Capítulo 18

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Inverno

"Se chegarmos lá na frente, depois de dias muito longos, aquele inverno já passado nos trará um novo sol."

11 de Novembro de 1918

Louis

Danielle estava decidida a me ensinar a atirar.

Ela gostava de passar as mãos por meus braços e me apertar contra ela.

Acho que ela pensava que um dia alguma mágica iria acontecer e eu iria passar a sentir atração por ela.

Mas a verdade era bem o contrário.

Mesmo depois de todos aqueles anos, eu não conseguia me sentir atraído por ninguém.

Nem por um homem, muito menos por uma mulher.

Mamãe, a única pessoa com quem eu podia conversar sobre aquelas coisas, dizia que eu era novo demais para deixar de desejar as pessoas em geral.

Mas não havia nada que eu pudesse fazer.

Eu simplesmente nunca havia superado Harry, e provavelmente jamais superaria.

- Louis, não! - Danielle gritou desesperada - Não segure a arma tão próxima do rosto.

Afastei o objeto para o mais longe que meus braços alcançavam e olhei assustado para ela.

- Você pode, por favor, não gritar quando eu estiver com uma arma de fogo nas mãos? - pedi nervoso.

- Você vai acabar ficando cego se atirar com a arma tão próxima do rosto.

- Eu preciso mirar - reclamei enquanto virava pra ela e sacudia a arma na mão.

Danielle se empertigou e saltitou para o lado tentando sair do alcance da arma e depois esticou o braço a tomando de mim rapidamente.

- Você não nasceu para isso - ela falou suspirando - Não sei porque insisto.

Ela esticou o braço e apenas um segundo depois atirou, sem mirar ou qualquer coisa, e a garrafa que havíamos posto como alvo estava estilhaçada.

Ela era boa naquilo.

Meus irmãos, Doris e Ernest, bateram palminhas de onde estavam sentados em uma grande toalha na grama, e Danielle inclinou o corpo em direção à eles como se estivesse agradecendo seus aplausos.

Eles provavelmente não estavam entendendo nada do que se passava ao seu redor, mas eles sinistramente pareciam gostar dos barulhos que os tiros faziam, e as garrafas explodindo eram como fogos de artifícios para os dois.

- Deveríamos voltar - sugeri desanimado.

Danielle se voltou em minha direção e inclinou o rosto para o lado sorrindo.

- Não fique chateado - ela pediu - Seus irmãos estão apenas me parabenizando.

- Tenho quase certeza de que eles estão apenas contentes por todo o barulho - rebati.

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