Capítulo 02

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Diana penteou os longos cabelos castanhos sem muito ânimo. Vez ou outra, o pente se prendia em mechas especialmente embaraçadas, lhe dando fincadas de dor no couro cabeludo. Tinha acordado a apenas meia hora e com plena ciência de que estava tarde demais. Talvez não conseguisse ficar lá muito aparentável para o encontro que tinha marcado.

Quem se importa - Ela se riu por dentro.

Encarando a imagem amassada pelo sono no espelho, ela percebia que já tinha desistido de parecer aparentável à muito tempo.

Não teve dificuldade para escolher a roupa também. Um jeans, uma camiseta de uma desconhecida banda americana chamada Youngblood Hawke e um All Star vermelho. Um legítimo disfarce de adolescente à paisana para se misturar na multidão de São Paulo.

Mal podia acreditar que havia conseguido marcar aquele encontro. Sam S. Oliveira, o maior romancista do país, especialmente famoso por seu estilo de escrita extremamente detalhista.

Ele sabia descrever uma pessoa como ninguém, e era exatamente esta qualidade que Diana buscava.

Marcara o encontro para um restaurante próximo a sua casa, então, após quinze minutos de caminhada, ela se encontrava prostrada em frente à vitrine adesivada do Bei Paesaggi, admirando através do vidro o homem sentado na terceira mesa do lado esquerdo. Um jornal repousava do lado de sua mão que batucava o tampo da mesa impacientemente.

Ele tinha bastos cabelos de um castanho bem claro e a pele tão branca que parecia esculpido em mármore. No sorriso torcido de ansiedade, podia-se perceber o entalhe onde se formavam covinhas. O formato quadrado de seu rosto era acentuado pelo seu queixo protuberante, do tipo que podia ser visto em estatuas de deuses da antiga grécia. Como se não bastasse a eminente beleza natural, ele se trajava com esmero. Roupas de frio que pareciam dignas da mais alta sociedade de Londres. Sam S. Oliveira era sem dúvida uma paisagem à se admirar, mas Diana não estava ali para isso.

Engolindo os instintos femininos que já formigavam à barriga, ela entrou de supetão pela porta de madeira.

Do jeito que eu souOnde histórias criam vida. Descubra agora