Inverno
17 de Dezembro de 1911
Louis
Conversar com Harry era fácil.
Tão fácil quanto sorrir o observando.
Tão fácil quanto esquecer que logo eu não o veria mais.
Tão fácil quanto fingir que tudo estava bem.
Tão fácil quanto esquecer que meus dedos estavam congelando.
Não sei por quanto tempo andamos, nem posso lembrar o que conversávamos há cinco minutos.
O assunto simplesmente fluía, e tudo em que eu conseguia pensar era em como eu não me sentia assim há tanto tempo.
Feliz.
Talvez nunca tenha me sentido feliz de verdade algum dia.
- Então, Louis - Harry chamou quando terminou de contar alguma historia engraçada sobre como Gemma punha todos os pretendentes para correr - E seus irmãos, como eles são?
Sorri triste e tentei pensar em algo vago para dizer.
Como explicar que eles eram incríveis por sempre me defenderem sem entrar em detalhes do porquê eles tinham que me defender?
- Eles são... bons, eu acho - falei baixo sem conseguir pensar em nada melhor.
- Bom tem muitas definições - Harry observou sorrindo - Bom é inaceitável.
Soltei um riso incrédulo e engoli em seco.
Harry continuou calado, esperando que eu o desse uma resposta satisfatória.
- Eles são ótimos - disse por fim - William e eu sempre fomos muito próximos, mesmo com todos os anos de diferença entre nós... ele sempre me tratou como igual, e sempre fez de tudo para me fazer feliz.
- Isso é uma ótima definição de bom - Harry concordou sem tirar o sorriso do rosto - E sua irmã?
- Georgia? - perguntei sorrindo - Ela também é incrível. Me ensinou a desenhar - segredei à Harry - E só ficou com um pouco de inveja quando me tornei melhor que ela, o que é algo bom, porque ela detesta todos que desenham melhor que ela.
- Ela parece ótima - Harry respondeu rindo irônico.
- Ela é - eu defendi - E ela é ótima desenhando também, então está tudo bem ela querer ser a melhor.
Harry concordou com um aceno de cabeça e parou de andar devagar, se virando para mim e me olhando curioso.
- E você? - ele indagou - No que você é ótimo?
Em nada.
Foi a primeira coisa em que pensei.
Eu não sei.
Foi o que pensei em dizer em seguida.
Mas quando olhei para Harry, e vi sua curiosidade e real expectativa, eu quis naquele instante ser ótimo em alguma coisa.
- Aparentemente eu sou ótimo em não morrer de frio - respondi rindo por fim, e quando Harry franziu o cenho confuso, eu sorri e expliquei - Eu já não sinto meus dedos e ainda estou vivo.
Os olhos de Harry ficaram enormes quando ele compreendeu e se aproximou de mim nervoso, segurando minhas mãos de maneira inapropriada.
De maneira que me faria levar uma surra de meu pai se fosse pego.
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Always Green
FanfictionLouis sabia que não poderia viver o amor que sentia por Harry. O mundo e as circunstâncias os separariam. Ele sabia. "Não há muita esperança para Harry", era o que todos diziam; os médicos no ano de 1911 nem ao menos sabiam explicar o que o afligia...