.
_Sinal?- pergunto duvidosa e ele me olha como se eu fosse louca. Essas coisas não precisam de sinal?
_Non é possível que prrecise de sinal.- ele diz para si mesmo e volta a olhar para o aparelho. Se ele não tivesse jogado o radio na areia, ainda teria adivinhado que a resposta não foi a que ele queria.
_Prrecisa de sinal. Non faz sentido. Já é implícito que quando você sofrre um acidente de avion, non vai terr sinal no lugarr! Se forr
parra terr sinal, non faz diferrença o aparelho existir ou não.Uma raiva me sobe a cabeça, mas sei que preciso manter a calma.
_Vamos procurar comida? Porque eu com certeza não sei como fazer isso.- digo e estendo minha mão que ele pega.

_Aonde vai?- pergunto quando ele dá meia volta
_Tenho uma faca e um revólverr aqui. Vão ajudarr.
_E o que fazemos para sobreviver aqui?
_Boa perrgunta. Prrimeirro, achamos comida parra hoje e cocos parra beberr água. Já temos un pouco da chuva, mas prrecisamos de mais. Depois vasculhamos os escombrros e vemos o que pode serr aprroveitado. Fazemos un lugarr parra dormir.
_Como sabe isso tudo? -pergunto curiosa. Não é sempre que existem aulas sobre como se sobreviver em uma ilha perdida.
_Na aerronáutica. Temos que nos prreparrarr parra todas as situações.
_Que bom que você está aqui então. Que bom que ele está aqui mesmo. Passamos a manhã procurando por frutas. Subimos em árvores e conseguimos algumas coisas. Comer nunca teve um gosto tão bom.
Descansamos por um tempo e resolvemos olhar os destroços. Alex disse para procurar coisas que poderiam servir de cama, ou parede ou para se fazer uma mesa. Encontrei nossas malas e deixei perto do avião. Alex cortou os bancos do avião e fez duas camas dentro do avião, se aquilo pode ser chamado de cama. Com umas lonas e pedaços da asa, fechamos os buracos e a parte da porta que faltava. Passei horas procurando galhos secos, mas depois da chuva de ontem foi praticamente impossível. Assim que consegui fazer uma pilha razoável, Alex fez fogo. Você deve estar achando muito legal, fazer fogo através de madeira e pedras, mas as coisas não foram assim. Tinha fósforos no avião. Ainda bem, porque facilitou muito.

Plane CrashOnde histórias criam vida. Descubra agora