Eu sou Nanda!

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Céus, por quanto tempo eu estive sem sexo? pensei. Nunca fui uma mulher ligada em datas, como você já deve ter percebido. Mas tenho uma revelação. Preciso dizer, por desencargo de consciência, um detalhe que eu poderia ter deixado de lado. Sou uma mulher casada. Meu marido, um empresário mediano, ofereceu-me tudo o que havia de melhor. Acontece que eu nunca vi nele uma demonstração pura do amor que ele me dizia sentir. E sinceridade é algo valioso na minha vida, por mais doloroso que seja. Meus atributos corporais, devo confessar, são mais consistentes que os de Nanda. Sou uma mulher simples, de pele clara levemente abrilhantada pelo calor do sol da capital. Possuo cabelos compridos que escorrem por sobre os ombros em uma cascata negra como a noite sem estrelas. Herdei do meu pai grandes olhos verdes, atentos a todos os detalhes, mas que facilmente se desintegram do mundo e enxergam o nada no nada que me frequenta. Tenho, como Nanda, 1,70m de altura. Quando, nua, me olho no espelho, o que vejo são curvas estonteantes que instigam as minhas opções bissexuais, e aumentam o meu desejo por minhas semelhantes. E agora, enquanto cavalgo, ouço como se estivesse vindo de uma galáxia muito distante, a voz de Otto a me descrever exatamente como eu sou, e esse é o erro que eu percebo.

E é isso o que me deixa extasiada, o que faz desta, uma aventura impensada e dolorosa.

Continuo a cavalgar tentando estabelecer um ritmo frenético assim como Otto fizera com Nanda. Porque tudo o que eu mais queria naquele momento era ser Nanda. Queria gozar como Nanda. Queria foder como Nanda. Queria ser elogiada como Nanda. Então saí de mim e dei lugar para que Nanda fosse eu. Puxei-a pelos cabelos como Otto fizera e fiz com que ela montasse nele como eu havia montado. Segurei-a na cintura a estabeleci o ritmo que eu estabelecera. Bati em sua bunda com a mesma força que apanhara de Otto instantes atrás. Quando tive a certeza que Nanda gozaria mais uma vez – ela era mesmo a garota dos orgasmos! todos falavam! – sentei e me dediquei em observar.

O apego exagerado que eu possuía e que possuo por ser Nanda era algo sem sentido, sem razão.

Como já era de se esperar, Nanda gozou. Seus gestos pouco importam. O que importa é que me atirei para cima dela, abri as suas pernas e comecei a penetrar-lhe com os dedos enquanto chupava-lhe a vagina. E como estava molhada a Nanda...

Otto, seguindo a minha ação, posicionou-me de quatro, abriu as minhas pernas e, antes me de me chupar, tocou-me e disse:

– Como você está molhadinha, hein Liss! – Isso, junto com aquela língua que veio em seguida, foram os estopins do orgasmo que tive dali a sete minutos. O nada, que mais uma vez me visitara de maneira abrupta, abraçou o meu corpo e me fez flutuar no infinito. Eu jamais saberei se gozei como Nanda, se a chupei com ela me chuparia. Só sei que nada me trouxe até aqui, alto, muito alto, e me soltou para que despencasse para morrer.

Quando atingi com as costas o centro do colchão, o baque que se ouviu fez com que as atenções estivessem voltadas para mim. Otto ergueu uma das sobrancelhas e veio para me penetrar na minha posição favorita. Enquanto penetrava, ele se apoiou sobre os cotovelos de maneira a pressionar para baixo a minha cabeça, com ambas as mãos, como se me pressionasse contra as suas bombadas que ficavam cada vez mais potentes.

Ah! Ah! Ah! Todos, juntos e separados.

Nanda se tocava e, enquanto transávamos, Otto a assistia. Jamais saberei por quanto tempo permanecemos naquele ritmo. Só sei que Eu era Nanda, e Nanda era aquela mulher que se tocava para o marido, que, bêbado, quase sempre ejaculava antes mesmo da penetração. Eu era a Nanda que gozava várias vezes, e Nanda era aquela mulher que usava um vibrador para satisfazer suas necessidades. Eu era a Nanda erótica que deixava com gosto de quero-mais, e Nanda era aquela mulher e perdera o erotismo da coisa e se entristecia sempre que descansava a cabeça sobre o travesseiro.

Eu era Nanda! Eu sou Nanda!

Aquele momento entrou para a minha cabeça, e não consigo mais me lembrar de muita coisa. Sei que Nanda ficou ali, esquecida, e que eu recebera toda a atenção até que Otto gozou, pintando-me com uma linha branca do umbigo ao queixo. Lembro também de ter recebido vários minutos de sexo oral após aquela gozada e que Nanda viera, carente, humilhada, eu, limpar com a língua fria o sêmen que descoloria e se espalhava sobre mim.

Eu queria mesmo é poder lembrar quantas vezes atingi o orgasmo durante aquele oral. Se duas, se três, se uma mais prolongada.

Eu queria ser Nanda! E, independente de ter o não conseguido, o que me acalma é o fato de ela ter sido eu.

Bebi algumas taças de vinho tinto logo após a ducha que tomamos a três. E só me lembro de ter acordado em casa.

Uma Taça de ObsessãoWhere stories live. Discover now