XIX

108 10 2
                                    

Enquanto Colin conduzia apressadamente na esperança de chegar ao aeroporto a tempo Francesca tentava convencer a filha de que era o melhor para elas.


- Carolina temos de ir.

- Eu quero ficar aqui, quero conhecer o meu pai.

- Filha...

- Eu já sei mamã.

- Então percebes que não podemos ficar aqui.

- Eu sei que o Colin é o meu pai.

- Sabes?

- Eu ouvi tu e a tia Gina falar. Desculpa mãe mas eu gosto de estar aqui.

- E a mamã?

- A mamã gosta do meu pai.

- Mas ele vai casar querida.


Carolina não tinha idade suficiente para entender o que se passava entre os adultos mas sabia que os pais ainda gostavam um do outro, ele viu isso naquela tarde no parque quando eles se olharam. Ela sabe que se a mãe decidir voltar para casa não tem outra opção senão ir com ela, pois por mais que queira conhecer o pai ama a mãe e não a vai abandonar. Mas sabe que se conseguir ficar mais tempo na cidade vai ter pelo menos um beijo do seu pai.


- Podemos ficar para o casamento da tia Gina por favor mamã?

- O Colin vai estar lá querida.

- O Colin não vai lá estar mamã.


Carolina aponta para trás da mãe e quando esta se vi vê que Colin vem ao seu encontro. A pequena não para de sorrir e com os olhos a brilhar de felicidade não afasta o olhar do pai que se aproxima com ar angustiado.


- Não faças isto Francesca!

- O que estás aqui a fazer?

- Ias mesmo deixar a tua melhor amiga casar sem madrinha?

- Eu não sabia o que fazer, não consigo continuar assim.

- E achas mesmo que eu te vou deixar partir novamente?

- Colin tu não podes fazer nada para me impedir.

- Não isso não posso. Mas posso ao menos tentar convencer-te a ficar para o casamento.

- A esta hora já devem estar a casar.

- A Gina estava de rastos Francesca.

- O que foi que eu fiz meu Deus.

- Agiste sem pensar. E eu não sou ninguém para te julgar. Perdoa-me Francesca e volta comigo.


Colin fica com a mão estendida para esta mas para surpresa de ambos quem se segura a ela não é Francesca mas sim a pequena Carolina que continua a fixar o pai com o olhar.


- Nós vamos se me disseres que não casas com a outra perua.


Colin abaixa-se de maneira a ficar cara a cara com a filha e com um sorriso radiante responde-lhe pegando-a nos braços fazendo a pequena gargalhar.


- Nunca houve casamento nenhum. Vocês são as únicas mulheres da minha vida e se eu tivesse sabido mais cedo já estavam cá há muito tempo.

- Eu vou Colin mas não posso dizer que é de vez.


Os dois saem do aeroporto em direção ao parque de estacionamento mas quando se deparam com uma mota de dois lugares acabam por ter de esperar um táxi. Colin telefona para o irmão para aguentarem mais um bocado os convidados e para que Gina se preparasse que estavam a caminho.


- Parece que vou ter de deixar a mota de lado.

- Adoro motas.

- Nem acredito que tenho uma filha.

- E não podia ser mais parecida contigo.


Finalmente Francesca acaba por ir sozinha no táxi porque depois de uma luta renhida entre mãe e filha esta acabou por ganhar e ir de mota com Colin. Durante a viagem Francesca recorda-se de quando se apaixonaram e do passado. Mas a verdade é que os anos fê-los crescer mas continuam a amar-se da mesma forma que antes. Ela já não é uma adolescente que precisa fugir por causa do que as pessoas irão dizer, a opinião dos pais já não comanda a vida dela. É então que decide enviar uma mensagem para Simão a informa-lo da sua decisão de abrirem a filiação aqui. Se ficaria ou não com o Colin o tempo o diria mas de uma coisa ela tinha a certeza, não havia felicidade maior do que ver aqueles dois juntos, a Carolina nunca esteve tão feliz como quando estava abraçada ao pai, e essa felicidade ela não podia tirar da filha. Há dez anos decidiu afastar o homem que amava da criança que tivera, desta vez depois de os ver juntos não podia voltar a separa-los.

Eterno AmorWhere stories live. Discover now