Solteira sim, e feliz também

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"O que uma mulher jovem, bonita e inteligente está fazendo solteira?" Recebi essa pergunta de um recém conhecido que procurava brechas para dar em cima de mim. Resolvi então responder não só a ele, mas a todos de uma vez, eis o motivo do texto.

Antes de tudo quero deixar bem claro que não há nada de errado em estar sozinha, há momentos em que precisamos disso, então por favor não ache que isso é um acontecimento infeliz.

Sinceramente, tenho um pé atrás com pessoas que saem de um relacionamento e já embarcam em outro sem ter um tempo para respirar, adaptar-se ao fato de não contar mais com a presença do outro e absorver o que você adquiriu dessa história. De cada pessoa a gente ganha um pedacinho, pode ser um hábito, novos amigos, bandas e livros que lhes foram apresentados... É inevitável, e você precisa saber o quanto aquela relação te mudou. Cada pessoa carrega consigo uma bagagem, e quando ela está pesada demais não é dever de ninguém esvaziar, e muito menos arrastar teus traumas e problemas antigos. Sendo assim antes de querer adquirir novas responsabilidades e sentimentos, é preciso limpar o passado para encarar o futuro com a mala e a alma mais leve.

Um relacionamento exige dedicação, é preciso se doar para o outro, querer conhecer o mundo em que ele vive, mas como eu farei isso se eu ainda não tiver descoberto detalhes sobre o meu? Tem coisas que a gente precisa fazer sozinha e é nelas que eu invisto no momento. Calma, não estou dizendo que um relacionamento vai te privar da sua liberdade, mas eu insisto nas realizações pessoais antes de dar espaço para planos à dois.

Estou solteira porque quero me curtir, quero me desafiar, quero viajar sozinha, aprender um novo idioma, fazer maratona de série, passar um final de semana de pijama e jogando video-game. Quero organizar minha vida, fazer o que eu gosto e descobrir novos gostos também.

Eu não estou na vibe de esperar ligações que talvez não aconteçam, de comparecer a encontros que talvez não passem de uma noite, de conviver com alguém por conveniência, de empurrar relacionamentos com a barriga, de brigar, me magoar e no final voltar à estaca zero. Não quero ter um relacionamento de status, portar fotos e mensagens fofas no facebook mas que no fundo nem a gente acredite na mentira contada. Não quero um relacionamento em que eu precise mudar quem eu sou. Não vejo razão em namorar com alguém que não te inclua nos planos e nem peça tua opinião sobre eles. Se for para namorar, tem que ser para ser feliz, tão ou mais do que eu já sou.

Eu não preciso de nenhum cupido, muito menos de qualquer pretendente. Não entendo porque incomoda tanto os outros em ver uma mulher sozinha. Independência e liberdade faz bem para qualquer um.

E não, eu não quero um príncipe encantado. A perfeição não é pré-requisito para me conquistar, afinal não vou cobrar de ninguém aquilo que não ofereço. Eu espero sim por alguém diferente, que me trate bem, que me queira bem. Alguém que já tenha resolvido seus fantasmas do passado e que entre na relação por inteiro, porque eu não lido bem com metades.

Estou solteira e estou feliz, e não encare isso como convite achando que estou procurando por um alguém qualquer, eu só estou esperando, porque eu sei que no tempo certo vai aparecer a pessoa certa, eu não tenho pressa.

E se ainda assim insistirem que quem muito escolhe acaba sozinho, que seja, ao meu ver a pior solidão é ter alguém ao seu lado e mesmo assim sentir-se só.

Olhar crônicoOnde histórias criam vida. Descubra agora