1. Uma noite no pub.

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"... que música mais bela que o alarido da saturnal? Quando as nuvens correm negras no céu como um bando de corvos errantes, e a lua desmaia como a luz de uma lâmpada sobre a alvura de uma beleza que dorme, que melhor noite que a passada ao reflexo das taças?"

                                                                                                Álvares de Azevedo, Noite na Taverna

Mais uma roupa era jogada naquela que já era uma pilha enorme de calças, vestidos e camisas de todos os tipos, cores e tamanhos. Laura sempre tivera certa afeição pelo exótico, filha única de um velho pintor, as cores, as formas e as sombras sempre estiveram ao seu redor.

E assim como o pai nunca sabia com qual cor deveria começar um quadro, Laura simplesmente não sabia com que roupa sair de casa.

Pegou outra blusa no guarda-roupa e mais uma vez olhou-se no espelho, observando cada detalhe da peça que estava usando agora, fez algumas poses diante do espelho e rapidamente tirou a blusa, voltando-se novamente para o guarda-roupa que agora estava quase vazio.

Enquanto balançava os cabides, percebeu que os altos tons de violino que antes ecoavam pelo quarto tinham sido interrompidos repentinamente e que agora seu celular vibrava em cima da cama do lado da sua enorme pilha de indecisões.

Andou por aquele pequeno e úmido cômodo, iluminado apenas por uma fraca lâmpada que já estava desgastada pelo tempo. Era o único lugar que ela conseguira para viver naquela grande cidade, depois de iniciar a faculdade de Artes, que era o desejo de seu velho pai.

Laura sentou-se levemente na cama e pegou o celular.

Era Manuel, um fiel amigo que ela conhecera na universidade, estava nos últimos anos da faculdade de Direito e era um rapaz sonhador, jovial e ao mesmo tempo triste e muitas vezes solitário.

Sonhador e jovial quando se mostrava um dos melhores alunos de sua classe e respondia com gentileza todos os elogios que costumava receber ou quando conversava com Laura e lhe contava sobre as coisas que gostava de fazer, sobre as poesias que escrevia ou os livros que lia incansavelmente.

E quando Laura se arriscava a perguntar por que aquele rapaz muitas vezes se isolava na biblioteca e começava a escrever versos em folhas depapel, ele simplesmente dizia que tinha saudade de sua família e que nada daquilo que ele estava vivendo parecia fazer sentido para ele.

Às vezes Laura que era alegre como uma criança tentava alegrar o amigo e o fazia sair de casa, para festas e bares, e beber com seus amigos durante a noite toda, algo que já faziam parte do cotidiano daquela jovem mulher.

E naquela sexta-feira, como de costume, era isso que ela desejava fazer durante a noite toda.

— Alô? Manuel? — ela atendeu ao telefone

— Laura? Onde você está? Já estão todos aqui! — falou o rapaz do outro lado da linha.

— Calma, estou saindo de casa... Ahn... só preciso escolher a roupa certa.

— Qualquer roupa fica bonita em você, apenas venha — disse Manuel em tom de descaso.

— Adoro quando você é gentil comigo — Laura riu.

— Estamos te esperando, hoje a noite promete! — bradou Manuel muito alegre.

— Tô chegando, não comecem nada sem mim! Até logo! — disse Laura desligando o celular.

Histórias de uma noite no PubHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin