Capítulo 17

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Ben voltou para o quarto e encontrou Melissa deitada na cama encarando o teto. Quando o viu, pulou da cama e andou ansiosa até a sua direção, com os olhos transbordando curiosidade.

- O que aconteceu? - Ben torceu a boca e parou para pensar no que aquilo podia significar. Estava ali apenas a alguns dias e já o atribuiram um cargo importante dentro daquele lugar. Parecia que algo estava errado, mas ele não queria questionar. Tinha de fazer o que precisava ser feito.

- Parece que eu tenho o controle daquela sala estranha agora.- Melissa respirou fundo.

- Como assim? Você vai? Meu Deus! - Colocou as duas mãos na cabeça e sorriu.

- Sim! Isso significa que podemos pôr o nosso plano em prática amanhã mesmo, darei um jeito de desligar ou apagar as imagens das câmeras de segurança enquanto você estiver indo arrancar alguns fios.

- É. Ok. - Sentou na cama novamente e respirou fundo sentindo uma pontada de esperança.

- O que foi, Melissa? - Ben sentou-se ao lado da mulher e encarou seu rosto.

- Eu não sei se quero ouvir o que Donatella tem a explicar. Quer dizer... e se tudo for verdade? E se não for? Ben, eu não sei o que pensar.

- Sendo verdade ou não, nada muda o fato de que o erro dela destruiu uma família, Melissa. Eu não sei o que você prefere, mas se fosse eu no seu lugar com certeza não preferiria o benefício da dúvida. É hora de tirar essa história a limpo de uma vez por todas.

- Eu a odiaria de qualquer forma. - Ben respirou fundo e olhou para o chão.

- Eu não quero entrar nesse assunto com você mais uma vez, já passou da hora de tirar essa máscara que reprime sua mãe. Ela errou, mas fez tudo o que pôde para você não cometer o mesmo erro. - Levantou indo em direção às malas que ainda não haviam sido desfeitas. Melissa mordeu o lábio inferior tentando impedir que as lágrimas caíssem e sentiu uma pontada dolorosa no coração. Por que Ben tinha que ter razão sempre?

- Vou tomar banho, depois podemos ir comer porque perder o almoço foi o ponto baixo de hoje. - Melissa riu e voltou a deitar na cama.

- Eu concordo. - Tentou pensar em outras coisas, mas falar com Donatella novamente para descobrir uma verdade ou uma mentira causava arrepios. Ela não queria tirar aquela história a limpo e amaldiçoava Fredrich por ter trazido tudo aquilo à tona. Viveria bem acreditando em uma mentira.

Antes de abrir os olhos ao acordar no dia seguinte, Melissa esvaiu todo o ar de seus pulmões em um suspiro doloroso, mordeu o lábio e finalmente abriu os olhos encarando o escuro. Levantou-se e foi até o banheiro olhando para seu reflexo cansado e o cabelo cacheado desgrenhado. Olhou profundamente para os próprios olhos e não se reconheceu. Não sabia quem era, o que pretendia, em que acreditava. A única coisa se conseguia ver através do reflexo de seus olhos era medo, arrependimento e uma vontade absurda de voltar a ser o que um dia fora, antes de dar início àquela loucura, antes de deixar sua personalidade esvair junto a toda sua coragem e determinação. Havia esquecido os significados das palavras.

Naquele momento, sozinha, permitiu-se chorar como uma tentativa falha de amenizar o que sentia. Cogitou quebrar o espelho e cortar a própria garganta com os cacos que restariam, escorregar propositalmente e bater com a cabeça no mármore grosso e gelado, enfiar algo no estômago. Não fez nada além de sentir o quente do chuveiro misturar-se com o salgado de suas lágrimas. Gostaria de ter a chance de voltar ao tempo para fazer tudo diferente.

Arrastou-se até sua mesa no centro de controle dispensando o café da manhã e encarou o computador a sua frente. Ben estava a alguns passos de distância, concentrado, nem notara sua presença ali. A lista imensa de arquivos apareceu e todos possuíam o mesmo remetente. O estômago revirou lendo cada letra, todos eram do Governo dos Estados Unidos, sem exceção. Aquilo a intrigava muito.

3301Where stories live. Discover now